Bancada do PT vota a favor da Reforma Tributária que vai impulsionar a economia brasileira, com justiça social

Câmara aprova Reforma Tributária - Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE) – Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Depois de um longo dia de debates e intensas negociações, a Câmara aprovou na madrugada desta sexta-feira (7), em dois turnos e por ampla maioria, a Reforma Tributária (PEC 45/19). O texto aprovado simplifica impostos sobre o consumo, prevê fundos para bancar créditos do ICMS até 2032 e para o desenvolvimento regional, além da unificação da legislação dos novos tributos. Fica garantido também isenção de impostos para a cesta básica nacional e cashback (devolução) para famílias de menor renda.

Antes do texto da reforma seguir para a apreciação do Senado, os deputados ainda precisam votar quatro destaques apresentados durante a apreciação do segundo turno. Isso ocorrerá em sessão convocada para hoje, às 10h.

O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou que a Reforma Tributária é uma das prioridades do governo Lula porque ela sinaliza o futuro do Brasil, com eixos centrais que ajudam na retomada e no crescimento do Brasil. “O texto aprovado foi uma construção coletiva que teve as mãos, a consciência e o coração de todos aqueles que querem o melhor, que querem o bem, que querem o crescimento, que querem a reconstrução do Brasil”, resumiu.

Reforma Tributária, enfatizou Guimarães, dialoga com as medidas que o governo vem adotando para combater à pobreza, além de recompor a nova base fiscal do País, com um modelo que dá oportunidade para o Brasil crescer, desenvolver-se, gerar emprego e retomar o processo de crescimento. “Essa Reforma Tributária é necessária para o País e o nosso governo precisa dela para completar o ciclo comandado pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) nessa reconstrução econômica do Brasil”.

O líder Guimarães destacou ainda que, além da simplificação dos tributos, a reforma acaba com a “bagunça tributária” em que cada estado faz a guerra fiscal, que compromete o princípio e o equilíbrio federativo. “Portanto, além desse elemento que é central, a unificação do Sistema Tributário Nacional garante a unidade federativa”, completou. O deputado estima que, com a aprovação da reforma, há projeções de aumento real – de 12% a 20% – do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos 15 anos.

Noite histórica

Líder do PT, deputado Zeca Dirceu (PR) – Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

O líder do PT, deputado Zeca Dirceu (PR), afirmou que a noite era histórica, uma noite que vai aumentar ainda mais o otimismo que já toca e impulsiona a economia brasileira. “O sistema tributário brasileiro é caótico, é possível de muita fraude e sonegação. Um sistema caótico que custa caro para quem quer fazer o certo, para quem está empreendendo. Um sistema caótico que confunde o trabalhador e a trabalhadora, o consumidor, as famílias mais pobres, que são os que pagam mais impostos nesse País”, criticou.

Ele afirmou que, a partir dessa reforma que está sendo aprovada e da sua implantação desse novo modelo, moderno, de imposto único, dual, o cidadão vai saber quanto paga, o cidadão vai perceber o quanto ainda temos uma carga tributária muito pesada no consumo e pouco pesada na renda. “Isso vai ser educativo. Isso vai dar condição a muitos de boa-fé, que já tentaram fazer mudanças mais amplas, terem o apoio e a força popular para podermos, com ousadia, avançar ainda mais”. O líder explicou que avançar ainda mais é taxar os milionários, os bilionários, aquele 1% que detém 50% da renda do País.

“Depois desta aprovação, já precisamos começar a olhar o segundo semestre, a necessidade de o Brasil fazer o que todos os países do mundo fazem: taxar as mega-heranças, os megapatrimônios, os lucros e dividendos para reduzir as desigualdades do Brasil, a partir de um sistema tributário novo, justo e solidário”, defendeu.

Competitividade e eficiência

Deputado Reginaldo Lopes, coordenador do GT da Reforma Tributária – Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados

O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), que coordenou o grupo de trabalho que analisou o tema, comemorou a aprovação. “Estamos dando ao Brasil e à economia brasileira um novo sistema tributário capaz de reposicionar o Brasil nas disputas das cadeias globais de produção e de componentes. Capaz de dar ao setor produtivo brasileiro competitividade e eficiência produtiva; capaz de tirar de 8% a 20% dos custos dos produtos comercializados aqui no País que sofrem cumulatividade tributária. Nós vamos trazer para o Brasil a tributação justa, ao fazer a cobrança apenas sobre o valor adicionado em cada etapa da produção. Esse novo modelo vai fazer a economia brasileira enfrentar as importações, que dominam o mercado brasileiro e que tiram das famílias brasileiras os empregos e a multiplicação de riqueza e renda”, afirmou.

Texto aprovado

O texto da Reforma Tributária, aprovado em primeiro turno, propõe a criação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) para substituir o ICMS e o ISS; e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) para substituir o PIS, o PIS-Importação, a Cofins e a Cofins-Importação.

Caberá ao Conselho Federativo a gestão do Imposto sobre Bens e Serviços. O texto também cria fundos para compensar as perdas de entes federativos, para o desenvolvimento regional e para o combate à pobreza.

O texto garante ainda redução de alíquotas em 60% ou 100% para vários setores, também conforme definido em lei. Entre eles estão serviços de educação, saúde, medicamentos e cultura, produtos agropecuários e transporte coletivo de passageiros.

Negociações

Antes da votação do primeiro turno da reforma, o relator da PEC, deputado Aguinaldo Silva (PP-PB), apresentou uma complementação ao seu parecer com os ajustes que foram feitos, fruto das negociações com os governos federal, estaduais e municipais e com diversos setores econômicos, e que resultaram no aperfeiçoamento do texto em prol de uma reforma tributária mais consensual.

Entre os aperfeiçoamentos feitos no texto, destacam as novas regras de composição e de deliberação do Conselho Federativo do Imposto sobre Bens e Serviços. Os estados e o Distrito Federal terão 27 membros, um para cada ente federado, enquanto os municípios e o Distrito Federal serão representados por 27 membros, 14 eleitos com base nos votos igualitários desses entes e 13 com base nos votos ponderados pelas respectivas populações.

Zona Franca de Manaus

Outra mudança no parecer diz respeito ao tratamento diferenciado para a Zona Franca de Manaus e as Áreas de Livre Comércio. Foram previstos mecanismos para manter, em caráter geral, o diferencial competitivo assegurado a essas áreas nos níveis estabelecidos pela legislação relativa aos tributos extintos. Foi garantido, ainda, o diferencial competitivo das zonas de processamento de exportação.

Cultura e turismo

Foram feitos também ajustes para beneficiar produções artísticas, culturais, jornalísticas e audiovisuais nacionais, com a criação de um regime favorecido, que beneficiará também todo o setor da cadeia de turismo e diferenciado para serviços de hotelaria, parques de diversão e temáticos, restaurantes e aviação regional; e será concedido crédito presumido para resíduos e demais materiais destinados à reciclagem, reutilização ou logística reversa, de pessoa física, cooperativa ou outra forma de organização popular.

Municípios

Em benefício dos municípios, será prorrogado, até 2032, a desvinculação de 30% das receitas municipais e foi ampliada as possibilidades de aplicação dos recursos da Contribuição para Iluminação Pública (Cosip).

 

Vânia Rodrigues

 

 

 

 

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