Representantes de sindicatos de trabalhadores, de entidades patronais e também da Petrobras afirmaram nesta quinta-feira (2) que os impactos negativos da “Operação Lava Jato” na economia brasileira, “podem dizimar o setor naval e toda a cadeia produtiva do setor em um curto espaço de tempo”. A maior preocupação é sobre a asfixia financeira dos estaleiros e a consequente demissão em massa no setor.
As declarações ocorreram durante a instalação do Grupo de Trabalho (GT), com funcionamento em formato de “Fórum Permanente” de debates, composto por trabalhadores, empresários e membros do Governo para construir alternativas aos impactos negativos da
“Operação Lava Jato” na atividade econômica nacional e no índice de emprego do Brasil.
Segundo o representante da CUT, Jadir Araújo, apenas no Rio de Janeiro cerca de cinco mil trabalhadores já foram demitidos nos principais estaleiros da região.
“Dos 50 mil empregos que o setor mantinha no estado, cerca de cinco mil já foram perdidos nos últimos meses. E a situação é tão difícil que muitos estaleiros não têm dinheiro sequer para homologar as recisões dos trabalhadores demitidos”, afirmou.
Já para o representante do Sindicato Nacional da Indústria Naval (Sinaval), Carlos Macedo, a dramática situação dos estaleiros nacionais só pode ser amenizada com a implementação dos “acordos de leniência”.
“Precisamos com urgência definir os acordos de leniência. O governo federal é favorável, assim como trabalhadores e empresários, mas precisamos definir logo. Esse acordo é importante para preservar as empresas e os empregos dos trabalhadores do setor”, ressaltou.
O acordo de leniência estabelece que uma empresa ou pessoa física envolvida em ilegalidade pode denunciar o esquema e se comprometer a auxiliar um órgão público na sua investigação. Em contrapartida, pode receber benefícios como redução de pena e isenção do pagamento de multa.
Segundo defende a Advocacia Geral da União, a iniciativa ajuda no combate à corrupção e, ao mesmo tempo, preserva a atividade econômica e os 500 mil empregos mantidos nas cadeias produtivas afetadas pelas investigações da “Operação Lava Jato”. O Procurador Geral da União, Paulo Henrique Kuhn, representou o governo na reunião.
Objetivos- O GT que vai debater e propor soluções aos impactos negativos da “Operação Lava Jato” na economia, vai funcionar no âmbito de influência das comissões de Fiscalização, Financeira e Controle, presidida pelo deputado Vicente Cândido (PT-SP); da comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; e da comissão de Minas e Energia.
“A expectativa é a de que, além do diagnóstico, o colegiado traga soluções após dialogar com o governo, trabalhadores e empresários visando à preservação das empresas atingidas e os empregos gerados por elas e, consequentemente, o governo com o aumento da atividade econômica e obtenção de receita”, ressaltou Vicente Cândido.
Na próxima semana, representantes do GT, e de sindicatos e empresários do setor já tem agendadas reuniões com os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Armando Monteiro.
Para debater os efeitos negativos da “Operação Lava Jato” na economia e no índice de emprego, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara também conta com a Subcomissão especial que estuda o tema, presidida pelo deputado Jorge Solla (PT-BA).
Héber Carvalho
Foto: Luiz Macedo/Agência Câmara