O plenário da Câmara aprovou nesta terça-feira (15) o projeto de lei (PL 1208/21), do deputado Carlos Jordy (PSL-RJ), que cria um programa de incentivo tributário para empresas doarem a institutos de pesquisa a fim de financiar projetos relacionados ao enfrentamento da pandemia de Covid-19 enquanto houver necessidade de pesquisas para diminuir os impactos da doença no Brasil. O líder do PT, deputado Bohn Gass (PT-RS), destacou a importância da pesquisa, principalmente no que diz respeito a essa “doença infeliz que nós temos, a Covid”.
Bohn Gass lamentou, no entanto, que o Congresso Nacional tenha que aprovar um projeto para colocar recursos para a pesquisa porque no orçamento do Governo Bolsonaro não tem dinheiro para essas pesquisas. “Sempre que se trata de Covid, ele (Bolsonaro) faz desdém, acha que é brincadeirinha. Há pouco um deputado bolsonarista estava preocupado com a divulgação dos números — que eram muitos números —, por isso, queria pôr um documento falso no Tribunal de Contas da União para diminuir os números da Covid”, denunciou.
O líder ainda acrescentou que para a Bancada do PT a questão não é a divulgação dos números. “A nossa preocupação é com a vida das pessoas, é com as mortes! Infelizmente, isso é o que está acontecendo neste País. Por isso que é importante que haja pesquisa”, reforçou.
Ao também defender o incentivo à pesquisa, a deputada Erika Kokay (PT-DF) reconheceu que a relatora, deputada Soraya Santos (PL-RJ), melhorou a proposta original, ao dar transparência e a estabelecer o teto de 30% de dedução no imposto de renda para todas as empresas que venham a contribuir com a pesquisa. “Agora é preciso ver como este governo tem tratado a Capes, o CNPq, as universidades que concentram as pesquisas. Há universidades que não terão recursos para findar o ano! E as nossas pesquisas estão, em grande medida, sendo estimuladas pelas próprias universidades”, denunciou.
Texto aprovado
Pelo texto, que ainda precisa ser apreciado pelo Senado, as empresas tributadas pelo lucro real que doarem ao Programa Prioritário Pró-Pesquisa Covid-19 poderão deduzir do imposto de renda devido em cada período o mesmo tanto da doação até o limite de 30% do imposto devido, sem excluir outras deduções legais.
O total de deduções do programa está limitado a R$ 1 bilhão, dos quais R$ 400 milhões em 2021 e R$ 600 milhões em 2022, e será compensado pelo aumento de alíquotas do PIS/Pasep e da Confins incidentes sobre o lucro obtido com a venda de participações societárias.
Destaque do PT
O líder do PT apresentou destaque para limitar a 30% do montante doado a dedução permitida pelo projeto. “Esse ponto é fundamental. Senão o empresário vai dizer que contribuiu para o programa de ciência e tecnologia, que todos nós defendemos. Mas ele vai abater 100% de imposto de renda. Então, é o Estado brasileiro que está pagando, e não o empresário. Por isso, nós achamos que 30% podem ser abatidos do imposto de renda, mas 70% devem ser sua contribuição”, argumentou Bohn Gass. No entanto, o destaque foi rejeitado pelo plenário.
A deputada Erika Kokay também defendeu o limite nas deduções. “O relatório da deputada Soraya ainda que avance, e avança, mas ele estabelece que só pode ter dedução de 30% do imposto devido. No entanto, a contribuição que essa empresa vai fazer ao fundo pode ser menor do que esses 30%. Então, em verdade, ela não vai contribuir com nada”, reforçou.
Vânia Rodrigues