Em clima de comemoração, mas também de reflexão, dezenas de sindicalistas participaram nesta segunda-feira (28) da sessão solene em homenagem aos 40 anos da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Durante os pronunciamentos realizados no encontro, de iniciativa do deputado Vicentinho (PT-SP) – ex-presidente da CUT -, foram relembrados momentos históricos da maior central sindical do Brasil e da América Latina, e a 5ª maior do planeta, além de apontados os desafios que a CUT deve enfrentar nos próximos anos em defesa da classe trabalhadora.
O deputado Vicentinho ressaltou que a sessão solene serviu para relembrar conquistas, rever companheiros e manter acesa a esperança para os próximos 40 anos da CUT. “Às vezes eu me pergunto: o que seria da democracia no Brasil sem a CUT, sem a maior central sindical da América Latina e a 5ª maior do mundo? Tantas lutas, tantos sofrimentos, mas também tantas conquistas. Essa sessão significa o reconhecimento do parlamento à importância da nossa central sindical. Isso para nós é de um valor extremo, e vejam que temos pessoas de todos os estados, e aqui reencontramos companheiros antigos, mas também os jovens. Isso significa que vamos ainda comemorar os próximos 40 anos e que quero estar lá de novo”, disse.
História e luta da CUT
O primeiro presidente da CUT, Jair Meneghelli, se emocionou ao lembrar do evento que culminou com a criação da entidade, em 28 de agosto de 1983, no final do 1º Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat).
“A criação da CUT não é mérito meu, nem do Vicentinho, mas da classe trabalhadora brasileira que, reunida em São Bernardo do Campo, com mais de cinco mil trabalhadores da cidade e do campo vindos de todas as partes do Brasil, enfrentou o frio e decidiu criar a Central Única dos Trabalhadores”, disse indo às lágrimas na tribuna da Câmara.
Ao falar das lutas, Meneguelli lembrou da luta da entidade pela redemocratização do País e pela redução da jornada de trabalho de 48h para 44h semanais, consolidada na Constituinte. “Nosso objetivo agora tem que ser a luta pelas 40h semanais. Só em São Bernardo do Campo e Diadema, a redução de 48h para 44h semanais resultou em 10 mil empregos a mais. Na Europa, já é realidade em alguns países a jornada de 36h semanais”, lembrou.
Já o atual presidente da CUT, Sérgio Nobre, lembrou a caminhada da CUT desde a sua fundação até os dias atuais. Ele destacou que a central passou por momentos difíceis, principalmente nos anos 90, com o neoliberalismo no governo Fernando Henrique, mas que resultou na vitória de Lula para a Presidência pela primeira vez. Segundo Nobre, esse foi o período de maior conquista para os trabalhadores, com desenvolvimento econômico e justiça social.
“No entanto, vimos depois a ascensão da extrema direita, estimulada pela Lava Jato, que tirou direitos e afastou Lula da disputa em 2018 (eleição). Agora, com a vitória de Lula pela 3ª vez, temos o sonho de reconstruir o País e termos um futuro melhor. Nós que estamos construindo a CUT nesses 40 anos, somos uma geração vitoriosa, que deixa um legado para a nova geração que dará seguimento a nossa luta”, afirmou.
Apoio da Bancada do PT
Ao ocupar a tribuna da Câmara para homenagear a CUT, o líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Zeca Dirceu (PR), hipotecou o apoio dos parlamentares do PT à luta da CUT. O líder petista lembrou que, apesar de ter apenas 5 anos quando a CUT foi criada em 1983, pode presenciar o nascimento da entidade em suas constantes idas a São Paulo para visitar seu pai, José Dirceu, naquela época já uma grande liderança nacional do PT.
“E sempre tive, como prefeito da minha cidade e deputado federal uma relação de trabalho, parceria e solidariedade com a CUT. Quero aqui manifestar meu respeito à CUT e oferecer minha ajuda, por meio do diálogo com o governo, para avançarmos nas questões trabalhistas, mesmo nas matérias dentro dessa Casa. Estaremos sempre ao lado dos trabalhadores e das trabalhadoras. Viva a CUT!”, disse.
Após também homenagear a CUT pelos 40 anos, o deputado Airton Faleiro (PT-PA) – que preside a Comissão do Trabalho da Câmara – ressaltou que apoia a luta pelo fortalecimento do setor sindical do País.
“Temos que atualizar as nossas pautas. E como presidente da Comissão do Trabalho quero fazer um desafio: temos que fazer uma reforma sindical. Nessa última semana anunciei que vamos criar uma subcomissão para aprofundar a reforma sindical, em sintonia com o nosso querido ministro Luiz Marinho. Temos produtos a entregar à sociedade, entre eles, a recuperação dos ataques que o movimento sindical sofreu no governo Bolsonaro. Não existe democracia sem sindicalismo forte”, defendeu.
Homenagens
Logo no início da reunião, após um vídeo institucional contando a história da entidade nas últimas quatro décadas, foi realizada uma homenagem a dois ex-presidentes da CUT já falecidos. Por sugestão do deputado Vicentinho, todas as pessoas no plenário se colocaram em pé e aplaudiram, durante um minuto, João Felício e Kjeld Jakobsen. Felício, falecido em março de 2020, presidiu a CUT entre 2014 a 2018. Jakobsen, morreu em dezembro do mesmo ano e comandou a entidade interinamente entre maio e agosto de 2000.
Já os demais ex-presidentes da entidade foram homenageados com um troféu e uma placa alusiva à data oferecida pelo presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues. Foram homenageados o primeiro presidente da central sindical, Jair Meneguelli (1983-1994), o deputado Vicentinho (1994-2000), Artur Henrique (2006-2012) e Sérgio Nobre, atual presidente da CUT (desde 2020).
Luiz Marinho, que presidiu CUT entre 2004 a 2006 – e atualmente ministro do Trabalho do governo Lula -, e Vagner Freitas, que comandou a entidade entre 2012 a 2020 e agora preside o Sesi, foram representados, respectivamente, pelo ex-deputado petista Professor Luizinho e pelo superintendente do Conselho do Sesi, Vagner Pinheiro.
Também discursaram durante a sessão solene os ex-presidente da CUT Artur Henrique; o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues; a presidenta do Sindicato dos comerciários do DF, Geralda Godinho; o ex-deputado federal Professor Luizinho.
Entre os deputados federais do PT, homenagearam a CUT em pronunciamentos Erika Kokay (DF), Reimont (RJ), Jack Rocha (ES), Bohn Gass (RS) e Dandara (MG).
Héber Carvalho