O deputado Bohn Gass (PT-RS) criticou em plenário, nesta terça-feira (1º), a política social do governo Bolsonaro, que reduz a abrangência do programa Bolsa Família, aumentando o número de famílias que aguardam na fila o acesso ao benefício. “Aos poucos, de maneira disfarçada, o governo Bolsonaro vai fazendo o que sempre quis, mas nunca teve coragem de assumir, acabar com o Bolsa Família, o maior programa social do Brasil”, lamentou.
Bohn Gass disse que tem muita gente precisando entrar no programa sem que o governo atenda. “Isso (a procura pelo Bolsa Família) é lógico num País de economia parada e com 50 milhões de pessoas sem emprego, fazendo bico e desalentadas”, argumentou.
“E o governo faz o quê? Usa o velho discurso da crise dos governos incompetentes”, enfatiza o deputado do PT gaúcho, ao citar que o governo Bolsonaro já “parou as universidades, destruíram a pesquisa e congelaram a saúde”. Agora, continua Bohn Gass, dizem que estão no limite. Preparam o terreno para, ali na frente, dizer: acabou”. O deputado citou ainda o alerta feito pelo economista Marcelo Neri, da FGV, de que enfraquecer o Bolsa Família não compensa, porque sem ele, o Brasil terá ainda mais custos com saúde, a pobreza aumenta e a economia fica ainda menor.
A informação de que o Bolsa Família encolheu e voltou a ter fila depois de quase dois anos é do ministro Osmar Terra (Cidadania), em reunião recente na Comissão Mista de Orçamento do Congresso e foi divulgada hoje (1º), em matéria no jornal Folha de S.Paulo. Ainda segundo a reportagem, o Bolsa Família está funcionando no limite do orçamento para este ano. Até agosto foram gastos R$ 20,9 bilhões —uma média de R$ 2,6 bilhões por mês. Com esse ritmo, o dinheiro reservado —R$ 29,5 bilhões— pode não ser suficiente até o fim do ano.
Neste ano, a cobertura do programa chegou a 14,3 milhões de famílias em maio; desde então, registra seguidas quedas —foram 13,5 milhões em setembro.
O Bolsa Família, criado no primeiro mandato do presidente Lula em 2004, é o carro-chefe dos programas sociais do governo e atende a pessoas extremamente vulneráveis. Podem receber o benefício famílias com renda mensal por pessoa de até R$ 89, ou de até R$ 178 se houver criança ou adolescente de até 17 anos. A média do valor recebido é de R$ 188,63, segundo dados de agosto. Quase metade das famílias está no Nordeste.
Vânia Rodrigues