Manifestantes em Brasília se opõem à privatização e à perda de direitos e empregos no País

Os arautos do desmonte dos serviços públicos, do desemprego, da soberania nacional, da sanha privatizante que se alojam no Palácio do Planalto, representados na figura de Jair Bolsonaro ouviram, nesta terça-feira (30), o grito dos trabalhadores de todas as regiões do País presentes em Brasília, clamar em defesa do patrimônio nacional, direitos e empregos. O ato foi organizado pela CUT, CTB, Força Sindical, UGT, CSB e Intersindical e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.

“Esse ato, essa caminhada é para dizer que o Paulo Guedes e o presidente Bolsonaro não são donos do Brasil, que eles têm que respeitar o povo brasileiro e a nossa soberania”, afirmou o presidente da CUT Nacional, Sérgio Nobre, no início da marcha formada dos trabalhadores, trabalhadoras e representantes das principais centrais sindicais e dos movimentos sociais de todos os cantos deste país, que aderiram à manifestação.

Presente na manifestação, a presidenta Nacional do Partido dos Trabalhadores, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) se somou à luta das centrais sindicais e dos movimentos sociais que marcham em Brasília. “Nós sabemos que estamos vivendo o momento dos ventos do liberalismo econômico. É a pior fase do capitalismo, onde nenhum direito é respeitado, apenas o lucro, o sistema financeiro e a concentração de renda vale para aqueles que são donos do poder e da elite”, protestou.

Como consequência dessa visão política nefasta, a deputada citou a retirada de direitos, a privatização, os baixos salários, a pouca renda, o empobrecimento do povo. “Essa gente que hoje governa, representada por Bolsonaro que, além de dar guarida a uma política econômica liberal, tem que explicar o seu envolvimento com milícias, com o Queiroz, o envolvimento da sua casa com o assassinato de Marielle, é esse o tipo de presidente que nós temos, está colocando uma das agendas mais neoliberais que nós já vimos no Brasil. Eles estão destruindo os direitos constitucionais”, criticou Gleisi.

A deputada criticou também a ofensiva do governo nas privatizações. Segundo ela, estão acabando com o artigo 1º da Constituição que fala da nossa soberania. “Para que essa sanha privatista? Vender as nossas empresas? Aliás, o que eles vão conseguir com a venda das empresas não vai dar 1/10 do que elas valem, e do dinheiro que o povo brasileiro já investiu, seja nos Correios, no Banco do Brasil, na Caixa Econômica, na Petrobras”, questionou.

O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (PT-RS) destacou a importância da mobilização e citou os últimos acontecimentos políticos nos países vizinhos para reafirmar a luta do povo brasileiro. “A América do Sul está dando uma demonstração. Não há outro caminho para derrotar o neoliberalismo e as suas políticas que não seja o caminho da luta, o caminho da organização, o caminho da resistência”, observou.

O líder petista lembrou que os problemas que o Brasil enfrenta são piores do que aqueles que acontecem com os países vizinhos. “Enfrentamos um problema ainda mais grave do que os nossos irmãos do Chile, do Equador. Nós, além de ter uma política neoliberal comandando a economia, nós temos uma quadrilha de milicianos, assassinos e bandidos instalados no Palácio do Planalto, protegida por aquele que está ali no Ministério da Justiça que se tornou uma espécie de defensor dos milicianos da família do Bolsonaro”, denunciou Pimenta.

Basta

O parlamentar conclama o povo brasileiro a dar um basta a esses desmandos protagonizados pelo clã Bolsonaro. “Nós estamos em um momento muito delicado da vida política do nosso País, enquanto os milicianos estão soltos, Lula está preso. É hora de nós dizermos que basta, tomarmos as ruas, organizarmos o nosso povo para lutar e defender o nosso legado, a nossa soberania, a nossa democracia e os direitos dos trabalhadores”, conclamou Pimenta.

A deputada Erika Kokay (PT-DF) disse que a marcha dos movimentos sindicais e populares em Brasília é a marca desse povo brasileiro, a marca da classe trabalhadora nesta Esplanada. “Nós vamos pegar nos fios da democracia, essa democracia que está no pelourinho desde 2016 com o golpe, e nós vamos tecer com muita teimosia e com muita esperança o futuro e o presente para este povo brasileiro. E para que este povo brasileiro assuma sua grandeza, nós precisamos das nossas empresas, nós precisamos da Eletrobrás, que eles querem vender por R$ 12 milhões, ela deu R$ 13 milhões de lucro, ela tem ativo de mais de R$ 400 milhões”, discursou Erika.

A sanha privatizante do governo foi lembrada também pelo deputado Vicentinho (PT-SP) em seu discurso. “Essa marcha que vocês estão fazendo hoje, ela é pela soberania nacional, para não permitir a entrega do pré-sal, não permitir a entrega do nosso patrimônio, essa luta também é em defesa das empresas públicas. Empresas públicas, para quem não está participando da marcha, é o exemplo da Vale, que era uma empresa pública, que foi entregue a preço de banana, deixaram de aplicar em condições e dignidade de trabalho e virou, para mim, a maior criminosa, com o maior acidente de trabalho do Brasil, que é o que aconteceu com o nosso povo irmão de Brumadinho”, alertou.

Leilões

A Secretária-Geral da CUT Nacional, Carmen Foro, lembrou que em países como Equador e Argentina, que elegeu um progressista no último final de semana, Alberto Ángel Fernández, o povo se levantou contra o neoliberalismo e o capitalismo. Ela ressaltou as derrotas da classe trabalhadora, como as reformas da Previdência e Trabalhista, mas também destacou que a CUT, as centrais e os movimentos sociais não baixaram a cabeça, lutaram e continuarão lutando contra todos os retrocessos.

“Não baixaremos a cabeça e enfrentaremos esta política econômica de Bolsonaro, que é uma política de entrega de riquezas nacionais e retirada de direitos”, disse.

Carmen denunciou que semana que vem já estão programados os leilões da Petrobras, mas que os trabalhadores e as trabalhadoras vão enfrentar o debate de privatização e mostrar que esta política não dá certo para o povo, pelo contrário, só aumenta a miséria, a fome e a desigualdade.

“Guedes sempre falou que o melhor desenho seria igual ao modelo do Chile e deu o que deu. O povo aguentou 30 anos, transbordou e está gritando. Precisamos fazer coro na América Latina que sobreviverá com energia e mobilização no próximo período”.

Foto: Lula Marques

Veja o vídeo da manifestação:

Benildes Rodrigues com Portal da CUT

 

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