Parlamentares da Bancada do PT na Câmara utilizaram suas redes sociais nesta segunda-feira (18) para criticar as medidas contra a soberania nacional anunciadas por Bolsonaro em sua visita aos Estados Unidos. “O presidente Lula tem razão, essa gente veio para destruir e não para governar. Vão destruir o Estado de proteção social ao povo; vão destruir nossa soberania; vão destruir a democracia e os direitos individuais. Restará a barbárie, violência e exclusão”, afirmou a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), em sua conta no Twitter.
Em Washington, durante jantar com a extrema direita estadunidense, Jair Bolsonaro, provavelmente em sua fala mais sincera desde que assumiu a Presidência da República, afirmou que o “Brasil não é um terreno aberto onde nós pretendemos construir coisas para o povo. Nós precisamos desconstruir muita coisa, desfazer muita coisa”.
Na avaliação do deputado Alencar Santana Braga (PT-SP), nos EUA, Bolsonaro fala a verdade. “Vai desconstruir no Brasil a educação pública; a Previdência Social; a democracia; as relações exteriores do País; a paz social; os direitos humanos e as liberdades civis; o patrimônio e as empresas públicos”.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), também no Twitter, observou que a subordinação do Brasil aos EUA incluía visita à CIA (agência de inteligência dos EUA), passa pela venda da Embraer para a Boeing; dispensa do visto de entrada no Brasil para os americanos; e acordo com o coordenador da Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol; do ex-juiz e agora ministro da Justiça do Bolsonaro, Sérgio Moro; da Petrobras; e do Departamento de Justiça Americano, além da entrega da Base de Alcântara.
Ainda segundo Paulo Teixeira, o entreguismo aos EUA prevê apoio para desestabilização da Venezuela; entrega do pré-sal; ataque ao sistema público de ensino superior no Brasil e privatizações.
“A mensagem de Bolsonaro aos americanos é: ‘chega de direitos, chega de educação gratuita, chega de saúde pública’. Não se trata de um sincericídio, mas da própria demonstração da ignorância que perpassa o presidente”, acrescentou a deputada Margarida Salomão (PT-MG).
E o deputado Helder Salomão (PT-ES) lamentou o fato de o governo Bolsonaro ter vindo para destruir direitos sociais. “E ele não faz nenhuma questão de esconder”, criticou.
Missão é atender aos interesses de Trump
Além de revelar que seu desgoverno não fará nada para o trabalhador brasileiro, Bolsonaro deixou claro que sua missão é atender os interesses de Donald Trump e do capital estrangeiro. Tanto é que o entreguismo de Jair Bolsonaro ficou ainda mais evidente na semana passada, quando foi divulgado que o Brasil vai ceder a Base de Alcântara aos militares dos EUA. Durante anos os EUA tentaram se apropriar da base por sua localização estratégia. Em 2017, a Carta Capital levantou 10 pontos importantes sobre a base e em um deles relembra que “o objetivo principal é ter uma base militar em território brasileiro na qual exerçam sua soberania, fora do alcance das leis e da vigilância das autoridades brasileiras”.
Para o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), a entrega de setores estratégicos que envolvem soberania nacional, como serviços estruturais, pesquisa, energia, tecnologia e inovação dão já o tom que o governo Bolsonaro quer imprimir ao Brasil no cenário global: “mero espectador, quando muito, figurante”.
Visita a Cia
Entre os compromissos nos EUA, Jair Bolsonaro visitou a CIA. É válido lembrar que, em 2009, um documento interno do governo de Washington, vazado pelo Wikileaks, mostra que os EUA treinaram agentes judiciais brasileiros. O documento pedia a instalação de um treinamento aprofundado em Curitiba. O caso mais grave, entretanto, ocorreu em 2013, por ocasião da espionagem feita no gabinete da ex-presidenta Dilma Rousseff, no avião presidencial e na Petrobras.
“A visita é um escândalo”, resumiu o líder do PT, deputado Paulo Pimenta (RS), em sua conta no Twitter. E a deputada Gleisi comentou que deve ser a primeira vez na história que um chefe de Estado brasileiro faz uma visita à sede do Serviço Secreto de outro…” e fora da agenda oficial!!! Isso deve ter sido ideia do Moro, que além de informações ao Departamento de Estado também quer prestar serviços de inteligência”, ironizou.
E o deputado Paulo Teixeira destacou que na agenda de Sérgio Moro nos EUA também estão reservados encontros na CIA e no FBI. “Nem quando éramos considerados ‘quintal dos EUA’ as relações eram de tamanha subordinação”, criticou.
O deputado Nilto Tatto (PT-SP) destacou que antes tínhamos um governo que zelava pela transparência, criou ferramentas de controle e participação social. “Agora este que aí está faz tudo às escondidas. Está com medo do povo, Jairzinho?”, indagou.
Alinhamento automático e os prejuízos econômicos
Para além de colocar em risco a soberania nacional, o alinhamento automático de Bolsonaro a Trump também prejudica a economia brasileira. A “parceria” da dupla tem intuito de favorecer um único país: os EUA. Isso porque Jair Bolsonaro, orientando pelo presidente estadunidense, tem feito declarações hostis aos atuais parceiros econômicos do Brasil, o que tem prejudicado a diplomacia e as relações bilaterais. Os exemplos clássicos são as trapalhadas de Bolsonaro com a China, que agora negocia um acordo comercial de US$ 30 bilhões com os estadunidenses, o equivalente a praticamente todas as exportações agropecuárias do Brasil ao país asiático em 2018, que foi de US$ 35 bilhões. O CEO da Aliança Agro Ásia-Brasil, Marcos Jank, em entrevista ao Globo Rural, lembrou que o valor poderia ter sido investido no Brasil.
Outra desastrosa decisão de Bolsonaro ocorreu em relação à embaixada brasileira em Israel. Bolsonaro decidiu seguir Trump e mudar a representação diplomática brasileira de Tel Aviv para Jerusalém. Por isso, a Arábia Saudita, responsável pela importação de 14% da carne de frango do Brasil em 2018, desabilitou cinco frigoríficos da lista dos exportadores brasileiros para o país árabe.
Na opinião da deputada Erika Kokay (PT-DF), Bolsonaro não defende aproximação com os EUA, “defende servilismo”. E acrescentou: “EUA não querem ser grande parceiro do Brasil, querem que Brasil seja grande quintal deles”.
Liberação de visto para norte-americano
Bolsonaro também anunciou que vai liberar a entrada de estadunidenses no País sem a necessidade de visto, mas o contrário não será permitido. “Alô Bolsonaro: liberar geral entrada de norte-americanos no Brasil sem a contrapartida do governo dos EUA é submissão, atentado à soberania, subserviência e atestado de pequeneza que envergonha o Brasil”, afirmou o deputado Bohn Gass (PT-RS).
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) destacou que o governo Bolsonaro ajudará na extradição de brasileiros nos EUA. “Bolsonaro faz um governo puxa-saco e lambe-botas de líderes de outro país. O Brasil acima de tudo. Deus acima de todos”, foi seu slogan? Deus para esse governo é o Tio Sam!”, lamentou.
E o deputado Rogério Correia (PT-MG) ironizou: “Já não seria hora de mudar o slogan: Que tal ‘EUA acima de tudo, Trump acima de todos’?”.
Vânia Rodrigues, com Agência PT de Notícias