Deputados petistas defenderam durante audiência pública na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Capadr) a decisão do governo Lula de realizar leilão para importar arroz com objetivo de forçar a redução do preço ao consumidor. Durante o debate, que contou com a presença do ex-secretário de política agrícola do MAPA Neri Geller, para avaliar a necessidade de importar 1 milhão de toneladas de arroz, os petistas lembraram que é dever do Estado garantir a segurança alimentar do povo brasileiro.
O coordenador da Bancada Gaúcha, deputado Marcon (PT-RS), defendeu o leilão para a compra de arroz. Segundo ele, de maneira alguma – ao contrário do que dizem bolsonaristas em seu estado – essa medida está sendo tomada para prejudicar os produtores de arroz do Rio Grande do Sul, o maior produtor do País.
“As evidências dizem que nos últimos 3 anos o melhor preço do arroz foi neste ano, assim como o menor custo de produção. O que ocorre no Rio Grande do Sul é que a produção de arroz está perdendo espaço para a soja e temos que consertar isso. O problema é que ninguém mais aguenta o preço do arroz para o consumidor. Teve supermercado no meu município cobrando R$ 57 o pacote de 5 kg de arroz. O governo tem, sim, que controlar o preço para atender o consumidor”, defendeu.
Leilões
Petistas também ressaltaram que leilões para compra de alimentos por governos são normais. Eles explicaram que a própria Conab tem essa prática histórica, tanto para comprar o excedente de produção garantindo preço mínimo para a agricultura, como para evitar aumentos abusivos de alimentos para o consumidor.
“Leilões todos os governos fazem. É bom que se diga. O que tem nesse momento em relação a este leilão? Há uma tentativa de fazer política contra o governo Lula dizendo que isso vai prejudicar os produtores, e não vai. O que prejudica a agricultura são os juros altos. Temos que ter leilão para controlar os preços, evitando aumento da inflação, para que isso não sirva de justificativa para o Banco Central não reduzir a taxa de juros”, explicou o deputado Bohn Gass (PT-RS).
Na mesma linha, o deputado Pedro Uczai (PT-SC) demonstrou que até o governo passado, apesar da gritaria atual de deputados bolsonaristas, realizou leilões para importação de alimentos.
“O governo anterior fez 26 leilões via Conab. Essa é uma pratica normal e histórica. Qualquer País do mundo que tem uma Conab sabe do papel importante para equilibrar preços e garantir um estoque regulador, algo que existe desde a 2ª guerra mundial”, observou.
O parlamentar catarinense observou ainda a escalada de preços do arroz desde o ano passado. Ele lembrou que em junho de 2022, o preço da saca de arroz (50kg) era de R$ 72,69, aumentando em junho de 2023 para R$ 81,92 e chegando em junho deste ano a R$ 119, após a catástrofe climática no Rio Grande do Sul.
O deputado catarinense ainda criticou os juros altos praticados pelo Banco Central. “Campos Neto é inimigo dos agricultores brasileiros. Para defender a agricultura precisamos reduzir a taxa de juros!”, disse Uczai.
O deputado Valmir Assunção (PT-BA) destacou que a importação de arroz é necessária para evitar os movimentos especulativos que fizeram o preço disparar na prateleira dos supermercados.
“O que estamos discutindo aqui é a especulação que houve nesse País. Quem é responsável para controlar isso? Por isso o governo precisa agir, porque o empresário não vai baixar o preço porque o povo está com fome. É o governo que pode acabar com a especulação que é grande na questão do arroz, para garantir esse alimento para a população”, defendeu.
Héber Carvalho