Parlamentares, líderes religiosos e representantes da sociedade civil compareceram à Câmara dos Deputados nesta segunda-feira (13) para participar da Sessão Solene em Homenagem à Campanha da Fraternidade da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que tem como tema deste ano “Fraternidade e Fome” e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Durante o evento, todos os discursos apontaram para a necessidade urgente do combate a fome no Brasil, que atinge mais de 33 milhões de brasileiros. A Sessão Solene foi uma iniciativa do líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), e da deputada Juliana Cardoso (PT-SP), apoiada ainda por dezenas de parlamentares petistas e de outros partidos.
Na abertura da sessão, foi apresentado um vídeo institucional sobre a Campanha da Fraternidade, no qual o Papa Francisco ressalta a importância da reflexão sobre este problema do País. O Papa destacou que, mais do que uma campanha compreendida entre o período da Quaresma (Quarta-Feira de Cinzas até a Quinta-Feira Santa, antes da comemoração da Páscoa), o combate a fome tem que vir acompanhada de uma ampla mobilização da sociedade e de ações governamentais para superar a fome no País.
O deputado José Guimarães ressaltou que, apesar do atual governo Lula ter herdado do governo anterior a triste realidade de 33,1 milhões de brasileiros passando fome, e 125 milhões (mais da metade da população) em algum grau de insegurança alimentar, iniciativas têm sido tomadas para reverter essa situação e tirar novamente o Brasil do Mapa da Fome, como já ocorreu durante os governos do PT.
“Através de uma ampla rede de proteção social, envolvendo vários programas e ações, os governos do presidente Lula e da presidenta Dilma tiraram 14,3 milhões de famílias, ou 45 milhões de brasileiros da pobreza extrema. Com o governo Bolsonaro, infelizmente, voltamos ao Mapa da Fome. Agora o governo Lula volta a reestruturar a Rede de Proteção Social do País e o Plano Emergencial de Combate à Fome e a Pobreza é prioridade”, disse.
O petista destacou que uma dessas ferramentas é o novo Bolsa-Família. Guimarães lembrou que, a partir do próximo dia 20 de março, começa a ser pago o novo Bolsa Família. Além dos R$ 600 a famílias vulneráveis, o novo Bolsa-Família vai pagar ainda R$ 150 para cada criança de 0 a 6 anos, além de R$ 50 reais para cada mulher gestante e o mesmo valor para cada criança ou adolescente dessas famílias de 7 a 18 anos.
Caminho para superação da fome
O líder da Bancada na Câmara, deputado Zeca Dirceu (PR), parabenizou a iniciativa e ressaltou que a partir de agora o País começa a trilhar um novo caminho para superar a fome no País. “Nós já tomamos decisões importantes recentemente que com certeza já começam a ajudar o Brasil a vencer a fome. A importância que teve a aprovação da PEC do Bolsa Família. Isso abriu um espaço orçamentário de investimentos e recursos que estão sendo fundamentais para, por exemplo, a gente assistir o relançamento das políticas nacionais no que diz respeito à merenda escolar. Para muitas crianças as principais refeições se dão na escola”, explicou.
O líder petista citou ainda como exemplo de compromisso com a erradicação da fome no País a reinstalação do Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional). “A mensagem é clara: O Brasil mudou, o povo foi às urnas e decidiu por essa mudança. O combate à fome volta a ser prioridade do País”, disse.
Momento de Reflexão
Ao lembrar que essa é a terceira vez que a CNBB escolhe o tema da fome para a Campanha da Fraternidade (1975,1985 e 2023), realizada desde 1962, a deputada Juliana Cardoso ressaltou que nesse período da Quaresma a sociedade precisa se conscientizar da importância do combate à fome, associada à garantia de outros direitos.
“Estamos em um momento importante da nossa sociedade, onde acredito que junto com o nosso governo, temos que fazer uma reflexão sobre a reconstrução do nosso País, pensando nas políticas públicas para as pessoas que precisam se alimentar agora, mas que também precisam estar associadas a outras políticas públicas, com ode educação, saúde, trabalho, renda, cultura e esporte”, afirmou.
Ao explicar a motivação para a escolha do tema da fome para a Campanha da Fraternidade de 2023, o Secretário-Geral da CNBB, Dom Joel Portella Amado, disse que essa foi uma imposição da realidade social vivida pelo País nos últimos anos.
“Além das pesquisas que demonstram o aumento da fome no Brasil, temos o cotidiano das nossas comunidades e das pastorais sociais, as quais no contato direto com a população tem experimentado o clamo pelo alimento. Não há como, diante da fome, permanecer na inércia. Se a fome de uma pessoa deve nos incomodar, como não pensar na fome de milhões de irmãos e irmãs nossos? ”, indagou o religioso.
Apoio da Bancada do PT
Vários parlamentares petistas discursaram no plenário em apoio à Campanha da Fraternidade da CNBB, entre eles, o deputado Vicentinho (PT-SP). Ele disse que a CNBB acerta ao realizar a campanha da fraternidade com este tema. Segundo ele, é inadmissível que tantas pessoas passem fome em um País que exporta alimento para todo o mundo.
“Esta fome que a campanha se refere não é aquela fome negada pelo negacionistas, inclusive seu líder (Bolsonaro) que dizia que não via ninguém passando fome. Não é a fome que faltam 10 minutos para almoçar e a gente fala “estou morrendo de fome”. É a fome que este companheiro de vocês já viveu que é comer pouco para não faltar. Essa fome que maltrata e está atingindo o nosso povo é inaceitável. Por isso, parabéns à nossa campanha da fraternidade colocada neste ano em momento tão importante da caminhada que estamos fazendo”, afirmou.
Também discursaram durante a Sessão Solene os deputados petistas Luiz Couto (PB), Erika Kokay (DF), Bohn Gass (RS) e Odair Cunha (MG), além do Secretário Nacional de Participação Social da Secretaria-Geral da Presidência da República, Renato Simões; do Secretário de Economia Solidária do Ministério do Trabalho, Gilberto Carvalho; da representante da Conferência dos Religiosos do Brasil, Sueli Bellato; e do Articulador das Comunidades Eclesiais de Base do Brasil, José Rodrigues de Lima.
Héber Carvalho