A deputada Erika Kokay (PT-DF) usou a tribuna nesta sexta-feira (10), dia nacional de luta e de paralisações contra a Reforma Trabalhista, para protestar contra a reforma do governo Temer, que modifica cerca de cem itens da CLT e precariza os direitos dos trabalhadores. “São as centrais sindicais reagindo em nome dos seus direitos”, afirmou a parlamentar, informando que no Brasil inteiro as centrais sindicais realizam atos contra as reformas Trabalhista e da Previdência.
“Essa Reforma Trabalhista mostra que esta Casa está avergada para o empresariado, que busca, por meio da retirada de direitos de trabalhadores, aumentar o seu próprio lucro”, denunciou. Erika enfatizou que o Brasil está completamente submetido ao mercado financeiro “a partir da quadrilha que se apossou da Presidência da República, que estabeleceu um processo de corrupção hemorrágica neste País e que tem a cumplicidade da maioria desta Casa, que disse amém à corrupção”.
E continuou: “Penso que o silêncio e a decisão da maioria desta Casa de não dar prosseguimento às investigações que envolvem esta quadrilha, esta organização criminosa que está no Palácio do Planalto, indicam uma cumplicidade da grande maioria deste Parlamento, que não fez qualquer tipo de movimento no sentido de impedir o retrocesso de direitos de trabalhadores e trabalhadoras”.
A deputada lamentou ainda que, por causa desta política recessiva e de desmonte do governo Temer, o reajuste do salário mínimo para 2018 será menor do que o que estava previsto na proposta Orçamentária do governo, encaminhada ao Congresso, em agosto passado. “Nós vamos ter um processo de ajoelhamento e de submissão cruel ao capital financeiro, quando nós temos não apenas a renegociação das dívidas: R$ 220 bilhões foram renegociados. Desses, cerca de R$140 bilhões referem-se a dívidas de banqueiros, que também levaram desta Casa, na subserviência, de marchar de cabeça baixa aos ritmos emanados da corrupção exalada do próprio Palácio do Planalto”, criticou.
Erika citou também um acordo de leniência com o Banco Central, que pode abrir mão de todas as dívidas do sistema financeiro. “Pode-se abrir mão num acordo de leniência, que foi aprovado aqui, dessas dívidas. Nada mais explícito e desnudo do que o caráter de títere do mercado financeiro que nós temos neste País. Uma acumulação do capital que não tem relação com o mundo do trabalho, porque está financeirizada”.
A deputada do PT do Distrito Federal criticou ainda o fato de a metade do orçamento brasileiro ser destinado apenas para pagar os juros e serviços da dívida pública. “Aí vem falar de déficit de Previdência, da necessidade de se estabelecer uma Reforma da Previdência para retirar o direito da população de baixa renda se aposentar? Cinquenta e três por cento dos municípios brasileiros têm uma expectativa média de vida que é menor do que 65 anos, portanto, essas pessoas não irão se aposentar!”, lamentou.
Erika concluiu citando os efeitos nocivos da Reforma Trabalhista, que entra em vigor neste sábado (11). “Já tem anúncio que já foi postado por uma empresa no Espírito Santo informando que tem vaga por R$ 4, 45 a hora. O trabalhador só trabalhará no pico, com o trabalho exacerbado, quando a demanda for muito grande e ganhará por hora. Quem ganha R$ 4,45 por hora vai ganhar quanto por mês, R$ 100, R$ 200? E quanto tempo esse trabalhador levará para ter 15 ou 25 anos de mercado de trabalho? É isso que nós estamos vivenciando neste Brasil”, lamentou.
Vânia Rodrigues