Nesta semana se inicia a 28ª Conferência do Clima da ONU (COP 28), nos Emirados Árabes Unidos, com o tema “Unindo a Comunidade Internacional Nas Encruzilhadas do Mundo”. A escolha não poderia ser mais adequada, dado o fracasso dos países signatários do Acordo de Paris em cumprir as metas estabelecidas em 2015 para enfrentar as emergências climáticas. Por isso, esta edição da COP terá a difícil missão de acelerar este processo, ou criar alternativas para que a vida no Planeta não siga ameaçada.
Um dos grandes trunfos deste ano será a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da comitiva brasileira, formada por parlamentares, academia, imprensa, movimentos sociais, ONG’s e empresários. Em 2022, Lula chegou a fazer um discurso como convidado no evento, já que o presidente brasileiro à época sequer compareceu à Conferência. A expectativa em torno da presença do Brasil cresce na medida em que o presidente brasileiro assume o protagonismo internacional na área ambiental, apoiado pela ministra Marina Silva, pela sociobiodiversidade brasileira, mas também pelo histórico de enfrentamento às queimadas e ao desmatamento.
Desde que assumiu o governo Lula tem defendido a aplicação do conceito de “responsabilidade comum, mas diferenciada”. A grosso modo, significa que todos são responsáveis pelo cuidado com o Planeta, mas aqueles que mais poluíram ou desmataram, pagarão mais. Em outras palavras, quer dizer que os Países ricos, que se desenvolveram às custas da destruição ambiental, devem aportar recursos aos países em desenvolvimento, para que estes possam crescer sem trilhar o mesmo caminho.
Uma das fórmulas encontradas para materializar esta política diz respeito ao mercado de carbono, um tema tão complexo quanto espinhoso. Se por um lado ele permite que empresas ou governos “patrocinem” a conservação ambiental em outros Países, se mal aplicado, ele também pode significar a compra de uma licença para seguir desmatando, ou poluindo, colocando em risco inclusive as metas de redução do aquecimento global. Essas nuanças e a dificuldade de compatibilizar os mais distintos interesses demandam lideranças com enorme capacidade de articulação, além do compromisso com a causa ambiental. Neste quesito, o Brasil estará muito bem representado.
(*) Nilto Tatto é deputado federal (PT-SP)