O líder do PT na Câmara, deputado Bohn Gass (RS), a presidenta Nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR) e vários parlamentares da bancada petista usaram a tribuna nesta quarta-feira (1º) para reforçar o compromisso do partido com a democracia, com os movimentos sociais e com a defesa da vida e para confirmar a participação no Grito dos Excluídos, manifestação pacífica por saúde, comida, moradia, trabalho e renda, que acontece no dia 7 de setembro.
A deputada Gleisi Hoffmann afirmou que o Partido dos Trabalhadores e das trabalhadoras estará junto com o Grito dos Excluídos no 7 de setembro, lutando pelas reais necessidades do povo. “Não vamos para a rua para ficar falando sobre voto impresso, para brigar com o Supremo Tribunal Federal, para querer fazer escalada de violência ou autoritarismo. Essa não é a pauta do povo. A pauta do povo hoje é emprego, é renda, é comida na mesa. As pessoas estão comendo menos porque não têm dinheiro. Fazem uma alimentação por dia, às vezes, pulam um dia para se alimentar no outro. É triste ver, num país como o Brasil, que é produtor de alimentos, o seu povo passando fome”, lamentou.
A presidenta do PT enfatizou que é esse o papel do partido. “O nosso dever é estar nas ruas no 7 de setembro. Não é para brigar, não é para confrontar, não é para fazer violência; é para dizer o lado que nós temos, o lado em que nós estamos”, afirmou, ao acrescentar que lamenta que o presidente da República, Jair Bolsonaro, convoque “a sua tropa para ir às ruas para fazer arruaça, ameaçar Supremo Tribunal Federal, falar contra a democracia”.
Gleisi citou ainda a notícia divulgada hoje na impressa sobre um prefeito que foi preso pela Polícia Federal, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com R$ 505 mil para pagar atos pró-Bolsonaro, “porque esses atos que ele está chamando para o dia 7 é para benefício dele, para ele se conservar no poder, enquanto o povo passa fome, enquanto o povo está desempregado. A agenda de Bolsonaro não tem nada a ver com a realidade do povo brasileiro!”, protestou.
Não ao golpe, sim à democracia
O líder Bohn Gass lembrou os cinco anos do golpe que tirou do poder a presidenta legítima Dilma Rousseff. “Passaram-se cinco anos e o País foi destruído pela lógica dos golpistas, que venderam as estruturas, entregaram o patrimônio brasileiro (…) O Brasil está ao abandono. Por isso, vamos às ruas. Estamos chamando, juntamente com o Grito dos Excluídos, a Frente Brasil Popular, a Frente Povo Sem Medo, para fazermos mobilizações no Brasil inteiro, nesse dia 7 de setembro, dizendo: Não ao golpe! Não a atitudes ditatoriais! Sim à democracia! Fora, Bolsonaro! É isso que o povo precisa fazer para dizer os valores que a democracia tem, que são o respeito e a soberania do nosso País”, destacou.
A vida em primeiro lugar
Ao convocar para as manifestações do 7 de setembro, o deputado Padre João (PT-MG) informou que neste 2021 completam-se 27 anos que se celebra, nas ruas, o Grito dos Excluídos. “São 27 anos que vamos às ruas para gritar por direito, por cidadania, por vida em primeiro lugar. Será o 27º Grito dos Excluídos, com o tema ‘Na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda já!’ e o lema ‘Vida em primeiro lugar’. Inclusive, ele recupera o tema do 1º Grito dos Excluídos, em 1995, que foi Vida em primeiro lugar. Neste ano, retomamos também a vida em primeiro lugar”, explicou.
O deputado também destacou os vários eixos da pauta do Grito dos Excluídos deste ano. O primeiro é terra, território, teto, pois a esperança está na organização popular; o segundo é juventude, protagonismo juvenil e participação popular; o terceiro é vacina já, para todas e todos; o quarto é soberania, princípio democrático; o quinto é militarização, racismo e preconceito; o sexto é mulheres, equidade de direito; e o sétimo é esperançar, nós podemos reinventar o mundo. “Sim, nós podemos reinventar o mundo”, afirmou.
Padre João garantiu ainda que não será a chantagem deste “presidente genocida e corrupto que vai intimidar as lideranças de pastorais, sindicais, dos movimentos populares a irem às ruas neste 7 de setembro, porque, mais do que nunca, temos que tramar por vida, por democracia, por direitos”. O deputado acrescentou que são milhões de brasileiras e brasileiros passando fome, na miséria. São milhões de desempregados. “E este governo insensível tem a cara de pau de dizer que é para comprar fuzil em vez de feijão. É um governo que tem os seus cúmplices genocidas aqui nesta Casa, que não têm coração nem mente”, denunciou.
Dia de luta popular
Ao falar sobre os atos marcados para o dia 7 de setembro, o deputado Nilto Tatto (PT-SP) destacou que a extrema direita, “utilizando-se de técnicas típicas do fascismo, busca amedrontar a população séria e decente do País, para colocar o Estado Democrático de Direito de joelhos e dar ao Bolsonaro a ditadura que ele sempre sonhou comandar”.
“Mas, assim como, com muita luta, acabamos com a ditadura há 36 anos, o 7 de setembro é também um dia de luta popular. O grito dos excluídos ocorrerá em todo o Brasil. E também estaremos nas ruas para dizer alto e bom som que a maioria da população não tolera mais este governo da fome, da miséria, da morte, do desemprego, que afundou a economia e que não tem projeto para a educação, saúde, segurança”, afirmou Nilto Tatto.
Grito pela democracia
O deputado Helder Salomão (PT-ES) manifestou sua indignação com a política econômica do governo Bolsonaro. “Nós vivemos uma situação dramática e o preço dos alimentos está cada vez nos assustando mais, porque, enquanto o salário mínimo está congelado, e o reajuste se dá por meio do índice da inflação, os preços estão disparados nos açougues, nas mercearias, nos supermercados, assim como o preço do gás de cozinha e dos combustíveis estão cada vez mais altos”, protestou o deputado, acrescentando que enquanto “nós tivermos um governo que vira as costas para o povo, um governo que faz ameaças à democracia com ações e manifestações autoritárias, como a que está sendo anunciada para o dia 7 de setembro, nós não veremos dias melhores para o nosso Brasil”.
“Por isso, nós vamos, sim, no dia 7 de setembro, mostrar a força do povo brasileiro, no Grito dos Excluídos, em todo o Brasil. Não um grito autoritário como o grito do presidente Bolsonaro, mas um grito pela democracia, um grito pelos direitos, um grito para que efetivamente o nosso País tenha uma política pública voltada para atender as minorias, para atender o nosso povo”, frisou Helder Salomão.
História
A proposta do Grito surgiu no Brasil no ano de 1994 e o 1º Grito dos Excluídos foi realizado em setembro de 1995, com o objetivo de aprofundar o tema da Campanha da Fraternidade do mesmo ano, que tinha como lema “Eras tu, Senhor”, e responder aos desafios levantados na 2ª Semana Social Brasileira, cujo tema era “Brasil, alternativas e protagonistas”. Em 1999 o Grito rompeu fronteiras e estendeu-se para as Américas.
O Grito dos Excluídos é uma manifestação popular carregada de simbolismo, é um espaço de animação e profecia, sempre aberto e plural de pessoas, grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as causas dos excluídos.
Vânia Rodrigues