Foto: Gustavo Bezerra
Durante a sessão solene que marcou os 50 anos do Golpe de 1964, parlamentares e participantes ficaram de costas quando iria se pronunciar o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), notório defensor da ditadura militar. O presidente da sessão, deputado Amir Lando (PMDB-RO), solicitou que os presentes encerrassem o protesto, mas não foi atendido e decidiu encerrar a atividade.
Segundo o deputado Amauri Teixeira (PT-BA), o protesto foi um gesto simbólico de resistência à ditadura. “Esse ato improvisado e espontâneo traduziu o espírito de quem resistiu à ditadura. Nós repetimos o que ocorreu nas ruas, nas praças, nas universidades, em pequenos gestos de resistência à ditadura. Permitimos que todos falassem, mas não poderíamos encarar de frente aqueles que fazem apologia à tortura, aos sequestros e assassinatos”, explicou Teixeira.
Para o deputado Pedro Uczai (PT-SC), o protesto deslegitimou a ditadura e o discurso de Bolsonaro. “O Parlamento é o templo da democracia e a ditadura destruiu esse templo em nosso País. Portanto, a atitude de se opor ao discurso – sem proibi-lo – de quem defende a ditadura foi um ato de desagravo a todos aqueles que resistiram à ditadura e a postura de parlamentares como esse [Bolsonaro]”, opinou Uczai.
A deputada Janete Rocha Pietá (PT-SP) também participou do protesto no plenário e criticou a postura de Bolsonaro. “Ele não pode vir aqui e zombar da democracia, não pode se aproveitar de um espaço convocado para homenagear a luta de quem resistiu à ditadura e louvar aquele regime. Além do mais, ficamos em silêncio, mas parece que o silêncio doeu nele, que acabou não falando”, disse Janete.
O deputado Assis do Couto (PT-PR), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, endossou as críticas ao parlamentar conservador. “Neste espaço do Parlamento, seria no mínimo ridículo ouvirmos posições que enaltecem o golpe, a repressão, a violência, o desaparecimento de pessoas”, argumentou Assis do Couto, que fez o pronunciamento em nome da bancada do PT durante a sessão.
Assis do Couto, entretanto, ressaltou a qualidade da homenagem. “Foi uma sessão abreviada pelas circunstâncias, mas ficou a marca importante com a presença dos movimentos sociais, daqueles que lutam pela democracia, e nos não poderíamos nesse momento deixar algo que manchasse a Casa da democracia”, resumiu o presidente da CDHM.
Na abertura da sessão solene, o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), assinou um ato que proclama 2014 como o Ano da Democracia, da Memória e do Direito à Verdade.
Também participaram do protesto contra Jair Bolsonaro a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) e os deputados Alessandro Molon (PT-RJ), Anselmo de Jesus (PT-RO), Edson Santos (PT-RJ), Fernando Marroni (PT-RS), Marcio Macedo (PT-SE) e Padre Ton (PT-RO).
Rogério Tomaz Jr.