Parlamentares da Bancada do PT utilizaram suas redes sociais nesta quinta-feira (23), para criticar o presidente Bolsonaro que foi eleito com um discurso de combate à corrupção, mas ao assumir o governo não apresentou melhora nesse índice. Segundo os dados divulgados hoje pela Transparência Internacional, o Brasil se manteve em 2019 no pior patamar em ranking mundial de percepção sobre combate à corrupção no setor público. Com apenas 35 pontos, o pior resultado desde 2012, o Brasil caiu mais uma posição em uma lista de 180 países, indo para o 106º lugar, a pior colocação desde o início da série histórica, em 1995.
Na avaliação do líder do PT, deputado Paulo Pimenta (RS), sob Bolsonaro, o Brasil não apenas enfraqueceu a democracia e o combate à corrupção. “O Brasil se tornou uma República Miliciana controlada pela máfia do sistema financeiro internacional – e aqui não é teoria conspiratória. Paulo Guedes (ministro da Economia) é o testa de ferro dessa máfia insaciável”, acusou em sua conta no Twitter.
A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), provocou: “Bolsonaro vendeu para o povo brasileiro o combate à corrupção, mas nunca foi verdade. É só olhar para as denúncias contra o seu entorno, ministro do Turismo, laranjal, rachadinha dos filhos, Secom…”. Ela ainda reforçou: “Sob Bolsonaro, o Brasil piorou no ranking da corrupção”.
Também em sua conta no Twitter, o deputado Zé Carlos (PT-MA) destacou que rotineiramente o noticiário cita a família do presidente Bolsonaro envolvida com corrupção. “Um governo que tem trazido retrocessos sem tamanho, e que mais parece um laranjal!”, criticou. Para o parlamentar é extremamente contraditório a principal bandeira de campanha eleitoral de Bolsonaro ter sido em combate à corrupção e logo no seu primeiro ano de mandato, o Brasil ter uma das piores notas em ranking internacional de percepção em combate à corrupção.
E o deputado José Guimarães (PT-CE) explicou que o fascismo é assim, “acusam os outros das coisas pelas quais eles fazem. Criam inimigos imaginários, que quase sempre são seus espelhos”.
Promessa de campanha
O deputado Helder Salomão (PT-ES) enfatizou que “as promessas de campanha do presidente se converteram em mais retrocessos que avanços na pauta”. E a deputada Margarida Salomão (PT-MG) desabafou: “Não ‘acabou a mamata’. Não combate a corrupção. Eis o governo Bolsonaro. Mentiroso, hipócrita, e tendo sua verdadeira face confirmada todos os dias”.
Na mesma linha, a deputada Erika Kokay (PT-DF) afirmou que Bolsonaro tem discurso contra corrupção, “mas a prática é: preservar ministros envolvidos em falcatruas; usar o cargo para proteger a familícia; tratar a Procuradoria-Geral da República com escudo; e interferir em órgãos chave para o combate à corrupção como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Polícia Federal e Receita”. E provocou: “Só não vê quem não quer”.
O deputado Odair Cunha (PT-MG) lamentou o fato de o Brasil, sob Bolsonaro, ser visto como um dos países mais corruptos do mundo. E o deputado Henrique Fontana (PT-RS), ao comentar sobre a piora do Brasil no ranking de combate à corrupção no governo Bolsonaro, lembrou que a gestão é marcada por inúmeras denúncias contra integrantes do governo e familiares do presidente.
Já o deputado Patrus Ananias (PT-MG) ao lamentar o resultado da estatística que mostra que o Brasil não avançou no combate à corrupção, lembrou que a mensagem de Natal do atual governo dizia: “Nós estamos terminando 2019 sem qualquer denúncia de corrupção”.
Também em sua rede social o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) ironizou afirmando que o resultado era para os “bolsominions começarem o dia pensativos (e arrependidos, esperamos nós)”. E o deputado Nilto Tatto (PT-SP) também reproduziu a informação de que o Brasil, com Bolsonaro, não avançou no combate à corrupção.
Resultados
De acordo com o Índice de Percepção da Corrupção (IPC) 2019, divulgado pela Transparência Internacional, que avaliou 180 países, com apenas 35 pontos – o pior resultado desde 2012 – o Brasil está atrás de outros países como Sri Lanka, Vietnã, Timor Leste, Etiópia, Arábia Saudita e Colômbia.
Nas primeiras cinco posições estão Dinamarca, Nova Zelândia, Finlândia, Singapura e Suécia. Nas últimas, Venezuela, Iêmen, Síria, Sudão do Sul e Somália.
Causas e obrigações
A Transparência Internacional, junto com o índice, divulga também uma análise do cenário que pode ter influenciado o ranqueamento do Brasil. Para a organização, em 2019, não houve aprovação de reformas no Congresso Nacional que de fato levassem à raiz do problema da corrupção. Ao contrário, foram “poucos avanços e retrocessos em série” que marcaram o ano anterior.
Como exemplo, a organização cita “um aumento das tentativas de interferência política do Palácio do Planalto nos órgãos de controle” como o antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), hoje conhecido como Unidade de Inteligência Financeira (UIF), e “substituições polêmicas na Polícia Federal e Receita Federal e nomeação de um Procurador-Geral da República fora da lista tríplice”.
“O cenário só não foi menos desolador graças à forte reação da sociedade e das instituições brasileiras que conseguiram barrar alguns retrocessos significativos e garantir alguns avanços”, aponta o relatório.
Recomendações
Além do cenário, a Transparência Internacional também faz recomendações aos países, de acordo com a realidade de cada um, para que o combate à corrupção seja mais eficiente. Como primeiro e mais importante fator, a organização aconselha a implementação de reformas que “ataquem as causas estruturais do problema”.
Ao Poder Judiciário e ao Ministério Público, a recomendação é agir contra a ineficiência administrativa, como “a falta de responsabilização de seus membros por mau desempenho e corrupção e os privilégios, como férias abusivas e remunerações exorbitantes, que resultam na prestação jurisdicional ineficiente, morosa e seletiva”.
Quanto ao processo eleitoral, os órgãos de controle e a Justiça Eleitoral devem coordenar juntos as eleições municipais de 2020 contra “o financiamento ilícito de campanhas e o desvio de fundos públicos sob controle dos partidos, incluindo a utilização de candidatas laranjas e novas modalidades de manipulação virtual, como uso de robôs e disseminação de fake news”.
Vânia Rodrigues, com site Brasil de Fato