“Bolsonaro vai ser preso”, afirmam petistas; ex-presidente depõe na PF nesta quinta

Bolsonaro será ouvido pela Polícia Federal. Imagem: PT na Câmara

O depoimento do ex-presidente Bolsonaro nesta quinta-feira (22/2), na Polícia Federal, sobre a sua participação na tentativa de golpe em 8 de janeiro, foi um dos principais temas dos discursos de hoje (21/2), na tribuna da Câmara. Os parlamentares do PT também destacaram o acerto do presidente Lula ao denunciar o massacre aos palestinos e insistir no cessar-fogo na Faixa de Gaza.

O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) voltou a repetir que Bolsonaro vai ser preso. “Amanhã vai acontecer o depoimento do Bolsonaro na Polícia Federal. Eu tenho dito aqui, que Bolsonaro vai ser preso. Ontem gritaram aqui: ‘Cadê as provas?’. Estou aqui com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, sobre o que aconteceu”, afirmou o deputado, ao mostrar um relatório que segundo ele tem 14 páginas. Ele ainda leu trechos do documento que revela que Bolsonaro recebeu a minuta de decreto apresentada por Filipe Martins, no qual previa a prisão dos ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes e do presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco. “Qual a decisão de Bolsonaro? Está escrito aqui: ‘Mexa na minuta do golpe. Nós vamos prender Alexandre de Moraes’, pediu o ex-presidente. Isso aqui não tem jeito. A casa caiu! Eles sabem, pegaram os diálogos. Senhores, amanhã, vai ser um dia histórico”, previu.

Deputado Lindbergh Farias. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Lindbergh alertou ainda sobre o risco para quem for à manifestação de domingo (25/2), convocada por Bolsonaro, em apoio a ele próprio. “Sabem por que é um risco? Porque quem for à manifestação está comprando uma passagem para a Papuda, porque, claramente, essa manifestação é um gesto antidemocrático”, afirmou.

Bolsonaro vai ser preso

O deputado Rogério Correia (PT-MG) também disse não ter dúvida de que Bolsonaro vai ser preso. “Bolsonaro vai ser preso, e isso não demora muito. O maior tiro no pé que a bancada bolsonarista nesta Casa e no Congresso deu foi ter pedido a CPMI do Golpe. Eu tenho aqui um resumo do relatório da CPMI, cujo primeiro e principal indiciado é Jair Messias Bolsonaro. O cálculo da comissão são 29 anos de prisão pelos delitos cometidos e tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito através de um golpe”, informou.

Deputado Rogério Correia. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Rogério Correia criticou o ato convocado por Bolsonaro para o próximo domingo. “Ele chamou mais um ato golpista agora para tentar demonstrar força e ameaçar o País novamente com atividades golpistas. Há bolsonarista que está dizendo que vai lá. Eu estou torcendo para ver a lista de todos os que vão lá vestir a máscara do golpe, para que o Supremo saiba exatamente quem vai participar”.

Bolsonaro sem foro privilegiado

O deputado Padre João (PT-MG) destacou que primeiro Bolsonaro quis “arregar”. “Ele não quis ir depor, o que lhe foi negado. Ele é obrigado. Ele não tem foro privilegiado. Bolsonaro terá que depor amanhã, no dia 22, que é o número do PL. Essa data ficará marcada. Ele vai ter que depor na Polícia Federal. Ele já acena, como o covarde de sempre, que vai ficar calado. O silêncio dele confirma as suas falas nas reuniões, inclusive, nos ministérios”, afirmou. O deputado se refere a conversas em reuniões ministeriais em que o ex-presidente diz: “Botar em execução o plano B, o golpe. A fotografia que pintar no dia 2 de outubro acabou …. Quer mais claro do que isso? Nós estamos fazendo a coisa certa, mas o plano B tem que botar em prática agora”.

Padre João ainda citou outras falas de Bolsonaro em reuniões com ministros nas quais ele critica ministros do STF, insinua que a Suprema Corte atua com autoritarismo e fala em infiltrar a Abin (Agência Brasileira de Inteligência). “Então, é por isso que nós temos certeza: o silêncio do Bolsonaro é confirmar tudo isso. Ele pode sair preso de lá”, previu.

Deputado Padre João. Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

O petista relembrou que Bolsonaro reivindicou de volta o seu passaporte que foi apreendido pela Polícia Federal. “E pra que ele quer o passaporte? Quer para ir para Israel. Por isso que estamos vendo aqui, orquestrado, o partido dele fazendo esse aceno para Israel, porque ele está querendo garantir a ida dele para Israel. Mas é importante dizer ao Bozo que ir para a Papuda não exige passaporte. Ele tem passe livre. E terá amanhã”, ironizou.

Minuta do golpe

O deputado Joseildo Ramos (PT-BA) também discursou sobre o depoimento de Bolsonaro amanhã, sobre a orquestração da arquitetura de um golpe, depois que o presidente Lula já tinha sido empossado. “O que resta estabelecer é porque na sede nacional do PL, onde o ex-presidente dava audiências, estava o rascunho da minuta do golpe. Estava aqui na sede nacional do PL em Brasília, o partido que tem o maior número de deputados e deputadas desta Casa. O documento atesta que ele estava indo contra a democracia, participando de um golpe de Estado”, acusou.

Deputado Joseildo Ramos. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Tragédia humanitária

Para a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) a Faixa de Gaza está vivendo uma tragédia humanitária. Famílias inteiras estão sendo assassinadas; crianças, bebês, mulheres — gente inocente — são vítimas dos bombardeios na Faixa de Gaza. “Venho, com muita tranquilidade, falar sobre isso, porque o silêncio de uma sepultura, o barulho do silêncio, faz com que o presidente Lula se incomode e, como um cavaleiro da paz, ele levanta a sua voz, em favor da paz. Já levantou sua voz por várias vezes contra o Hamas, dizendo que não poderia ter um terrorismo como o que estava acontecendo em Israel, mas condena evidentemente este momento”, afirmou.

Benedita destacou que não está escrito em lugar nenhum mas, “como uma mulher religiosa – lendo minha Bíblia – que para que as promessas de Deus se cumpram para o povo judeu, tenha-se que, necessariamente, em nome de se defender do Hamas, matar o povo palestino”.

Ela relembrou que em outros momentos, e não somente agora, o presidente Lula sempre se manifestou. “Então, é falácia achar que são os vermelhos, comunistas, que estão defendendo os palestinos; não, estamos defendendo é o cessar-fogo. É o que o Lula quer: cessar-fogo, parar de matarem nossas criancinhas. O que Lula pede é dar a Israel o que é de Israel e à Palestina o que é da Palestina, que é o seu território! Isso faz mal a alguém?”, indagou.

Deputada Benedita da Silva. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Benedita reiterou que é pacífica e, também como pacificador, o presidente Lula fez a sua parte. “Como cristão, acredito que ele tenha feito a sua parte, mas tenho certeza que ele não será uma voz sozinha clamando no deserto, porque já temos 162 países que o estão apoiando e que querem parar esta guerra”.

Atrocidades do governo de Israel

Para o deputado Helder Salomão (PT-ES), o mundo precisa reagir e denunciar o assassinato de 30 mil pessoas em Gaza. Estima-se que 12 mil crianças foram assassinadas. Estima-se que 9 mil mulheres foram assassinadas, juntamente com idosos, jovens e adultos. Como podemos nos calar diante de assassinatos de tantos inocentes?”, indagou. Ele enfatizou que condena os ataques terroristas do Hamas. “O presidente Lula condenou os ataques do Hamas. Mas, acertadamente, denunciou as atrocidades, o genocídio do governo de Israel contra o povo palestino”, completou.

Deputado Helder Salomão. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Helder Salomão esclareceu que o presidente Lula falou contra ação de um “ditador” chamado Netanyahu e não contra o povo de Israel. “Não confundam Netanyahu com o povo de Israel. Não confundam, ele é um ditador sanguinário. E não confundam o Hamas com o povo palestino. São coisas distintas. O presidente Lula falou contra a ação de um ditador e não contra o povo de Israel”, reiterou.

E o deputado Luiz Couto (PT-PB) disse que já conhece o primeiro-ministro de Israel, “que se beneficia das fake news para desviar o foco das atrocidades genocidas, como matar crianças, mulheres e idosos em um histórico de ataques jamais vistos no mundo”. Para o parlamentar “é uma verdadeira carnificina” o que o governo de Israel está cometendo contra o povo palestino. “Aqui não estamos falando do terrorista do Hamas, estamos falando de pessoas: crianças e idosos inocentes que são esmagados pelo poderio armamentista de um Primeiro-Ministro de extrema direita”, criticou.

Deputado Luiz Couto. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Para Luiz Couto, a fala de Lula condenando o genocídio contra o povo palestino não teve outro foco a não ser que o mundo, o governo brasileiro, os palestinos inocentes querem paz. “Com isso, quero elogiar o governo Lula, que teve a coragem de falar o que ninguém diz. Lula está certo em defender a vida. Aliás, não só Lula defendeu um cessar-fogo; foram 26 países da União Europeia. Estão espalhando fake news, distorcendo aquilo que fala Lula para colocar o povo judeu contra Lula. Isto é medíocre e hipócrita”, protestou.

Também discursaram em defesa da posição do presidente Lula em relação ao genocídio na Faixa de Gaza as deputadas Reginete Bispo (PT-RS), Juliana Cardoso (PT-SP) e Erika Kokay (PT-DF) e os deputados petistas Alfredinho (SP), Flávio Nogueira (PI), Tadeu Veneri (PR) e Merlong Solano (PI).

 

Vânia Rodrigues

 

 

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