Com o voto favorável da Bancada do PT, o plenário da Câmara aprovou na noite desta quarta-feira (28), o projeto de lei (PL 9543/18), do Senado, que cria a tarifa social de água e esgoto para usuários com renda per capita de até meio salário mínimo inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico). A tarifa vai beneficiar também usuários cuja família haja pessoa com deficiência e/ou idoso com 65 anos ou mais.
O deputado Bohn Gass (PT-RS) afirmou que essa proposta é uma das mais importantes que a Câmara analisa neste período. “Nós estamos tratando de pessoas de baixa renda terem acesso à universalização, que é uma política do Governo Lula, para ter atendimento de água e esgoto. Todos nós sabemos a necessidade dessas famílias. Pelo cálculo aqui que está posto, são 13 milhões de famílias que serão beneficiadas, que terão o aporte para o tratamento, para universalizar uma água com qualidade. Essa é uma justiça que se faz”.
Bonh Gass enfatizou que o projeto é fundamental para dar qualidade de vida às pessoas com tratamento de água e esgoto e, ao mesmo tempo, evitar doenças. “Água de qualidade, esgoto tratado é menos gasto público com doença. É saúde o que nós estamos defendendo aqui. Então, esse processo de universalização do atendimento, para nós chegarmos ao Brasil com qualidade de água e tratamento de esgoto, é fundamental”, reiterou.
Justiça Social
A deputada Erika Kokay (PT-DF) também afirmou o projeto faz justiça social. “Eu fico muito impressionada com parlamentares que assumem os microfones para impedir que a população de baixa renda tenha acesso a água e acesso a tratamento de esgoto”, protestou. Ela ainda rebateu o argumento de que a tarifa social vai elevar o custo do serviço. “Cada 1 dólar que se investe em saneamento economiza-se 4 dólares em saúde. Portanto, não há um déficit ou não há uma sobrecarga para os serviços”, frisou.
E o deputado Joseildo Ramos (PT-BA), ao defender a aprovação do projeto, destacou que o Brasil é signatário de resolução da ONU que dispõe que a água e o esgotamento sanitário são direitos humanos. “Portanto, tem que se trabalhar política pública para servir a esse propósito. E esse projeto vem em bom momento. Nós estamos alinhados, sabendo que o subsídio que virá é uma política pública que tem cabimento, do ponto de vista da ONU”, afirmou.
Texto aprovado
Pelo texto aprovado, que retorna ao Senado porque foi alterado pelos deputados, as empresas de saneamento devem incluir automaticamente os beneficiários de acordo com dados a que já têm acesso, sem necessidade de comunicação prévia ao usuário.
Para o cálculo da renda per capita, valores recebidos a título de Benefício de Prestação Continuada (BPC) ou de Bolsa Família não entram na conta. O usuário que deixar de se enquadrar nos critérios poderá continuar a pagar a tarifa social por três meses, e as faturas referentes a este período devem trazer aviso da perda iminente do benefício.
Valor da tarifa
O valor da tarifa social será equivalente ao menor de dois casos:
– 50% da tarifa aplicável à primeira faixa de consumo (variável em cada município); ou
– 7,5% do valor base do programa Bolsa Família (hoje em R$ 600). Com isso, esse percentual do valor base corresponderia a R$ 45.
Em qualquer situação, a tarifa mensal diferenciada valerá para os primeiros 15 m³ por residência habilitada ao benefício. O excedente de consumo será cobrado com os valores da tarifa regular.
Entretanto, esses percentuais e limites serão considerados padrões mínimos a serem seguidos pelos titulares dos serviços públicos de água e esgoto. Outros descontos ou tarifas já vigentes podem continuar a existir.
Venda de imóvel sujeito a bloqueio judicial
Também com o voto da Bancada do PT, foi aprovada emenda do Senado ao PL 1269/22, sobre prevalência de registros de ônus e gravames sobre imóveis. A emenda determina que, se o registro do imóvel não contiver informações sobre o bloqueio judicial (inclusive em ações de improbidade administrativa ou por hipoteca judiciária), a venda posterior do imóvel a terceiro terá validade jurídica. Ao defender a proposta, o deputado Alfredinho (PT-SP) explicou que o objetivo é proteger um comprador que, “muitas vezes, não tem informação de dívidas e acaba sendo enganado”. O projeto vai à sanção presidencial.
Urgências
Os parlamentares aprovaram também o regime de urgência para a tramitação do dos seguintes projetos:
PL 5669/23, que cria a Política de Prevenção e Combate à Violência em Âmbito Escolar (Prever);
PL 5727/23, que estabelece estratégia para ampliar a oferta de serviços de psicologia e de serviço social pelas redes públicas de educação;
PL 2054/23, que muda a Lei Maria da Penha para determinar a necessidade de avisar a mulher agredida quando da concessão de liberdade ao agressor ou uso indevido ou mau funcionamento de tornozeleira eletrônica; e
PL 5671/23, que cria diretrizes para a implementação de equipamentos e de medidas de segurança destinadas a prevenir a violência em âmbito escolar.
Vânia Rodrigues