Em ato público na Câmara, nesta terça-feira (1º), parlamentares, dirigentes de fundações partidárias e militantes de diversos movimentos sociais ligados ao PT, ao PCdoB e ao PDT repudiaram a ditadura que teve início exatamente 50 anos atrás e se encerrou em 1985. A palavra de ordem “Ditadura, nunca mais!” apareceu em praticamente todas as falas e os oradores também enalteceram os desafios e pendências para que o Brasil amadureça a sua democracia. O ato foi uma das inúmeras atividades que marcaram a passagem da data do Golpe de 1964.
Para o deputado José Guimarães (PT-CE), vice-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, a sociedade brasileira precisa conhecer o que ocorreu de fato durante os governos militares e não pode abrir mão da democracia. “Nós temos esse imperativo ético e moral: contar a verdadeira história [sobre a ditadura] e mobilizar a sociedade para isso. E a democracia é o caminho a ser seguido, porque ela produz problemas, mas também é solucionadora destes problemas”, defendeu Guimarães.
Outro orador do ato, o líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP), destacou a trajetória da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula, que enfrentaram a ditadura de formas diferentes e têm contribuído fortemente para a construção da democracia brasileira, embora não sejam aceitos pela elite econômica. “Ela foi presa e torturada aos 18 anos e poderia não estar mais entre nós. Esta mulher com 18 anos já não aceitava a situação que vivia o Brasil. Aquela mulher se chama Dilma Rousseff e hoje é presidenta da República. É isso que muitos não engolem. Não aguentam um operário nordestino que ‘mal sabe falar’, ‘analfabeto’, se transformar no melhor presidente da história desse País. Imaginem aguentar uma mulher que foi torturada!”, ressaltou o líder petista.
Vicentinho cobrou o fim da impunidade dos agentes do regime de exceção que cometeram crimes imprescritíveis, como a tortura. “Temos que passar pelo processo pelo qual passaram a Alemanha, a África do Sul e muitos países da América Latina, de reconhecer quem foram os torturadores e julgá-los, porque a impunidade de quem torturou é inaceitável”, afirmou Vicentinho, defendendo também a revisão da Lei da Anistia.
Algumas tarefas pendentes para que a nossa democracia avance foram apontadas por Vicentinho. “Queremos 40 horas semanais, uma reforma agrária efetiva, respeito para os direitos dos jovens negros e pobres das periferias que são assassinados todos os dias, respeito para os direitos das mulheres e das crianças, queremos aprovar a PEC do trabalho escravo, entre tantas outras questões que sabemos muito bem quais são porque temos um projeto para o País”, afirmou Vicentinho.
O ministro do Trabalho, Manoel Dias, que é o presidente da Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini, ligada ao PDT, avalia que o maior crime da ditadura não foram os sequestros, perseguições, torturas e assassinatos, mas “a alienação da juventude brasileira por duas ou três gerações” em relação ao período ditatorial.
Já a líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), apontou a urgente “democratização da mídia” como um dos desafios “para que o Brasil alcance o estágio de uma democracia plena”.
O ato foi coordenado pela diretora da Fundação Perseu Abramo, Luciana Mandelli.
Rogério Tomaz Jr.
Foto: Rogério Tomaz Jr./PT na Câmara