A Bancada do PT na Câmara apresentou projeto decreto de legislativo para sustar o despacho do ministro da Educação do governo Bolsonaro, Milton Ribeiro, que proíbe as universidades federais de cobrarem dos estudantes a apresentação do comprovante de vacinação contra a Covid-19 para o retorno das atividades presenciais. Na ação assinada por todos os parlamentares do partido – encabeçada pelo líder da bancada, deputado Reginaldo Lopes (MG) – a decisão do ministro é taxada como uma interferência na autonomia administrativa das universidades federais, além de uma medida negacionista.
“O despacho do ministro da Educação interfere de forma inconstitucional nas gestões das Universidades Federais (autonomia), além de se apegar a questões ideológicas e negacionistas no enfrentamento correto da pandemia – que se dá principalmente através do processo de vacinação -, tudo em detrimento da ciência, da saúde e da segurança sanitária dos estudantes e da coletividade”, afirma a Bancada do PT no texto do projeto.
Os petistas também rebatem o argumento apresentado no despacho do ministro de que a exigência do comprovante seria um “meio indireto à indução à vacinação compulsória”, o que somente poderia ser determinada por lei, citando como justificativa as Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs 6.586 e 6.587).
Direitos fundamentais
O projeto da Bancada do PT aponta que a justificativa do Ministério da Educação não se sustenta. O texto cita a própria ADI 6.586, do STF, que ao afirmar que a vacinação não pode ser forçada também destaca que a obrigatoriedade da vacinação pode “ser implementada por meio de medidas indiretas”. Dentre essas, “a restrição ao exercício de certas atividades ou a frequência de determinados lugares”.
De acordo com os parlamentares petistas, além de não violar direitos fundamentais ou interferir na autonomia privada dos estudantes ou de seus familiares, a exigência do comprovante de imunização “é uma medida de saúde pública individual e coletiva, que vai contribuir para refrear o avanço da doença e assegurar o retorno à normalidade sanitária”.
“Trata-se de decisão amplamente apoiada pela comunidade médica e científica, que não pode ser descontinuada por crenças individualistas, negacionistas e, acima de tudo, inapropriadas para o correto enfrentamento da crise sanitária que nos assola e que conta, nesse momento, com ameaças de novas variantes, disseminadas principalmente por aqueles que, podendo, ainda não se imunizaram”, destaca o texto do projeto.
A proposição será protocolada no sistema da Câmara dos Deputados no final do recesso parlamentar.
Héber Carvalho