Banco Central é capturado pelo sistema financeiro, e Campos Neto age como político, denunciam petistas

Foto: Roberto Parizotti/Divulgação

Deputado Carlos Zarattini. Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

Parlamentares da Bancada do PT da Câmara se revezaram na tribuna nesta terça-feira (18/6) para criticar a política de juros do Banco Central e a postura do presidente da instituição financeira, Roberto Campos Neto. “Ele segue mantendo as mesmas ideias de favorecer o mercado financeiro, prejudicando o governo Lula e a economia brasileira”, denunciou o deputado Carlos Zarattini (PT-SP).

O deputado afirmou que Campos Neto, que já vinha há algum tempo demonstrando as suas preferências políticas, partidárias, agora já se coloca como possível ministro da Fazenda de um possível governo de direita. “O presidente do BC, com autonomia, deveria se comportar, mas ele segue fazendo com que a economia não possa ter condições de crescer pelas condições de juros. Ele tem como ouvido principal o famoso Boletim Focus, que é um boletim onde se escuta o mercado financeiro, os agentes do mercado financeiro. E, mais grave, esse boletim erra constantemente, sempre para o lado errado”, criticou.

Zarattini citou que em 2023, eles (Boletim Focus) previram um crescimento do PIB de 0,8%; o governo previa 1,6%; e o real, o que deu no fim do ano, foi 2,92%. “Este ano, o mercado prevê 2,5%, e o real já está em 2,22%, ou seja, a realidade está sendo muito mais favorável do que o mercado”, destacou o deputado.

O parlamentar acrescentou que o mercado fala em aumento da inflação, em queda de emprego, e nada disso está acontecendo. “O emprego está aumentando no Brasil, a inflação está caindo, a situação da economia é muito favorável. Mas ao que assistimos é o Banco Central querer impor taxas de juros que só favorecem ao mercado financeiro, aos investidores financeiros”, protestou.

Reunião do Copom

Deputado Helder Salomão. Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

A deputada Ana Paula Lima (PT-SC) e o deputado Helder Salomão (PT-ES) ao criticar a política de juros do BC, destacaram que os rentistas e especuladores do mercado financeiro no Brasil apostam que na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para amanhã (19/6), não haverá anúncio de redução da taxa de juros. “Eu espero que não se confirme essa aposta, porque nós ainda estamos com uma taxa de juros altíssima de 10,5%, a segunda taxa mais alta do planeta. O Banco Central, infelizmente, foi capturado por interesses privados”, lamentou Helder Salomão.

Deputada Ana Paula Lima. Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

E a deputada Ana Paula enfatizou que, enquanto a maioria do povo brasileiro luta para pagar as contas, os rentistas e os especuladores estão se beneficiando de uma taxa de juros que só os favorece. “E por que eles (BC) fazem isso? Para proteger uns poucos, deixando o povo sofrendo com o desemprego e os salários baixos. Isso é inaceitável. O Banco Central deveria estar trabalhando para o bem de todos, não somente para os especuladores e para os rentistas no nosso País”, protestou.

Na avaliação do deputado Helder Salomão, o Banco Central tem utilizado uma política monetária que reduz a possibilidade de aumentarmos os empregos e a renda dos brasileiros. “Mesmo assim, o governo Lula tem conseguido aumentar os empregos e a renda dos brasileiros. Mas os juros altos são um grande obstáculo ao crescimento do nosso País”, admitiu.

Contra o Brasil

Na avaliação da deputada Ana Paula, o presidente do BC, “provavelmente” é contra o Brasil e contra o povo brasileiro, “porque para manter uma taxa de juros nesse nível não há outra razão a não ser beneficiar rentistas e especuladores”. Ela explicou que, manter essa atual taxa de juros significa menos emprego, menos dinheiro no bolso do trabalhador. “O próprio Banco Central já admitiu que qualquer taxa de juros menor do que 8,46% ao ano é ruim para a economia. Olhe, manter a taxa de juros em 10,5% ao ano vai custar para os cofres públicos brasileiros R$ 102 bilhões, o dinheiro que poderia ser utilizado na saúde, na educação e na segurança no nosso País”.

Agenda política

Ana Paula Lima ainda criticou a agenda política de Roberto Campos Neto. “Em 2022, ele foi votar com a camisa verde e amarela, já era um simbolismo. Recentemente, ele participou de encontros com banqueiros e políticos da Oposição, mostrando que não está preocupado com o nosso País e com o povo brasileiro, mas, sim, com uma elite financeira. Nós não suportamos mais pagar uma taxa de juros de 10,5% por ano”.

Helder Salomão também criticou a atuação política de Campos Neto. “Nós precisamos compreender que temos hoje um presidente do BC que se manifesta politicamente, que faz militância política. O que acontece no Brasil hoje não seria possível acontecer em outras nações do mundo. Hoje, infelizmente, o Banco Central foi capturado pelos interesses financeiros, rentistas e privados do nosso País, na medida em que Campos Neto se reúne com adversários políticos do governo para combinar o jogo eleitoral. Isso é inadmissível no Brasil e em qualquer lugar do mundo”, protestou.

Novo presidente para o BC

E o mercado, segundo Carlos Zarattini, vem dizer, por meio da imprensa, que o presidente da República não pode nomear quem ele quer para a presidência do Banco Central, que tem que ser um nome do mercado, que os atuais diretores não podem votar em desacordo com aquilo que diz Campos Neto. “Ou seja, todo mundo tem que dizer amém ao Sr. Roberto Campos Neto e ao mercado. Isso não vai acontecer, e o presidente Lula vai nomear um presidente do Banco Central, realmente, preocupado com o crescimento da economia brasileira”.

Os deputados Bohn Gass (PT-RS), Jorge Solla (PT-BA), Joseildo Ramos (PT-BA) , Reimont (PT-RJ) e  Rogério Correia (PT-MG) também criticaram, em plenário, o ativismo político de Campos Neto e a política monetária do Banco Central. Para os parlamentares petistas, o BC foi capturado pelos rentistas e pelo sistema financeiro e o seu presidente sabota o crescimento da economia brasileira.

 

Vânia Rodrigues

 

 

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