Parlamentares da Bancada do PT usaram suas redes sociais nesta quinta-feira (10) para criticar a política agrícola do governo Bolsonaro, que privilegia o agronegócio e exclui os pequenos agricultores, responsáveis por cerca de 70% dos alimentos que vão para a mesa dos brasileiros. Eles afirmam também que a incompetência governamental zerou os estoques reguladores e resultou no aumento exorbitante dos preços dos itens da cesta básica.
A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), foi taxativa: “Bolsonaro está só olhando para o agronegócio, que não produz alimentos e tem a ideia fixa na cotação do preço da soja no mercado internacional. Desmontou as políticas para a agricultura familiar e de estoques reguladores. O povo paga a conta e fica sem comida”.
Gleisi também divulgou em sua conta no Twitter vídeo que mostra a incompetência do governo, que deixou o custo de vida explodir, e alerta que a consequência é o Brasil de volta ao Mapa da Fome. Ela cita ainda artigo do jornalista Luís Nassif, que explica claramente como o ultraliberalismo de Bolsonaro e Guedes preferiu privilegiar ruralistas sem se preocupar com escassez e preço do arroz no mercado interno e se nega a fazer estoques reguladores. “Cada um por si e o País que exploda”.
Também no Twitter, o líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR), explica que alta do preço do arroz é uma combinação de fatores. “Exportar é melhor para os produtores, que desabastecem o mercado interno. O governo não tem estoques reguladores porque é incompetente e Bolsonaro governa para o empresário que constrói seu paraíso sobre o inferno dos pobres”, denuncia.
O líder cita ainda que enquanto falta arroz para os brasileiros, o governo de Nicolás Maduro, da Venezuela, está comprando do governo Bolsonaro, 20 de cada 100 quilos que o Brasil está exportando, deixando vazio o mercado interno. “E não há estoque regulador porque não há governo”, criticou.
O coordenador do Núcleo Agrário do PT na Câmara, deputado João Daniel (SE), afirmou que as famílias no campo vivem com dificuldades, “pois as políticas voltadas para agricultura familiar foram todas praticamente exterminadas para que o agronegócio pudesse enriquecer ainda mais, tratorando a agricultura familiar”. Ele alerta que não tem como sustentar o País desse jeito. “As famílias agonizam, pois têm que escolher entre pagar boleto ou comprar cesta básica”.
Mourão culpa auxílio emergencial
João Daniel e vários parlamentares da Bancada do PT também divulgaram vídeo com parte da entrevista do vice-presidente Hamilton Mourão culpando o pagamento do auxílio emergencial pela alta dos preços dos alimentos. “É uma afronta mentir diante de uma situação tão delicada. É ultrajante que um vice-presidente se preste a um papel desses. Uma explicação absurda para tentar enganar o brasileiro, que já tem problemas demais diante dessa crise econômica”, lamenta.
O líder da Minoria no Congresso, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), afirma que se o governo Bolsonaro pensasse nos mais pobres teria apoiado os pequenos produtores rurais. “Ao contrário disso, Guedes e Bolsonaro dificultaram empréstimos. “O governo sempre sabotou os pequenos produtores rurais. Deixou à própria sorte esses trabalhadores. O foco sempre foi beneficiar grandes produtores rurais ávidos por lucros. E o resultado estamos vendo nas prateleiras dos supermercados: aumento expoenencial no preço do arroz e do feijão”.
Ao também publicar o vídeo, a deputada Natália Bonavides (PT-RN) desabafa: “E ainda tentam colocar a culpa dessa alta absurda em quem recebeu o auxílio emergencial por, pasmem, ter comprado comida”.
Artigo de luxo
O deputado e ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e do Desenvolvimento Agrário Patrus Ananias (PT-MG), ao lamentar o aumento do preço dos produtos da cesta básica, afirmou que “o preço dos alimentos disparou e o arroz virou artigo de luxo na mesa de muitas famílias. Mas o vice-presidente Mourão avalia que as pessoas estão se alimentando melhor…”
Patrus lembra ainda que com PT no governo o Brasil saiu do Mapa da Fome. “Valorizou a agricultura familiar. O arroz era garantido todo dia. Economia das pequenas cidades cresceu como nunca. E a desigualdade diminuiu de forma inédita”, enfatiza.
E o deputado Bohn Gass (PT-RS) ao comentar sobre o preço do arroz destaca que o dólar alto estimula exportação. “Isso não é ruim, mas desde que o governo garanta estoques públicos de alimentos e impeça a inflação da comida, como vemos hoje. Então, o preço disparou porque o governo Bolsonaro não fez sua parte e abandonou a agricultura familiar”, denuncia.
Na avaliação do deputado Padre João (PT-MG), a alta no preço dos alimentos é a prova de que o presidente Jair Bolsonaro não tem competência para governar. “Os estoques reguladores estão zerados e o IPCA subiu 2,44% em 12 meses, enquanto a inflação dos alimentos subiu 8,83% no período. O governo não preza pelo povo”, critica.
Veto
O deputado Beto Faro (PT-PA) também criticou o veto de Bolsonaro à ajuda financeira à agricultura familiar aprovada pelo Congresso e a exclusão do setor do Plano Safra. “Os movimentos sociais do campo avisaram que o pior flagelo seria a escassez de alimentos e a consequente alta dos preços, no final do ano de 2020, caso nada fosse feito para reverter este flagelo. O que Bolsonaro fez? Vetou a ajuda e exclui do Plano Safra”, critica.
“Tá indignado com o aumento do preço dos alimentos? Pergunta para o Bolsonaro porque ele vetou o auxílio emergencial para agricultores e agricultoras familiares, os responsáveis por 70% dos alimentos que chegam à nossa mesa”, provoca a deputada Erika Kokay (PT-DF). Ela ainda afirma que Bolsonaro “é inimigo do Brasil e do povo brasileiro”.
O deputado Pedro Uczai (PT-SC) alerta que vai faltar comida. “Com os vetos do Bolsonaro ao PL735, a agricultura familiar segue desamparada. O povo do campo que produz 7 de cada 10 alimentos que chegam à mesa dos brasileiros, foram excluídos mais uma vez pelo presidente. Congresso precisa derrubar os vetos!”, defende.
E o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) cita que os mercados já limitam quantidade de sacos de arroz por cliente no interior de São Paulo.
Sarney e seus fiscais de preço
O deputado Rogério Correia (PT-MG) destaca que Bolsonaro e Guedes agora querem reeditar Sarney e seus fiscais de preço. “Lembra da Sunab? Pois é… O Ministério da Justiça está até criando ‘força-tarefa’ para fiscalizar as tabelas nos supermercados… Não precisa ser especialista para saber que isso vai dar ruim, muito ruim”, avalia.
Ele disse ainda que essa história de Bolsonaro copiar os “fiscais do Sarney” levam a uma reflexão: “como foi possível um país sair de uma situação exitosa há não mais que seis anos para a atual, de bagunça generalizada, um caos quase completo?”. Rogério Correia cita que os governos do PT deixaram de legado o pleno emprego (4% em dezembro de 2014, com Dilma), o câmbio estabilizado, preços sob controle, investimentos sendo feitos e ataque à miséria elogiado no mundo inteiro, para abraçar o fracasso caótico da política econômica de Bolsonaro e seu guru Paulo Guedes”.
O deputado Henrique Fontana (PT-RS) cita que Bolsonaro avisou que não vai fazer nada para abaixar o preço dos alimentos e jogou a responsabilidade para os donos de mercados. “Segundo o presidente, nós devemos confiar no patriotismo dos empresários. Enquanto isso, o auxílio emergencial foi cortado pela metade jogando milhares para a fome”.
Na mesma linha, a deputada Luizianne Lins (PT-CE) afirma que sem renda e auxílio pela metade, aumento dos preços dos alimentos massacra brasileiros. “Em governos do PT, o Ministério da Agricultura comprava cereais na safra e vendia na entressafra, regulando preços. Nesse desgoverno, só incompetência”, critica.
Arroz do MST
O deputado Valmir Assunção (PT-BA) destaca que enquanto o arroz nos mercados está caríssimo, “o MST segue como o maior produtor de arroz orgânico no Brasil, vendendo a produção a preços justos! A falta de política pública dificulta a distribuição do arroz saudável a todo país!”.
Vânia Rodrigues