Amazônia: PT propõe CPI para investigar ligações de Ricardo Salles com organizações criminosas

Parlamentares do PT na Câmara defenderam hoje (26) a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias feitas pelo delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.  O delegado apresentou no Supremo Tribunal Federal (STF) uma notícia-crime contra Salles por sua atuação em defesa de criminosos ligados à extração ilegal de madeiras na Amazônia.

Segundo os deputados Airton Faleiro (PT-PA), Paulo Teixeira (PT-SP) e Nilton Tatto (PT-SP), a CPI é o caminho para apurar todos os crimes que vêm sendo cometidos por Salles à frente do Ministério do Meio Ambiente.

“A CPI terá foco nas denúncias apresentadas na notícia-crime”, afirmou Teixeira. “Além de ter ido ao local onde está a madeira ilegal apreendida, o ministro disse que eram abusivas as fiscalizações e deu veracidade às alegações dos madeireiros, se envolvendo diretamente no crime ambiental”, acrescentou.

Deputado Paulo Teixeira Foto: agência Câmara

Os parlamentares do PT, segundo Teixeira, já estão em contato com outros partidos para conseguir as 171 assinaturas necessárias para a instalação de uma CPI.

Ministro criminoso

O anúncio da proposta do PT foi feito hoje durante audiência pública na Câmara dos Deputados promovida pelas Comissões de Legislação Participativa, presidida por Waldenor Pereira (PT-BA), e a de Direitos Humanos e Minorias, presidida por Carlos Veras (PT-PE).

Deputado Waldenor Pereira – Foto: Agência Câmara

Na reunião, Alexandre Saraiva deu detalhes sobre a notícia-crime. Na peça, o delegado acusa o ministro do Meio Ambiente de obstrução de investigação, advocacia administrativa e organização criminosa.

Saraiva foi exonerado da chefia da PF no estado do Amazonas logo após a entrega da notícia-crime ao STF. O delegado comandou, em dezembro último, uma operação que apreendeu 214 mil metros cúbicos de madeira ilegal no Pará por uma organização criminosa que invadiu terras públicas, desmatou áreas de preservação permanente e ainda praticou grilagem.

A operação chamou-se Hidroanthus e resultou na maior apreensão de madeira clandestina já feita na Amazônia. Salles saiu em defesa dos criminosos.

Na notícia-crime, o delegado federal diz ainda que Salles e o senador Telmário Mota (Pros-RR) formaram uma ‘’organização criminosa’’ para atuar em favor de madeireiros clandestinos e criar obstáculos às ações de fiscalização da própria PF e do Ibama.

Delegado da PF Alexandre Saraiva – Foto: Agência Câmara

Pressão para liberar madeira ilegal

Na audiência pública, o delegado relatou a pressão de Salles e de madeireiros para que a investigação fosse cessada e a madeira liberada. sobre a sua delegacia. Segundo ele, não há nenhuma chance de a madeira apreendida ter origem legal. Ele disse ainda que o ministro do Meio Ambiente fez uma “pseudoperícia” na madeira apreendida na  operação da PF. “Ele [Ricardo Salles] foi até a área, fez uma ‘pseudoperícia’. De 40 mil toras, olhou duas e disse que conferiu. Que a princípio estava certinho, que as pessoas apresentaram escrituras”.

O delegado explicou que, depois, em uma reunião com a participação do ministro do Meio Ambiente, a PF finalmente recebeu documentos que solicitava desde o ano passado ao órgão ambiental do Pará. “Quando nós recebemos, e eu vi aquele conjunto de documentos, aquilo se mostrou uma fraude imensa. Onde se buscava iludir a autoridade policial”, declarou e completou: “Eu entendi como correto encaminhar notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal, apontando aquele fato”, relatou.

Bolsonaristas criminosos

O delegado Saraiva disse estranhar a defesa da bancada bolsonarista dos atos criminosos. “Podem não gostar de meio ambiente, mas pelo menos deviam defender o bem público”, disse, lembrando que os crimes ambientais na Amazônia acontecem em terras públicas, que pertencem a toda a sociedade brasileira, não a grupos econômicos que agem cladestinamente ou não.

Paulo Teixeira também criticou os parlamentares bolsonaristas por tentarem inverter a situação, com acusações ao delegado da PF embora o “criminoso seja Salles”. “É um ministro que lidera o crime e o delegado Saraiva apena exerceu sua função, seguiu as leis e denunciou um ministro criminoso”, comentou Teixeira.

Coragem de denunciar

Os deputados do PT e de outros partidos de Oposição saíram em defesa do trabalho do delegado, que foi atacado pela base bolsonarista. O deputado Zé Ricardo (PT-AM), rechaçou as ameaças a Saraiva e denunciou que o governo Bolsonaro tem estimulado os criminosos a depredar a riqueza Amazônia. “Trata-se de um desgoverno que estimula a depredação do meio ambiente”, disse.

Nilto Tatto cumprimentou o delegado pela coragem e pelo trabalho contra os criminosos ambientais.  Ele denunciou que o governo militar conduzido por Jair Bolsonaro tem provocado a destruição ambiental no País, em especial na Amazônia. “Por trás de tudo há uma organização criminosa que estimula invasão de áreas públicas para que se roubem madeiras e minérios”, disse Tatto.

A deputada Erika Kokay (PT-DF) e os deputados Joseildo Ramos (PT-BA) e Helder Salomão (PT-ES) também elogiaram a coragem e o profissionalismo do delegado da PF e rechaçaram as ameaças de deputados bolsonaristas contra o integrante da Polícia Federal.

 

PT na Câmara, com agências

 

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