Comissão aprova legalização do cultivo da Cannabis para fins medicinais, veterinários, científicos e industriais

Deputado Paulo Teixeira presidiu a Comissão Especial sobre a legalização da Cannabis para fins medicinais. Foto: Cleia Viana/Câmara dos deputados

A Comissão Especial da Câmara que analisa a proposta sobre a legalização do cultivo da Cannabis sativa no Brasil – exclusivamente para fins medicinais, veterinários, científicos e industriais (PL 0399/15) – aprovou nesta terça-feira (8) o parecer favorável à matéria do deputado Luciano Ducci (PSB-PR). A bancada do PT no colegiado, presidido pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP), votou favoravelmente à proposta. As bancadas fundamentalista e bolsonarista fizeram obstrução para tentar impedir a votação.

A aprovação do projeto acontece após uma longa batalha de dois anos, desde a instalação da Comissão em 2019. Durante esse período, parlamentares favoráveis ao projeto chegaram a ser retirados por seus partidos e trocados por outros contrários à proposta. Na última reunião do colegiado, no dia 18 de maio, o deputado Diego Garcia (Podemos-PR) – contrário ao projeto – chegou a agredir fisicamente o deputado Paulo Teixeira após não concordar com uma atitude tomada por ele na presidência da Comissão. Apesar das manobras, o relatório foi aprovado nesta terça com 18 votos favoráveis e 17 contrários.

Segundo Paulo Teixeira, com esse projeto o Brasil “dá um passo à frente na vanguarda científica, médica e farmacológica mundial”. “E, mais do que isso, no oferecimento de bem-estar aos pacientes que precisam de medicamentos à base da Cannabis”, explicou.

Durante toda a reunião, os deputados contrários à proposta apresentaram argumentos visando desvirtuar o verdadeiro objetivo do projeto. Parlamentares fundamentalistas ligados a setores evangélicos e católicos conservadores e negacionistas, bem como ao bolsonarismo, chegaram a afirmar que não é necessário legalizar o cultivo da Cannabis sativa no País, nem mesmo para a produção de medicamentos. Segundo eles, a Anvisa já autoriza a importação de medicamentos à base desse insumo e o projeto visaria apenas “legalizar o consumo de maconha no País”.

O presidente da Comissão, deputado Paulo Teixeira, ressaltou a importância de autorizar o plantio da Cannabis para baratear o preço dos medicamentos. “Os medicamentos hoje nas prateleiras das farmácias para tratamento de epilepsias refratárias, dores crônicas, esclerose múltipla, que tem cannabidiol e o THC (princípio ativo da maconha) como seus insumos, custam até R$ 2.800,00”, alertou.

Também em resposta aos fundamentalistas, a deputada Natália Bonavides (PT-RN) relatou a dificuldade existente no País para se obter esses tipos de medicamentos. “Não é verdade que as regulamentações da Anvisa são suficientes na regularização do uso da Cannabis medicinal. Essa semana, por exemplo, a Anvisa rejeitou a importação do uso da Cannabis medicinal para crianças com epilepsia”, denunciou.
No encaminhamento do voto do PT durante a votação, a deputada Natália Bonavides condenou ainda as fake news divulgadas contra a proposta. “Não podemos deixar que as mentiras e as fake news tomem conta dessa comissão por meio de um setor que chegou à própria Presidência [da República] usando esses expedientes. Pela verdade, e para mudar e salvar vidas, o PT vota favorável a este relatório extremamente necessário ao nosso País”, afirmou.

O projeto

O parecer do deputado Luciano Ducci legaliza o cultivo da Cannabis, porém impõe restrições. Poderá ser feito apenas por pessoas jurídicas (empresas, associações de pacientes ou organizações não governamentais). Não há previsão para o plantio individual. Seguirão proibidos cigarros, chás e outros derivados da planta. O relator da proposta reitera que o foco é a aplicação medicinal da Cannabis, presente hoje em 50 países.

Segundo o parecer, os interessados no cultivo deverão ser previamente autorizados pelo poder público. Os produtores terão que cumprir regras, como cotas de produção com base em demanda pré-definida e plano de segurança para evitar o acesso a pessoas não autorizadas. O local do plantio não poderá ser identificado.

Tramitação

Criada em 2019, a comissão especial fez 12 audiências públicas e recolheu informações no Brasil e no exterior. Desde então, foram feitas várias mudanças no projeto original, do deputado Fábio Mitidieri (PSD-SE), que inicialmente alterava a Lei Antidrogas apenas para autorizar no Brasil a venda de medicamentos oriundos da Cannabis sativa.

Atualmente, a Lei Antidrogas proíbe em todo o território nacional o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas.

A proposta aprovada na comissão especial tramita em caráter conclusivo e deveria ser enviada diretamente para o Senado. Porém, parlamentares contrários ao projeto já anunciaram que vão apresentar recurso à Mesa Diretora da Câmara para levar a proposta à análise do Plenário da Câmara.

Héber Carvalho com Agência Câmara de Notícias

 

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Postagens recentes

CADASTRE-SE PARA RECEBER MAIS INFORMAÇÕES DO PT NA CÂMARA

Veja Também

Jaya9

Mostbet

MCW

Jeetwin

Babu88

Nagad88

Betvisa

Marvelbet

Baji999

Jeetbuzz

Mostplay

Melbet

Betjili

Six6s

Krikya

Glory Casino

Betjee

Jita Ace

Crickex

Winbdt

PBC88

R777

Jitawin

Khela88

Bhaggo