Parlamentares da Bancada do PT se revezaram na tribuna da Câmara nesta terça-feira (7) para protestar contra o corte global de 30% no orçamento da educação neste ano de 2019, que vai atingir todas as etapas do ensino público brasileiro – do ensino infantil à pós-graduação. Eles também se solidarizaram e parabenizaram estudantes que já estão mobilizados e foram para as ruas dizer não aos bloqueios de verbas para a educação.
Para o deputado Bohn Gass (PT-RS) é gravíssimo o corte de recursos para as universidades, feito pelo governo Bolsonaro. “Quem destrói a educação destrói o futuro. Quem destrói a educação e o futuro destrói o Brasil. Por isso, nós vamos entrar em obstrução, aqui, nesta Casa, até que todos os recursos sejam alocados”, informou o deputado.
Bohn Gass detalhou que haverá audiências públicas, debates e manifestações no Parlamento, nas escolas e nas ruas. “Quero parabenizar a juventude, os estudantes e todas as pessoas que já se envolveram em mobilizações. Precisamos ampliá-las. Nós não podemos aceitar a chantagem do governo”, defendeu. Ele se referiu à afirmação feita nesta manhã (7) pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, de que ele pode liberar o recurso da educação se a Reforma da Previdência for aprovada. “Que chantagem absurda! Isso é inaceitável”, protestou.
Ao repudiar o bloqueio dos recursos para a educação, o deputado Padre João (PT-MG) afirmou que o governo Bolsonaro tem dado continuidade ao que foi feito no governo Temer: a destruição da educação pública. “A educação leva as pessoas a pensar. A educação é a política mais estruturante. Não existe saúde nem outra política sem educação”, ponderou. Ele citou ainda que o corte é um ataque às universidades, aos institutos federais. “É uma coisa absurda! O corte atinge a elite e os pobres (…) Isso é um ataque violento e cruel à educação”, criticou.
Para o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) “infelizmente, a cada dia que passa fica demonstrado que a educação não é uma prioridade do governo Bolsonaro”. Ele parabenizou estudantes e professores que estão se mobilizando pelo Brasil afora e que terão o seu apoio nessa luta contra o desmonte da educação pública, contra cortes e contra irresponsabilidades.
“Fica cada vez mais evidente não só que a educação não é uma prioridade de Bolsonaro, mas também o ódio que ele tem da educação, o preconceito que ele tem contra a educação. Por trás de tudo isso, há o desejo do governo de privatizar a educação brasileira, começando com o ensino superior, que hoje é público, e, sim, de qualidade, que desenvolve pesquisa, tecnologia, inovação. A educação é importante para o Brasil, para a agricultura, para a indústria, para o desenvolvimento do País”, reforçou Zeca Dirceu.
O deputado João Daniel (PT-SE) também parabenizou os estudantes, professores, reitoria e trabalhadores que se levantaram em mobilização contra os cortes das universidades públicas. “Repudio também o ministro Onyx Lorenzoni [Casa Civil] por ter usado dados falsos e mentiras para macular a imagem da Universidade Federal de Sergipe. A sua atitude, ministro, é uma atitude de alguém que não conhece, que desrespeita a história e o patrimônio do povo sergipano”.
O deputado Valmir Assunção (PT-BA) lembrou que a manifestação ocorrida ontem, na Bahia, em defesa dos recursos integrais para a Universidade Federal da Bahia (Ufba) foi a primeira. “Vai haver diversos outros atos em defesa da Universidade Federal da Bahia, em defesa do patrimônio da Bahia. Não vamos permitir que destruam o ensino superior do nosso País”, assegurou.
O deputado Frei Anastácio Ribeiro (PT-PB) manifestou preocupação com o corte de R$ 37,3 milhões para as universidades. “Na nossa Paraíba, os cortes têm trazido muita preocupação, principalmente para a reitora da Universidade Federal da Paraíba, Margareth Diniz, que revelou que a instituição não terá condições de funcionamento pleno até o final deste ano”. Ele disse esperar que o Congresso haja com rapidez para impedir esses cortes. “Caso contrário, o caos está implantado”, completou.
Ao falar do bloqueio dos recursos para as universidades brasileiras, o deputado Célio Moura (PT-TO), alertou que, se os cortes não forem revertidos, a Universidade Federal do Tocantins terá que fechar. “Trata-se da universidade, talvez a mais nova do Brasil que, com esses cortes anunciados pelo governo, corremos o risco de ter a nossa universidade sem condições de funcionar”, lamentou. Ele ainda fez um apelo para que não se mexa com a educação superior do País.
O deputado José Ricardo (PT-AM) também protestou contra o corte de recursos para a educação. “Bloquearam mais de R$ 2 bilhões na educação, no ensino fundamental. Vão faltar recursos para estados e municípios, para as escolas, para as crianças, e agora o corte nas universidades federais e institutos federais”. Ele citou que só na Universidade do Amazonas o corte imediato é da ordem de R$ 38 milhões. “Vai faltar recursos para a pesquisa e para os cursos de graduação. Esse é um crime contra o Brasil, contra a população mais pobre, contra os estudantes, contra o futuro do nosso País”.
Para o deputado Jorge Solla (PT-BA) é tanto estrago que o governo Bolsonaro está fazendo que ele não conseguiria relatá-los em 1 minuto. “Quero manifestar aqui a nossa indignação e o nosso repúdio ao que estão fazendo com as universidades públicas: os cortes absurdos no Orçamento. Mas preciso também fazer uma denúncia grave: 24 medicamentos indispensáveis, adquiridos de forma centralizada pelo Ministério da Saúde, estão faltando no Brasil inteiro. Os pacientes transplantados estão sem medicamentos, correndo o risco de perderem o transplante, assim como está faltando medicamento para a Aids, para a hepatite”, alertou.
Vania Rodrigues