O trabalho realizado pelo ministro Haddad foi defendido e elogiado por deputados petistas.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (22/5) que a economia do Brasil está no rumo certo com a inflação controlada, crescimento econômico acima do previsto pelo mercado, geração de emprego e desemprego em queda. Durante audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, Haddad rebateu ainda as fake news disseminadas por bolsonaristas em redes sociais sobre uma “piora do cenário econômico”. Segundo ele, a previsão do País é zerar o déficit até o final do ano ou chegar próximo desse cenário, mesmo após ter herdado do governo passado mais de R$ 130 bilhões em despesas não pagas.
“O resultado do 1º quadrimestre (dos indicadores da economia) deste ano, que será divulgado ainda hoje, e que era considerada exagerada pelo mercado, cumpriu nossa expectativa. Temos crescimento econômico, inflação controlada abaixo da meta, contas equilibradas, geração de emprego e previsão de zerarmos o déficit fiscal ou nos aproximarmos disso no final do ano”, disse.
Equilíbrio fiscal
Segundo o ministro Fernando Haddad existe uma forte possiblidade de o Brasil sair de um déficit contratado de mais de R$ 200 bilhões em 2023 para um equilíbrio fiscal até o final de 2024. “O objetivo é zerar o déficit, mas não depende apenas da Fazenda. Depende também da aprovação de medidas enviadas pelo governo ao Congresso. Eu não tenho controle sobre isso, mas estamos negociando”, disse ao citar a aprovação de medidas que reduzem incentivos fiscais, desonerações e subvenções dadas pelo Estado a setores da economia.
Calote de Bolsonaro
Em resposta a acusações de deputados bolsonaristas de que o governo gastou demais em 2023 e terminou o ano com déficit nas contas públicas, Haddad elencou os principais passivos deixados pelo governo Bolsonaro. O ministro destacou que o governo passado deu um calote de R$ 90 bilhões no pagamento de precatórios que deveria ter sido realizado em 2022.
“Pagamos essa dívida (em 2023) porque era um absurdo para a imagem do Brasil não pagar uma sentença transitada em julgada. Isso comprometeria nossa reputação internacional. Significaria que não cumprimos contratos”, explicou.
Ele detalhou ainda outra despesa paga pelo atual governo Lula em 2023, no valor de R$ 40 bilhões, com o pagamento de tributos retirados do valor dos combustíveis, que seriam destinados aos estados. O ministro revelou que, mesmo governadores que apoiaram o ex-presidente Jair Bolsonaro na eleição de 2022, como Romeu Zema (Minas Gerais) e Tarcísio de Freitas (São Paulo), procuraram o governo Lula, no ano passado, para reaver esses tributos retirados dos preços dos combustíveis há poucos meses da eleição.
Inflação artificial
O ministro relembrou também aos deputados Bolsonaristas que essa medida foi adotada pelo então governo Bolsonaro para derrubar a inflação de forma artificial. Ainda assim, ele destacou que os indicadores atuais demonstram que o governo Lula, sem artifícios, tem mantido uma inflação muito menor.
“Os próprios diretores do Banco Central, na época todos indicados pelo governo Bolsonaro, fizeram a conta do quanto seria a inflação de 2022 sem o truque de zerar o imposto dos combustíveis. Deu 8,5% de inflação no último ano de vocês. No nosso governo, a inflação no ano passado deu menos de 4%”, apontou o ministro.
Fake news bolsonarista
O ministro Fernando Haddad também condenou as fake news proferidas por deputados bolsonaristas durante a audiência pública, de que a economia do Brasil “vai de mal a pior”.
“Eu olho o IPCA, para os núcleos (da inflação), para o desemprego (em queda) e a geração de empregos, para o IBGE (dados) e para as notas de crédito de três agências internacionais (S&P, Moody’s e Fitch Rating) e vejo que a economia do Brasil está no rumo certo”, destacou.
Apoio de petistas
O trabalho realizado pelo ministro Fernando Haddad foi defendido e elogiado por vários deputados da Bancada do PT. O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), ressaltou a capacidade de diálogo do ministro da Fazenda.
“Estou nesta Casa desde 2006, meu primeiro mandato. Já convivi com vários ministros de vários governos, e nesse 1 ano e 6 meses de gestão à frente da economia já posso dizer que nunca vi um ministro fazendo o diálogo que você faz com o Congresso e com a Câmara. Vossa Excelência sabe dialogar e eu tributo as conquistas do governo do presidente Lula, em todas as matérias que nós aprovamos, pelo teu apreço ao diálogo”, explicou.
Já o deputado Merlong Solano (PT-PI) disse que “a competência, o equilíbrio e a tranquilidade” de Haddad, “têm sido fundamentais para o clima de credibilidade e a recuperação da confiança dos agentes econômicos” na economia brasileira.
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Críticas à oposição
Petistas, no entanto, também criticaram deputados bolsonaristas que aproveitaram os “holofotes da imprensa” voltados ao ministro Haddad para difundirem informações falsas sobre a economia brasileira. O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) desmascarou a pretensa preocupação dos bolsonaristas com a chamada “responsabilidade fiscal”.
“Contra fatos, contra números, contra resultados, não adianta inventar fake news. Chega a ser engraçado, escutar de alguém que defende o (ex-presidente) Bolsonaro falar em gastança (do atual governo). Foram R$ 759 bilhões gastos pelo governo passado acima das regras fiscais em 4 anos, isso para não falar dos R$ 178 bilhões nas medidas eleitoreiras em 2022”, relembrou.
‘Lacrar’ nas redes
Na mesma linha, o deputado Zé Neto (PT-BA) disse que as críticas dos bolsonaristas são destinadas apenas para tentar ‘lacrar’ nas redes sociais. “Vejo o extremismo de alguns aqui, que falam que são oposição ao governo, mas são na verdade oposição ao País. Não são capazes de perceber que certos temas têm a dimensão de Estado e não podemos ficar na mesquinharia do discurso vazio e com mentiras para a rede social”, destacou.
Já o deputado Paulo Guedes (PT-MG) lembrou que seu homônimo – que foi ministro da Economia do governo passado -, nem mesmo demonstrava respeito aos deputados quando comparecia em audiências públicas na Câmara. “Quando meu xará vinha à Câmara era uma confusão, um tumulto, porque não se tinha certeza de nada. Ele era blindado pelo governo (anterior) que mandava 100 deputados fazerem inscrição e eu mesmo, algumas vezes, nem tive a oportunidade de perguntar”, recordou.
Por sua vez, o deputado Bohn Gass (PT-RS) relembrou que o então ministro Paulo Guedes, ao contrário de Fernando Haddad, também demonstrava todo seu desprezo pelo debate ao fugir de questionamentos.
“No governo passado, quando o ministro da Fazenda vinha para cá nós questionávamos e ele fugia da sessão. Fugia porque não se sustentava no debate e assim éramos impedidos de questionar. E hoje, vimos a mesma coisa, quando a oposição perde o argumento e quer lacrar para não ouvir o que precisa, tentando atrapalhar a fala do ministro porque não tem conteúdo”, acusou.
Héber Carvalho