Parlamentares da Bancada do PT ocuparam a tribuna da Câmara nesta quinta-feira (20) para comentar a prisão do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e cobrar que ele faça logo uma delação premiada para revelar a verdade sobre o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e o que sabe dos bastidores envolvendo o PMDB, o governo ilegítimo de Michel Temer e as denúncias de corrupção. “A prisão é tardia, mas com certeza fez tremer o Palácio do Planalto e tirou o sono de muitos parlamentares do Congresso Nacional”, afirmou o deputado Assis Carvalho (PT-PI).
Lembrando da afirmação do senador Romero Jucá (PMDB-RR) de que Cunha é Temer e Temer é Cunha – captada por gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado – em uma das articulações do golpe contra a presidenta Dilma, Assis Carvalho disse que espera agora pela delação “que pode deslegitimar ainda mais esse governo sem votos”.
A possibilidade de uma delação de Cunha é real. Antes mesmo da prisão ele já deixou claro que tem muito a dizer. Em setembro, logo após sua cassação, ele ameaçou com a frase: “Hoje sou eu. Amanhã pode ser vocês”. Cunha também anunciou que está escrevendo um livro sobre os bastidores do impeachment e fez questão de destacar que pelo menos 160 parlamentares têm problemas com a Justiça.
“Então nós queremos que Eduardo Cunha agora fale”, reforçou o deputado Helder Salomão (PT-ES). Ele ironizou a volta antecipada do ilegítimo Michel Temer da viagem em missão oficial no Japão. “O golpista voltou porque está preocupado, e agora decretou o silêncio no Planalto, temendo as repercussões da prisão de Cunha. Por isso, o povo brasileiro e todos nós queremos que o deputado cassado Eduardo Cunha abra o bico e diga, de fato, o que ele tem a dizer. Afinal, ele disse que deputados, senadores, prefeitos, governadores e até ministros estariam envolvidos em práticas de corrupção”.
Sem holofotes – O deputado Luiz Couto (PT-PB) ironizou a ação da Polícia Federal na prisão de Cunha, afirmando que sentiu falta dos holofotes e do esquadrão disfarçado com fardas camufladas como fizeram na ilegal condução coercitiva de Lula. Luiz Couto também disse que estranhou a pequena repercussão da prisão na grande mídia e o fato da Câmara ter encerrado a sessão mais cedo para que aos parlamentares não pudessem comentar essa prisão de Cunha.
“Aliás, na ilegal condução coercitiva do ex-presidente Lula tivemos irregularidades como o vazamento de informações. A grande mídia já estava na porta de Lula quando um exército camuflado chegou. Agora, como a prisão de Cunha é merecida e legal, não há slide do Ministério Público, não há força tarefa, não há mídia, não tem o tão famoso japonês da Federal que, inclusive, foi condenado pela Justiça por contrabando”, criticou.
Já a deputada Erika Kokay (PT-DF) aproveitou para dizer que o juiz Sérgio Moro, ao prender Eduardo Cunha, não atentou para a retirada de mais de R$ 220 milhões da conta de Eduardo Cunha. “Ele não poderá nem pagar advogado! E, como esta Casa e o governo golpista de Temer querem destruir a Defensoria Pública, Cunha não terá direito nem a um defensor público”, ironizou.
Currículo de Cunha – Assis Carvalho em seu pronunciamento fez questão de destacar que Eduardo Cunha é um dos políticos mais corruptos deste País. Que a sua passagem pela presidência da Câmara foi marcada pela votação de pautas-bombas e da imposição de matérias que desestabilizassem o governo democrático do PT. Que Cunha obstruiu por diversas vezes o trabalho da justiça e o andamento da operação Lava-Jato. “Agora, finalmente, ele começa a pagar pelo mal que ele fez a democracia brasileira”, comemorou.
Vânia Rodrigues
Foto: Gustavo Bezerra
Charge: Aroeira