Parlamentares da Bancada do PT se revezaram na tribuna da Câmara nesta terça-feira (14) para registrar indignação e pesar com as mortes de Marielle Franco e de Anderson Gomes, que hoje completam 5 anos, um assassinato brutal perpetrado pela milícia do Rio janeiro. “São 5 anos sem respostas, em que o Brasil e o mundo se perguntam quem mandou matar Marielle?”, afirmou o deputado Helder Salomão (PT-ES). Ele considerou importante a decisão do governo Lula, por meio do ministro Flávio Dino (Justiça), de federalizar esse caso.
“Nós precisamos aprofundar a investigação, para que as punições sejam feitas àqueles que não toleram a diversidade, não toleram a democracia e não estão acostumados a conviver com o diálogo, com o contraditório e com o conflito”, afirmou Helder Salomão. O deputado aproveitou para fazer um apelo à Casa para que vote o projeto de resolução nº 305, apresentado por ele, em 2018, logo após o assassinato de Marielle, que cria a Medalha Marielle Franco de Direitos Humanos. “Esta casa, até hoje, não apreciou essa matéria”, lamentou.
O deputado Jorge Solla (PT-BA), ao manifestar pesar pelo assassinado de Marielle e Anderson, também elogiou a federalização das investigações. “Quero registrar a nossa indignação, o nosso luto, 5 anos após essa tragédia, e cobrar publicamente que seja feita a devida investigação e que aqueles que mandaram matar Marielle sejam denunciados e condenados. Não é possível que um crime bárbaro desse continue ainda sem solução, obviamente fomentando que outros sejam cometidos com impunidade”, protestou.
Contribuição às lutas democráticas
A deputada Dandara (PT-MG) frisou que são 5 anos sem respostas, “5 anos de muita luta e pela memória pela trajetória, pela contribuição gigantesca de Marielle às lutas democráticas, nós nunca descansamos”. Ela frisou que não foi por falta de organização, de movimento, de luta, “mas as incontáveis interferências nas investigações nos trouxeram até aqui”. A deputada ainda questionou: “Por que houve tanta interferência na investigação? Por que se mudou tantas vezes quem está conduzindo o caso?”.
Ao prestar solidariedade à família de Marielle, Dandara frisou que “aqueles cinco tiros não foram capazes de matar os sonhos, as causas, as lutas da Marielle”. E acrescentou: “Se nós, mulheres negras, hoje, estamos ocupando cada vez mais espaço no Parlamento, na política, nos espaços de poder, é porque Marielle abriu muitos caminhos para estarmos aqui”, sustentou.
Crime Político
E a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) reforçou que, há 5 anos pergunta quem mandou matar Marielle? “Essa é uma resposta que o estado do Rio de Janeiro ainda não deu aos seus familiares, ainda não deu à bancada do Rio de Janeiro, que sabe perfeitamente que foi um crime, que foi uma execução e que não houve outro motivo senão o político. E, como não encontramos o mandante, é como se pudéssemos considerar que foi uma morte natural, normal, porque, no Rio de Janeiro, matar já está sendo considerado algo natural, principalmente quando se trata de negros e negras”, desabafou.
No caso da Marielle, afirmou Benedita, “foi uma violência política parlamentar, que levou todos nós, nacional e internacionalmente, a entrarmos em choque, porque não há absolutamente nada que possa comprovar um desvio sequer de Marielle. Nós nos orgulhávamos desta mulher negra, que tinha certamente uma carreira na política que foi impedida”.
Para Benedita, Marielle Franco vive! “Ela vive, porque se perpetua no gesto, na vontade, no movimento, no grito que cada uma de nós mulheres, mulheres negras da favela damos. Nós estamos pedindo justiça. Não dá tapar o sol com a peneira e achar que não tem mandante, que não houve outro motivo senão o político”, reiterou.
Dia Marielle Franco
O deputado Tadeu Veneri (PT-PR) também repetiu as perguntas que ainda não foram respondidas até hoje: Quem matou, por que matou e quem mandou matar. Ele reiterou ainda que é legítimo estabelecer o Dia Nacional Marielle Franco de Enfrentamento à Violência Política de Gênero e Raça, proposto pelo governo Lula, a ser comemorado no dia 14 de março, como um marco de resistência, de luta política e de debate sobre a visibilidade, representatividade e segurança de mulheres nos espaços de poder.
“Aqui, nós queremos, sim, fazer uma homenagem a Marielle Franco e ao seu motorista. Não se trata de qualquer pessoa. O motivo não foi uma gripe, não foi um processo qualquer. Ela morreu por estar na luta”, argumentou.
Também usaram a tribuna para pedir justiça por Marielle e Anderson as deputadas Ana Pimentel (PT-MG), Natália Bonavides (PT-RN) e os deputados Alfredinho (PT-SP), Alexandre Lindenmeyer (PT-RS), João Daniel (PT-SE), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Reimont (PT-RJ).
Vânia Rodrigues