Câmara aprova MP que amplia capital estrangeiro na aviação; destaque do PT garante a volta da bagagem gratuita

Depois de mais de quatro horas de obstrução política, feita pela Oposição por causa dos cortes dos recursos para a educação, o plenário aprovou nesta terça-feira (21) a medida provisória (MP 863/18) que autoriza até 100% de capital estrangeiro em companhias aéreas com sede no Brasil. Um destaque apresentado pelo PT assegurou no texto a volta da franquia mínima de uma bagagem no transporte aéreo doméstico e internacional. Para virar lei, a MP precisa ser aprovada no Senado e assinado pelo presidente da República ainda nesta quarta-feira (22), quando o texto perde a validade.

Ao encaminhar a obstrução pelo PT, o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) citou o caos que os brasileiros têm vivido nos últimos tempos com cancelamento de voos, maus-tratos, desrespeito aos horários. “Abrir o capital das áreas não vai reduzir o preço das tarifas, assim como não aconteceu quando passaram a cobrar pelas bagagens”, afirmou.

Alexandre Padilha também defendeu o voto contrário do PT à abertura de 100% do setor aéreo ao capital internacional. “O partido não ia compactuar com o ‘saldão’ do Guedes e do Bolsonaro”, afirmou.  Ele se referiu ao discurso do ministro da Economia, Paulo Guedes, chancelado pelo Presidente Bolsonaro, que colocar as empresas públicas brasileiras, como o Banco do Brasil, numa verdadeira bacia de compras. “Não à toa, os investidores que estavam (Texas –EUA) lá ficaram animados, porque nunca se viu um ministro da Economia depreciar tanto as empresas públicas, falar sobre o que foi feito com a Boeing, falar que quer entregar a Petrobras e agora querem abrir o capital das empresas aéreas brasileiras 100% ao capital internacional”.

Para Alexandre Padilha, na verdade, o ministro Guedes virou um vendedor do País, “querendo entregar até o Palácio do Planalto”. Segundo o deputado, um País que não defende a sua soberania nacional talvez até ache interessante vender o Palácio do Planalto. “Nós não! Nós estamos aqui para defender o povo brasileiro, o interesse e o emprego no País.

Bagagem sem cobrança adicional

Ao defender o retorno da franquia da bagagem, que prevê o direito de o passageiro levar, sem cobrança adicional, uma peça de 23 kg nas aeronaves acima de 31 assentos. O deputado Alexandre Padilha argumentou que não se confirmou a redução do preço da passagem com a cobrança da bagagem, autorizada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). “Está mais do que claro que abrir o capital internacional — como também cobrar pelo valor das bagagens, como fizeram no ano passado — não vai reduzir tarifa de passagem aérea nem vai gerar emprego. O que gera emprego é uma política econômica voltada para o emprego”, argumentou.

Contra o interesse nacional

Ao encaminhar o voto contrário a abertura do mercado das empresas aéreas ao capital estrangeiro, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) afirmou que esse projeto “é extremamente contrário aos interesses nacionais, entrega a nossa aviação para as empresas de capital estrangeiro, sem nenhuma exigência, sem nenhuma contrapartida, absolutamente nenhuma”. Ele enfatizou que qualquer país do mundo preza pelo seu mercado interno, privilegia as suas empresas, assegura que o seu mercado seja garantido para essas empresas nacionais.

Zarattini citou como exemplo o Estados Unidos da América, que, neste exato momento, através do presidente Trump, “que é tão admirado pelo Bolsonaro”, vêm protegendo as empresas americanas e estão lutando bravamente contra a entrada das empresas chinesas no ramo de celulares. “Aqui não. Aqui o governo Temer e agora o governo Bolsonaro querem entregar de bandeja o mercado da aviação nacional para as empresas estrangeiras”.

Mercado de trabalho

E a deputada Erika kokay (PT-DF) completou: “o projeto rasga a soberania nacional, abre o mercado interno quando o País tem mais de 13 milhões de desempregados”.  Ela também citou a proteção dos EUA com o seu mercado interno. “Lá eles só admitem 25% de capital estrangeiro nas companhias aéreas e o país só tem 4% de desemprego”, destacou.

A deputada Marília Arraes (PT-PE) observou que não dá para dizer que é patriota um governo que entrega o seu país. “Nós temos um Brasil para olhar daqui para frente. Não podemos permitir a entrega do nosso País de mão beijada. É por isso que o Partido dos Trabalhadores se mantém nessa trincheira de consciência”, afirmou.

E o deputado Zé Neto (PT-BA) afirmou que o compromisso do PT é o de denunciar e mostrar ao Brasil esse desmonte do Estado brasileiro e das nossas instituições. “Precisamos denunciar essa deformação política que estamos vivendo, um presidente que tenta desmoralizar a classe política, que esqueceu que passou aqui 28 anos, esqueceu que a política o levou, que a democracia o levou a sentar na cadeira de Presidente. Ele precisa aprender a respeitar esta Casa. E não é no tiro; é na democracia. Não é na arrogância; é no diálogo”, afirmou.

Vânia Rodrigues

 

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