As comissões de Relações Exteriores e de Direitos Humanos realizaram audiência pública nesta quarta-feira (18) para analisar as experiências adotadas nas escolas do Brasil e de outros países da América Latina no combate à violência contra estudantes LGBTI. A deputada Erika Kokay (PT-DF), uma das requerentes do debate, convidou especialistas para apresentar subsidiar a audiência.
Segundo dados da Pesquisa Nacional Sobre o Ambiente Educacional no Brasil, no âmbito do enfrentamento à discriminação e à violência contra estudantes LGBTI, no ano de 2016 foram ouvidos 1.016 estudantes, com idade entre 13 e 21 anos, de todos os estados brasileiros, exceto Tocantins. Segundo os dados, 60% dos entrevistados se sentem inseguros no ambiente escolar por serem LGBTI. O levantamento mostra que 68% dos estudantes foram agredidos por causa de gênero. Sobre atitudes discriminatórias, os maiores indicadores foram relacionados ao gênero, 38,2 %; orientação sexual, 26,1%; socioeconômica 25,1%; étnico racial 22,9% e territorial 20,6%.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) explicou que a pesquisa demonstra um nível de dor muito grande que vem permeando a vida de jovens e adolescentes no Brasil e América Latina. “ Essas discriminações são responsáveis pela perca da noção de humanidade, que só é reconhecida na liberdade e diversidade. É uma crueldade com a democracia brasileira. É preciso construir uma sociedade mais igualitária onde não haja dor em viver o seu gênero”.
O diretor-executivo do Grupo Dignidade, Toni Reis, explicou que o Brasil é um dos 60 países que assinou o Tratado da UNESCO para educação inclusiva e educativa para todos os estudantes. “Esses jovens e adolescentes precisam viver em um ambiente sem discriminação. Queremos ensinar as pessoas a respeitar, não queremos destruir famílias ou sexualizar as crianças”, disse.
Já o diretor-executivo da Fundación Todo Mejora do Chile, Diego Poblete, lamentou que o motivo dos suicídios e violências contra adolescentes e jovens LGBTI, aconteça em decorrência da orientação sexual e expressão de gênero. “ Esses jovens homossexuais e bissexuais apresentam cada vez mais risco de suicídio que os pares heterossexuais. A vulnerabilidade em relação à saúde mental é alarmante, isso desencadeia transtornos de depressão e ansiedade, abuso de substâncias, isolamento, suicídio e lesões no corpo”, afirmou.
A Fundácion Todo Mejora, informou, realizou cerca de 1579 atendimentos, em 6 meses, e mostrou que grande parte desses jovens e adolescentes veem de famílias que não aceitam a sua orientação sexual. A falta de aceitação é a responsável pelo aumento 8 vezes mais das tentativas de suicídio e 1 em cada 4 jovens transexuais já tentaram suicídio.
Para a diretora e historiadora da Fundação Sentiido, Lina Cuellar, os jovens da Colômbia sentem-se inseguros por causa da sexualidade e identidade de gênero. “ Os dados mostram que 67% não se sentem seguros na escola e 60% sentem medo de ir ao banheiro na escola, pois é um dos espaços onde mais ocorrem as discriminações e ataques homofobicos. É lamentável ver que 60% dos professores não intervém nas discriminações”, denunciou.
Layla Andrade, estagiária