Paulo Teixeira cobra explicações de Bolsonaro sobre origem de recursos para compra de 51 imóveis em dinheiro vivo

Deputado Paulo Teixeira. Foto: Elaine Menke/Câmara dos Deputados

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) cobrou da tribuna da Câmara, nesta quarta-feira (31), explicações do presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre a compra de 107 imóveis pela família dele desde a década de 1990, sendo que 51 deles adquiridos em “dinheiro vivo”. Ao discursar no tempo da Liderança do PT, o parlamentar disse que o povo brasileiro tem o direito de saber a origem destes recursos. Ele lembrou que a família de Bolsonaro já foi acusada de envolvimento com a milícia no Rio de Janeiro e da prática do crime conhecido como “rachadinha”, apropriação de parte do salário de funcionários contratados em gabinetes.

“Em primeiro lugar, qual é a razão de comprar com dinheiro em espécie? Em segundo lugar, por que não passou por transações bancárias? Em terceiro lugar, qual é a origem do dinheiro, já que esta mesma família é acusada de ter fortes vínculos com o crime organizado, fortes vínculos com a milícia? Esses parlamentares contrataram a família do chefe do “escritório do crime”, o Adriano, no Rio de Janeiro. Também, eles são acusados da prática de rachadinha, isto é, coletar recursos dos assessores e se apropriarem dos recursos dos assessores para fins pessoais. Esse dinheiro (a origem dele) precisa ser explicado”, disse o parlamentar.

Segundo reportagem do site UOL, a aquisição desses 51 imóveis com dinheiro em espécie registradas em cartório totalizaram R$ 13,5 milhões. Em valores corrigidos pelo IPCA, este montante equivale atualmente a R$ 25,6 milhões.

Mulheres

Durante o pronunciamento, o deputado Paulo Teixeira também questionou o discurso de um parlamentar aliado do governo que afirmou que o presidente Bolsonaro “apoia as mulheres”.  Paulo Teixeira lembrou que o próprio presidente disse em um evento público que teve quatro filhos homens, e que depois deles, “teria fraquejado” e tido uma mulher como filha caçula.

“Isso é um ataque sem tamanho à dignidade das mulheres. Todos sabem da importância das mulheres na sociedade brasileira, da grande liderança que as mulheres exercem. Para ele, elas são seres frutos de uma fraquejada”, lembrou o parlamentar.

O parlamentar destacou ainda que, no último domingo, o presidente Bolsonaro provou mais uma vez que não tem respeito pelas mulheres. Ele relembrou que, ao ser perguntado pela jornalista Vera Magalhães durante um debate na TV sobre a responsabilidade dele no agravamento da pandemia por ser contra a vacina, e não ter se vacinado, Bolsonaro disse: “Vera, não podia esperar outra coisa de você. Acho que você dorme pensando em mim. Deve ter alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido em um debate. Uma vergonha para o jornalismo brasileiro”, atacou.

“Olhem como ele trata uma mulher jornalista! Olhem como ele trata uma mulher jornalista! É um machista! É um misógino!”, criticou Paulo Teixeira.

Custo de vida

O parlamentar disse ainda no pronunciamento que as mulheres, não valorizadas por Bolsonaro, são as que mais sofrem com a crise econômica e social instalada atualmente no País. Segundo ele, com o menor salário mínimo desde o Plano Real, as mulheres não têm mais condição alimentar adequadamente seus filhos, diante do alto preço dos alimentos.

“A carne está afastada do consumo diário do povo brasileiro, O preço do leite é inacessível: está R$ 8 o preço do leite! Como se vai dar leite para as crianças e para os idosos? Não dá para sustentar a casa com o arroz caro, com o feijão caro, com o óleo caro, com o botijão de gás caro”, observou o petista.

Ao encerrar o discurso, Paulo Teixeira também denunciou o caráter eleitoreiro do aumento dado ao auxílio emergencial, que subiu as vésperas das eleições de R$ 400 para R$ 600. O parlamentar lembrou que, no início da pandemia, o governo Bolsonaro queria dar um auxílio de apenas R$ 200, enquanto a Oposição defendeu desde o início os R$ 600. Ele ainda destacou que o mesmo governo Bolsonaro deixou o povo mais pobre do País sem o auxílio durante 4 meses (dezembro de 2020, janeiro, fevereiro e março de 2021), em plena pandemia.

“E, na véspera da campanha, ele aumenta, sendo que, na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), propõe que ano que vem baixe para R$ 400. Esse é um pacote eleitoral! Parece aquele namorado, que trata mal a namorada o ano inteiro e, no dia dos namorados, traz um bombom amassado”, comparou o petista.

 

Héber Carvalho

 

 

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