Por iniciativa da deputada Erika Kokay (PT-DF), a Câmara dos Deputados realizou na manhã desta segunda-feira (6) Sessão Solene em homenagem às trabalhadoras e trabalhadores de serviços gerais e manutenção que atuaram na limpeza e recuperação dos prédios depredados por vândalos bolsonaristas no dia 8 de janeiro deste ano. Durante a solenidade, que contou com a participação de dezenas de terceirizados, parlamentares, representantes da categoria e da direção da Casa, foi destacado que o maior reconhecimento aos trabalhadores deve ocorrer no dia a dia, através do respeito no trato pessoal e manutenção de direitos.
Após a abertura do evento, com a execução do hino nacional brasileiro e de um vídeo institucional com o depoimento de trabalhadoras e trabalhadores que participaram da reconstrução, principalmente da Câmara dos Deputados, a deputada Erika Kokay leu o discurso enviado pelo presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL), agradecendo o esforço e empenho dos terceirizados. A petista ressaltou que o Parlamento e a democracia brasileira são gratos ao trabalho desempenhado por essa categoria.
“Registramos a nossa homenagem, e a homenagem dessa Casa, a cada trabalhadora e a cada trabalhador que se dedicaram na restauração do Congresso, depredado por pessoas que tentavam destruir a própria democracia e a soberania popular. Na restauração e na reconstrução, ali também era um ato de defesa da cidadania e da própria democracia. E isso tivemos graças ao trabalho de cada uma e de cada um de vocês”, disse Erika Kokay.
Trabalhadora terceirizada da área da limpeza e conservação, Rosa de Araújo, ocupou a tribuna da Câmara para descrever o cenário de destruição encontrado na Câmara após o dia 8 de janeiro.
“Fiquei muito triste, junto com vários outros companheiros e companheiras que vieram de outros setores, ao ver aquela destruição. Trabalho no corredor da Liderança do PT (um dos setores mais depredados) e todos lá estavam muito tristes, com tudo quebrado. Vidraças, computadores, mesas, cadeiras, quadros, forno de micro-ondas, cafeteira, tudo estava quebrado. Fico feliz de tudo hoje estar organizado. Mostramos a quem fez aquela baderna que tem gente que poderia deixar tudo em ordem”, destacou.
Agradecimentos da Direção da Câmara e dos Servidores
O árduo trabalho que seguiu à depredação do 8 de janeiro também foi reconhecido pela direção e os servidores da Casa. O diretor do Departamento Técnico, Ismael Guimarães, ressaltou que um dia após o 8 de janeiro – um domingo – já na segunda-feira o plenário do Senado já estava em condições de sediar a Sessão Legislativa que autorizou a intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal.
A diretora-geral adjunta da Câmara, Luciola Calderani, manifestou a gratidão da Direção da Casa pelo trabalho realizado. “Em nome da Diretoria Geral (da Câmara) elogio a iniciativa deste evento e externo nosso agradecimento aos trabalhadores terceirizados desta Casa. Vocês permitiram a volta do funcionamento normal da Câmara dos Deputados”, afirmou.
Servidor da Casa há 37 anos, o vice-presidente do Sindlegis (Sindicatos dos Servidores da Câmara dos Deputados, Senado e Tribunal de Contas da União), Paulo César Alves, também agradeceu o esforço das trabalhadoras e trabalhadores terceirizados.
“No dia seguinte (ao 8 de janeiro) presenciamos trabalhadores da limpeza e da manutenção, alguns até com lágrimas nos olhos, batalhando para deixar tudo em ordem. Em nome do Sindlegis, do nosso presidente Alison (Souza) e dos servidores desta Casa quero agradecer a todos vocês pela luta e pelo bom trabalho desempenhado”, destacou.
Valorização dos Terceirizados
Durante a Sessão Solene, a deputada Erika Kokay – autora do requerimento que viabilizou o evento – ressaltou que a maior homenagem aos terceirizados da limpeza e da manutenção deve ocorrer no dia a dia do funcionamento da Casa.
“A gente não pode deixar de fazer essa homenagem especial aos trabalhadores terceirizados, aliás, essa homenagem deveria ser feita todos os dias através do nosso respeito, do impedimento de assédio moral e para que não ocorra a angústia da expectativa do encerramento de um contrato, e a realização de nova licitação, com redução de salário e até possiblidade de demissão”, alertou a petista.
O presidente da Associação dos Terceirizados e Terceirizadas do Congresso Nacional (Astecom), Roni Oliveira, relatou que vários trabalhadores têm tido redução de salários por conta de contratação de novas empresas prestadores de serviço.
“Foi o trabalho dos terceirizados e das terceirizadas que reconstruiu essa Casa. Agradecemos as palavras elogiosas do presidente da Câmara, mas esperamos que ele nos receba para ouvir nossas reivindicações. Não queremos que após novas licitações nossos salários caiam. Temos casos de colegas que ganham R$ 2.500, R$ 2.700, que chegaram a perder R$ 600 em um novo contrato. Queremos que a valorização sai do discurso para a prática. Queremos ser valorizados não apenas por palavras, mas por ações”, afirmou.
Também discursaram durante a Sessão Solene a deputada Dandara (PT-MG), além de representantes da Diretoria de Preservação de Conteúdo da Câmara e do Sindicato de Asseio e Conservação do Distrito Federal.
Héber Carvalho