Uma educação que inclui todo mundo ou uma educação que exclui parte da sociedade? Esta dúvida não passa pela cabeça de diversas pessoas, personalidades e entidades que, de alguma forma, trabalham e praticam ações em defesa de uma educação inclusiva.
O problema é que o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) quer colocar fim neste direito das Pessoas com Deficiência (PCD) e ameaça esta população com a proposta de segregá-los.
Essa é a pauta do “Ato em defesa da educação inclusiva e contra o decreto 10.502”, que será realizado de forma virtual pelas páginas e redes sociais da CUT, na próxima terça-feira, dia 3, a partir das 19 horas. Outro objetivo do ato é fazer uma grande mobilização em defesa da educação inclusiva.
Para o bancário, José Roberto Santana da Silva, um dos coordenadores do Coletivo Nacional de Trabalhadores com deficiências da CUT e um dos organizadores do ato virtual, esta tal “nova Política de Educação Especial” apresentada por Bolsonaro quer separar as pessoas com deficiência das pessoas ditas “normais”.
Segundo ele, o ato é justamente para denunciar o decreto presidencial que quer colocar as pessoas com deficiência em salas exclusivas, sem misturá-las com os outros alunos sem deficiência. Para ele, é preciso sensibilizar a população para ajudar na derrubada deste decreto.
“Eu estudei numa escola normal e eu garanto que os alunos que estudaram comigo ou que estudaram na minha época têm uma outra visão sobre as pessoas com deficiência em relação àqueles que nunca tiveram contato. Essas pessoas que nunca se relacionaram com a gente acham que é uma coisa de outro mundo, que não temos vida, que não temos condições de ser pai e mãe de família, de trabalhar. Temos quebrado esse paradigma, mas esse decreto só atrasa a nossa evolução de mais de 20 anos”, explicou o bancário, que tem paralisia infantil no membro inferior direito.
Especialistas, parlamentares, dirigentes da CUT e representantes do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CONADE) estarão juntos neste ato, que os organizadores chamam de “caminhão de som virtual”.
Isso porque serão participações muito rápidas para que todas as pessoas e instituições, que defendem uma educação inclusiva, exponham o que está acontecendo e chamem mais gente para ampliar a mobilização contra o decreto 10.502 e na defesa da educação inclusiva.
Para a assistente social e representante da CUT no conselho do CONADE, Daiane Montoanelli, este decreto é discriminatório, retrógrado e vai impactar negativamente e diretamente nas relações de trabalho, sociais e do ensino superior destas pessoas. Eles querem mudar o que está previsto na Constituição sem ouvir as PCD, os coletivos e o Conade”.
“O que Bolsonaro quer privatizar a educação e atender algumas instituições cooptadas e apoiadas por este governo, que tem como missão se omitir e violar os direitos sociais dessas pessoas. A população precisa ser organizar coletivamente, promover debates e audiências públicas para nos ajudar no enfrentamento e resistência. Este ato virtual vai nos ajudar”, afirma Daiane, que é deficiente visual.
A secretária de Políticas Sociais e Direitos Humanos da CUT, Jandyra Uehara, complementa que “o governo Bolsonaro faz um verdadeiro cerco para aniquilar os serviços públicos e as políticas sociais. A inclusão das pessoas com deficiência é uma conquista e um direito alinhado com a legislação e as normas internacionais. A segregação proposta pelo governo é um retrocesso. A nossa luta é anulação do decreto e para que sejam asseguradas as condições materiais e pedagógicas para que o direito à educação inclusiva seja plenamente alcançado”, finaliza.
Serviço:
Ato em defesa da educação inclusiva e contra o decreto 10.502
A partir das 19h
*Você poderá assistir pelo Facebook da CUT ou Youtube da CUT
Site da CUT
Foto: Dênio Simões/Agência Brasília