Seminário aponta alternativas para o combate à fome e a segurança alimentar no próximo governo Lula

Foto: Gabriel Paiva

O combate à fome precisa fazer parte de todos os ministérios do novo governo Lula. A afirmação é do deputado Padre João (PT-MG), que coordenou nesta quarta-feira (23), o Seminário Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e Combate à fome. Promovido pela Frente Parlamentar de Segurança Alimentar e Nutricional (FPSAN) da Câmara dos Deputados, o seminário discutiu o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan) e o combate à fome na agenda do governo Lula.

Padre João explicou que, embora a política de segurança alimentar do combate a fome seja bem transversal, ela tem que ser presente em todos os ministérios, mas é preciso ter um carro chefe que consiga influenciar politicamente. “E essa influência política se dará através da Casa – Congresso Nacional – de interação com os deputados e com interação com a sociedade. Só assim teremos força política para recuperar o que tínhamos construído através das conferências”, argumentou.

O parlamentar também destacou que além de recuperar o que foi feito nos governos Lula e Dilma Rousseff, é preciso ter mais programas a curto prazo para combater à fome e a insegurança alimentar, que tem crescido no Brasil com os desmontes promovidos pelo governo Bolsonaro.

Sistema de Proteção Social

Adriana Aranha, representante da Secretária Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do PT, lamentou a retomada da fome no Brasil. Atualmente mais de 33 milhões de brasileiros estão passando fome e mais de 125 milhões estão em situação de insegurança alimentar.

“É importante que para enfrentarmos a fome, no primeiro dia de governo, a gente retome a questão do reajuste do salário mínimo, nós achamos que isso é fundamental. A outra questão que é muito importante é recolocar os programas de transferência de renda com uma garantia associado ao Sistema de Proteção Social. É reajustar o programa de alimentação escolar, retomar o programa de alimentação da aquisição da compra de Agricultura Familiar e retomar o programa de cisterna. Esses programas são emergentes e urgentes”, destacou Adriana Aranha.

De acordo com Adriana, a retomada da fome não está associada diretamente a pandemia da Covid-19, mas aos desmontes propositais do governo Bolsonaro. “O primeiro ato desse governo foi acabar com o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) Nacional”, criticou.

Segurança alimentar

Para o deputado Patrus Ananias (PT-MG), ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, a questão da segurança alimentar voltou a ser um problema delicado e um desafio para o Brasil. “Se a fome é inaceitável em qualquer lugar do mundo, um ser humano passar fome, no Brasil é muito mais grave, porque nós somos um país continental, nós somos um país belíssimo, nós podemos produzir alimento o ano inteiro com todos os nossos excessos e desperdícios sob o comando do poder econômico ainda somos a maior reserva de água do mundo”.

Patrus Ananias ressalta que a segurança alimentar dos brasileiros é uma questão fundamental nesse momento. “É fundamental nós garantirmos a todas as pessoas, a todas as famílias e comunidades do nosso país esse direito fundamental que é a alimentação”. E disse que as equipes de transição vão trabalhar para revogar e recuperar leis. “As prioridades vão ser para recuperar e garantir a aplicabilidade da Losan, nossa Lei Orgânica de Segurança Alimentar, e retomar os Conseas em todas as dimensões”.

 

Foto: Gabriel Paiva

Direito humano inalienável

Já a deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirmou que a alimentação é um direito humano inalienável. “Em matéria de Direitos Humanos é tão importante o ar que se respira, o alimento que ingere, quanto a liberdade que se vive. Não há uma hierarquia em matéria de diretos humanos, porque todos estão alinhavados de uma forma tal que ou existem ou não existem. E uma grande parcela da população brasileira está a margem de direitos fundamentais”.

Foto: Gabriel Paiva

A deputada, que também integra a equipe de transição do governo Lula, disse que “tudo está desmontado” e explicou porque o governo Bolsonaro atacou o Consea. “O Consea foi atacado para que prevalecesse a lógica do veneno, para que prevalecesse a lógica do lucro, da exploração e da destruição do direito à alimentação adequada. Quando nós debatíamos o tema da segurança alimentar nutricional e criávamos políticas públicas neste país nos estávamos em um patamar, hoje nós estamos muito abaixo dele. Recuperar aquilo que já tínhamos e avançarmos, significa em primeiro lugar recuperar orçamento público, porque nós não temos recursos, hoje, para cumprir as metas que estão colocadas”, denunciou.

Para Rosário, o Congresso Nacional tem que votar o mais rápido possível a PEC do Bolsa Família. “Eu acho que nós que estamos no Parlamento devemos nos somar no processo de transição exigindo que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal votem no mais breve espaço de tempo a PEC do Bolsa Família, incluindo tudo que for necessário e não permitindo, como o presidente Lula disse: ‘Que o ajuste fiscal mantenha as pessoas na fome’. Vai depender de nós”.

Para a deputada Erika Kokay (PT-DF), a fome de pão, de alimento, leva a outras fomes. “Leva à forma de dignidade, de cidadania, por isso tem razão o deputado Patrus ao dizer que seria o patamar inicial para a consideração de uma existência na sua plenitude humana, que são os direitos humanos”.

Teto de Gastos

O deputado José Ricardo (PT-AM) falou das dificuldades que o presidente Lula vai enfrentar ao assumir a presidência em 2023. A primeira será romper com o teto de gastos que congelou por 20 anos os gastos públicos. “Lula nem assumiu e já tem que negociar com as mesmas figuras que deram sustentação a esse governo que está acabando agora. Não é fácil. Vai ter muita dificuldade para recompor toda a questão econômica”.

Mas para ele, como Lula já passou fome e “chora porque as pessoas estão passando fome, porque estão sem emprego e sem trabalho” ele vai enfrentar todas as dificuldades.  “Ele precisa do apoio de todo mundo, não só da base parlamentar, mas da sociedade. Eu acho que esse é um papel muito importante dos conselhos”, disse José Ricardo. Ele reafirmou o compromisso de lutar de todas as formas pela segurança alimentar do povo brasileiro.

Na avaliação do deputado Bohn Gass (PT-RS), não há como fazer um governo democrático mantendo o teto de gastos e o orçamento secreto. “O teto de gastos é a maior farsa que o mercado quer impor numa disputa ideológica”, afirmou e citou a afirmação da presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), de que “o mercado não passa fome”. “Esse debate nós temos que fazer, ter o Consea de volta, ter conferências, que é o que vocês estão falando aqui, é para nos mudarmos”.

Foto: Gabriel Paiva

Grupos de Transição

O deputado Pedro Uczai (PT-SC) representou o grupo de Transição do Desenvolvimento Agrário e afirmou que a proposta é que o Desenvolvimento Agrário não faça mais parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e seja um novo ministério. “Nós queremos um novo ministério, maior e mais robusto, com maior interferência em várias áreas da produção e da distribuição. Consequentemente, nós temos consenso que a área do meio ambiente, agroecologia, produção de alimento saudável orgânico, assistência técnica, como a Emater, virá para esse ministério”.

Ele informou ainda que parte dos órgãos de pesquisa como a Embrapa e Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) poderá fazer parte do novo ministério.

“Nós precisamos montar o Ministério de Desenvolvimento Agrário para produzir comida. Nós precisamos da Embrapa para termos pesquisa, para produzirmos comida sem veneno”, afirmou o depurado Marcon (PT-RS).

Foto: Gabriel Paiva

Marcon também falou sobre quem planta comida sem veneno e as dificuldades das cooperativas. “Comida sem veneno está indo para o fim, porque a produção é muito baixa. Falo porque a minha cooperativa, daquelas que o Lula falou no debate da produção de arroz orgânico lá no Rio Grande do Sul, e não é fácil. Tem que trabalhar três vezes mais que na plantação do arroz convencional. Estou falando do arroz que é maquinado. Uma horta, o feijão, tem que trabalhar. Então, tem que a ter a Embrapa, para ter pesquisa para ajudar nesse setor. Precisamos voltar às políticas antigas que tinhamos nos governos Lula e Dilma”.

Também participaram do debate representantes do Instituto Fome Zero, do Colegiado dos Conselhos Estaduais de Segurança Alimentar e Nutricional (CPCE), da Conferência Nacional Popular por Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (CNPSSAN), da Fian Brasil, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

Lorena Vale

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Postagens recentes

CADASTRE-SE PARA RECEBER MAIS INFORMAÇÕES DO PT NA CÂMARA

Veja Também

Jaya9

Mostbet

MCW

Jeetwin

Babu88

Nagad88

Betvisa

Marvelbet

Baji999

Jeetbuzz

Mostplay

Melbet

Betjili

Six6s

Krikya

Glory Casino

Betjee

Jita Ace

Crickex

Winbdt

PBC88

R777

Jitawin

Khela88

Bhaggo