Deputados do PT na Câmara se disseram felizes com os dados que apontam uma grande redução nas mortes em decorrência do HIV no Brasil. Estudo inédito divulgado esta semana pela revista inglesa The Lancet indica que os óbitos por esta causa no Brasil caíram de 17 mil em 1996 para 10 mil em 2013. Os petistas alertam, entretanto, para a necessidade de fortalecimento das ações de prevenção.
O estudo da The Lancet destaca que o ritmo de queda nas mortes e infecções vem se ampliando desde o ano 2000, quando os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio foram estabelecidos na tentativa de frear o avanço dessas doenças até 2015. “As mortes por HIV/Aids no Brasil caíram de forma mais rápida que a média global, de 1,5% entre 2000 e 2013”, ressalta o relatório da pesquisa.
A publicação cita o Brasil como um país de vanguarda na luta global para garantir acesso a medicamentos antirretrovirais, mas destaca que é preciso fazer mais para salvar as 10 mil vidas perdidas para o HIV todos os anos, desde os anos 90.
Para o presidente da Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) da Câmara, deputado Amauri Teixeira (PT-BA), a pesquisa do periódico inglês atesta que o Brasil “tem uma das políticas mais eficazes para HIV/Aids do mundo”, mas é preciso maior atenção com a prevenção. “Conseguimos ampliar e melhorar o combate, o que aumentou a sobrevida dos pacientes e reduziu muito a mortalidade dessa doença, mas não podemos baixar a guarda. Em alguns segmentos e faixas etárias houve um certo relaxamento quanto à prevenção e não podemos permitir que isso aconteça. Podemos comemorar os dados que apontam a redução significativa das mortes, mas devemos ficar atentos para que não haja um retrocesso”, explica Teixeira.
O deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que presidiu a CSSF em 2013, tem opinião semelhante à do colega. “O Ministério da Saúde tem conseguido tornar cada vez mais universal o tratamento e isso contribuiu para o aumento da expectativa de vida das pessoas com o vírus. Infelizmente, por conta disso, muitas pessoas podem ter relaxado em relação à prevenção e é preciso intensificar o processo de educação para que isso não ocorra”, afirmou Rosinha.
A estimativa é que, em 2013, os casos de HIV/Aids registrados foram da ordem 12 novas infecções para cada 100 mil habitantes – a maioria homens. No mesmo período foram contabilizadas 7.912 mortes por HIV/Aids em homens ante 2.305 em mulheres.
Diagnóstico – Entre 2005 e 2013, o Brasil aumentou em 32% a testagem para HIV na sua população. A cobertura da realização dos exames passou de 28% da população sexualmente ativa (15 a 64 anos), em 2005, para 37%, em 2013. Além desse aumento na população em geral, o Ministério da Saúde vem investindo, em parceria com organizações da sociedade civil, na ampliação do acesso ao teste nas populações mais vulneráveis por meio de unidades móveis de testagem e pelo uso do texto oral. Essas ações permitem ampliar o número de pessoas que conhecem, o mais precocemente possível, sua condição de infectados pelo HIV.
A combinação da ampliação da testagem com o novo protocolo implantado em dezembro de 2013, que oferece o tratamento para todas as pessoas HIV positivas, independentemente de comprometimento do sistema imunológico, faz com que mais pessoas iniciem o tratamento. Como todas as evidências demonstram que pessoas em tratamento reduzem a carga viral a um ponto em que diminui muito a chance de que ela transmita o HIV para outra pessoa, a continuidade dessa nova estratégia implantada no Brasil produzirá uma progressiva redução na prevalência do HIV.
Em 2013, cerca de 40 mil pessoas iniciaram o tratamento. Apenas nos primeiros seis meses deste ano, 35 mil já aderiram, tornando possível a meta do Ministério de oferecer tratamento a 100 mil novas pessoas. Isso significa que essas pessoas deixarão de transmitir o vírus, reduzindo drasticamente a incidência da doença no País em longo prazo.
No período de 2005 a 2013, o Brasil mais que dobrou (2,14 vezes) o total de brasileiros em tratamento, passando de 165 mil, em 2005, para 353 mil em 2013.
Prevenção – De acordo com a o Ministério da Saúde, o Brasil é o país que mais compra e distribui camisinhas no mundo (625 milhões de unidades, em 2013). Atualmente, um dos dez países do mundo, e o único da América Latina, a adotar todas as novas tecnologias de prevenção como a recente ampliação do tratamento aos adultos com testes positivos de HIV, mesmo sem comprometimento do sistema imunológico. Essa medida resultou em um aumento de cerca de 40% no número de pessoas iniciando o tratamento com antirretrovirais nos primeiros seis meses de 2014, em relação ao mesmo período do ano passado.
Rogério Tomaz Jr. com Agência Brasil