Representantes e militantes de entidades e organizações da sociedade civil, com apoio de parlamentares de esquerda – principalmente do PT – declararam nesta terça-feira (2) total confiança nas urnas eletrônicas e repudiaram todo e qualquer ato de violência política de cunho eleitoral. Durante o ato organizado pela Coalização em Defesa do Sistema Eleitoral – iniciativa que reúne mais de 200 entidades e organizações -, realizado no Senado, o presidente Jair Bolsonaro foi acusado de tentar “melar” as eleições ao criticar o sistema eleitoral e de incitar discursos de ódio que resultou, por exemplo, no assassinato do tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda.
Na abertura do evento, a representante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), Tânia Oliveira, apresentou a relação de entidades que fazem parte da Coalizão. Além da própria ABJD, também compõem essa aliança em defesa da democracia a CUT, a FUP, a APIB, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Grupo Prerrogativas, o MST, o MTST, os Policiais Antifascistas, o Conselho Nacional de igrejas Cristãs (Conic), a Comissão Brasileira de Justiça e Paz da CNBB, a Associação de Juízes pela Democracia (AJD) e a Coalização Negra por Direitos, dentre outras.
Representando o movimento sindical, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, disse que os trabalhadores confiam no atual sistema eleitoral do País e rechaçam qualquer tentativa de não se reconhecer o resultado das eleições de outubro.
“Democracia, para nós trabalhadores, não é apenas o direito de votar, mas termos o direito de reivindicarmos nossos direitos. Em uma ditadura isso se perde, assim como a classe trabalhadora perde o direito de ter seus sindicatos e seus líderes são presos. Por isso dizemos não a esses ataques ao sistema eleitoral, eles não irão prevalecer”, afirmou.
Já em nome da Associação de Juízes pela Democracia (AJD), o desembargador Marcos Pinheiro lamentou que em pleno século XXI ainda seja necessário defender a democracia no Brasil.
“Nós juízes quando tomamos posse juramos defender a Constituição, e isso não se faz apenas dentro dos gabinetes quando analisamos um processo, mas deve ser feito a todo momento. Nós da AJD não ficaremos calados vendo o sistema eleitoral ser ameaçado diuturnamente como temos visto neste País”, declarou.
Petistas manifestam confiança nas urnas eletrônicas
Ao falar em nome da Bancada do PT na Câmara, o líder do partido, deputado Reginaldo Lopes (MG), ressaltou que os deputados petistas não vão aceitar contestações ao resultado das urnas nas próximas eleições.
“Esse movimento é fundamental para reafirmarmos a nossa democracia e a confiança no nosso sistema eleitoral, que é um dos mais seguros e modernos do planeta. Não aceitaremos um golpe, como o que Bolsonaro planeja e deixou claro na reunião que teve com embaixadores para criticar as urnas eletrônicas. Vamos defender com intransigência a democracia”, observou.
Impossibilitada de comparecer ao evento, a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), enviou um vídeo em que reiterou a confiança do partido no sistema eleitoral.
“A defesa do sistema eleitoral, dos ataques feitos pelo presidente Bolsonaro, precisa ser reafirmada para preservarmos a nossa democracia. Não iremos repetir qualquer outra ação que não seja aceitar o resultado das urnas eletrônicas e a vontade do povo”, frisou.
O líder da Minoria na Câmara, deputado Alencar Santana Braga (PT-SP), destacou que na atual conjuntura brasileira “é preciso defender o óbvio” diante dos ataques do presidente Bolsonaro e de seus apoiadores ao sistema eleitoral brasileiro.
“Estamos dizendo aqui que confiamos no processo eleitoral. Essa não é a primeira eleição em que vamos usar a urna eletrônica. Se fosse até poderia haver alguma dúvida. Este presidente comete crime quando levanta dúvidas sobre o nosso sistema eleitoral, como o que ele fez quando convocou embaixadores para atacar as urnas eletrônicas”, destacou.
Repúdio à violência política
Durante o Ato também foram condenados atos de violência política cometidos por bolsonaristas no País, como o caso mais recente do assassinato do tesoureiro do PT, Marcelo Arruda, morto a tiros enquanto comemorava seu aniversário com a família e amigos, em Foz do Iguaçu, tendo como tema da festa o PT e Lula. Em vídeo, a presidenta nacional do PT ressaltou que o partido repudia atos de violência política.
“Importante lembrar do companheiro Marcelo Arruda que, como outros, assim como Marielle Franco, morreram por motivação políticas e por crimes de ódio. Esse não é o Brasil que queremos ou o que o povo brasileiro merece. Nossa escolha é a democracia, é vencer a violência e o retrocesso. Nós queremos paz e um País melhor para todos e todas”, explicou Gleisi Hoffmann.
Sobre uma possível escalada de violência da parte de bolsonaristas, o deputado Alencar Santana Braga lembrou durante o evento que já foi feita uma proposta à Justiça Eleitoral para trazer mais tranquilidade ao País no dia da eleição, em 2 de outubro.
“Temos que colocar um basta nessa escalada de violência. Imagine uma pessoa a serviço da justiça eleitoral, ou parte da população, com medo de sair as ruas no dia eleição. Por isso protocolamos uma ação na Justiça Eleitoral pedindo que seja suspenso o porte de armas no dia da eleição, e que apenas os profissionais da segurança púbica, em serviço, possam tê-lo. Não queremos que o dia da eleição se torne um domingo sangrento”, advertiu.
Presente ao encontro, o advogado da família de Marcelo Arruda, Daniel Godói, disse que a morte do tesoureiro do PT é um “exemplo trágico dos últimos tempos envolvendo a instigação de discursos de ódio”.
“No entanto, a família espera que as pessoas não se deixem abater com a violência, porque é a resistência que vai derrotar o fascismo. Em nome da família agradeço a solidariedade que tem ajudado a família nuclear (esposa e filhos) de Marcelo Arruda a passar por tudo isso”, disse o advogado sendo sucedido pelas palavras de ordem dos presentes no plenário: “Marcelo, presente! Hoje, e sempre”.
Também discursaram durante o evento os deputados Bohn Gass (PT-RS) e Rogério Correia (PT-MG), o senador Humberto Costa (PT-PE) – por vídeo -, além de parlamentares do PCdoB, PSOL e Cidadania. Pelas entidades e organizações se pronunciaram representantes do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, dos Policiais Antifascismo, do MTST, da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CNBB), da Central de Movimentos Populares (CMP), da Coalização Negra por Direitos e da UNE.
Também compareceram ao ato o líder da Minoria no Congresso, deputado Afonso Florence (PT-BA), o deputado Enio Verri (PT-PR), além de embaixadores e representantes das embaixadas da Alemanha, Áustria, Bélgica, Sérvia, União Europeia, Eslováquia, Suíça, Austrália, Portugal, Irlanda, Guiné-Equatorial e Eslovênia.
Assista o ato na íntegra:
https://www.facebook.com/ptnacamara/videos/601226348245941
Héber Carvalho