O deputado Henrique Fontana (PT-RS) fez duras criticas a postura do presidente Bolsonaro, que preferiu ignorar os alertas sobre os efeitos do coronavírus (Covid-19) no Brasil e mundo e apostou no confronto político. Ele destacou que há mais de 50 dias os avisos de que pandemia chegaria ao Brasil e sua intensidade estão à disposição do governo federal, mas Bolsonaro tratou o assunto como uma “gripezinha”.
“O presidente da República trabalhou durante esses 50 dias na sua tecla preferencial, que é dividir o povo brasileiro e lançar falsas polêmicas que não trazem solução para os problemas que temos que enfrentar”, lamentou Fontana.
Na avaliação do deputado, Bolsonaro age com irresponsabilidade, briga com governadores, com todos os Poderes e, principalmente, com a ciência incentivando os brasileiros a não cumprirem o isolamento social, que é a principal ferramenta de proteção à disposição do povo brasileiro para evitar que a pandemia se expanda com mais rapidez e intensidade no País. “Além disso, durante pronunciamento na televisão, o Bolsonaro lançou mais uma polêmica: o uso ou não da cloroquina”, criticou.
De acordo com o deputado Fontana, isso deve ser decidido por técnicos, por cientistas, por farmacologistas. “Deve haver uma decisão clara de um protocolo por parte do Ministério da Saúde, e, obviamente, não é o presidente da República que deve dizer se o povo brasileiro deve ou não usar um determinado medicamento”, afirmou o parlamentar, que também é médico.
Para Fontana, o presidente da República precisa parar com as brigas, parar com as fake news, parar com a tentativa de dividir o povo brasileiro e se concentrar na busca de soluções, em primeiro lugar, para combater a pandemia e a sua expansão e, em segundo lugar, para, evidentemente, tomar medidas econômicas concretas para ajudar o País nessa crise sanitária e financeira.
“O povo brasileiro merece proteção de saúde, de empregos e de renda. O povo brasileiro merece receber imediatamente a renda mínima que foi votada pelo nosso Parlamento. O povo brasileiro merece receber imediatamente um programa de proteção a empregos e de proteção à renda, em que as pessoas não corram o risco da demissão no meio dessa pandemia”, defendeu.
Testagens e produção de Insumos
Henrique Fontana denunciou a falta de testes disponíveis nos postos de saúde e hospitais do Brasil. Para o parlamentar a testagem é absolutamente inexistente. “O Brasil deveria ter hoje à disposição do sistema de saúde 20 milhões de testes. Com a não testagem da maioria dos casos, nós estamos com uma subnotificação absurda da pandemia e com dificuldades enormes para fazer a contenção dos casos. Isso foi uma ação deliberada de quem dizia, como o presidente Bolsonaro fazia o tempo inteiro, que a pandemia era uma ‘gripezinha’. Hoje, o Brasil não tem os testes. Eu espero que nos próximos dias tenha”, enfatizou.
O deputado cobrou projetos para a produção de EPIs – máscaras e respiradores -, além de um programa para a expansão de UTIs com respiradores no País. Ele lembrou que em diversos lugares os profissionais de saúde estão sem equipamentos individuais atendendo sem condições adequadas. “Presidente Bolsonaro, ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde), parem de brigar entre si e comprem testes, comprem respiradores, auxiliem na reconversão da indústria nacional para que ela possa produzir EPIs para proteger os profissionais de saúde que estão na ponta arriscando suas vidas”.
Prioridades na Câmara
De acordo com o deputado Fontana, a prioridade da Câmara dos Deputados, na próxima semana, será votar projetos de lei que visam protege empregos, garantindo subsídios públicos para que nenhum trabalhador perca seu emprego ou tenha diminuída a sua renda. “Cortar salários no meio dessa crise é algo inacreditável, inadmissível e algo absolutamente inadequado para enfrentar a realidade que a crise nos impõe. É preciso agir, proteger o povo brasileiro. É nesse sentido que nós, da Oposição, vamos seguir atuando”.
Outro projeto que será prioridade, na avaliação do deputado, é o que garante subsídio público de 2 salários mínimos – podendo chegar a mais – para todas as pequenas, médias ou grandes empresas, com a contrapartida de que as empresas não demitam ninguém e não cortem salários.
Lorena Vale