Parlamentares da Bancada do Partido dos Trabalhadores se revezaram na tribuna da Câmara dos Deputados, nesta segunda-feira (25), para denunciar a desfaçatez do presidente Bolsonaro e a mentira que ele contou para ludibriar parte da população brasileira em relação à reforma previdenciária, apresentada pela sua equipe ao Congresso Nacional, na semana passada. No período eleitoral, lembrou o deputado Bohn Gass (PT-RS), o então candidato Jair Bolsonaro, em discurso inflamado nas redes sociais, classificou o governo golpista de Michel Temer de “porcaria”, e que a proposta de Reforma da Previdência de Temer era “desumana”.
“Que governo de porcaria é esse que vem com essa porcaria de Reforma da Previdência? Sessenta e cinco [anos] não vai aprovar! Tome vergonha na cara. Querer aprovar uma reforma com 65 anos é, no mínimo, uma falta de humanidade”, recordou Bonh Gass do discurso do então candidato Jair Bolsonaro, durante a campanha eleitoral.
De acordo com o deputado gaúcho, o que Bolsonaro quer é colocar em prática uma reforma tão desumana quanto aquela que criticou. “Agora, é exatamente isto que Bolsonaro-presidente quer que os senhores façam: aprovem uma reforma que o Bolsonaro-candidato chamava, aos berros, de porcaria desumana”, denunciou Bohn Gass.
Para o deputado Célio Moura (PT-TO), o presidente Bolsonaro se notabilizou pelas práticas “racistas e homofóbicas contra o povo brasileiro”. “Agora, com a Reforma da Previdência, ele persegue os idosos. De agora em diante, o presidente Bolsonaro será reconhecido no Brasil como o presidente “idosofóbico”, aquele que está maltratando todos os idosos deste País, que estão desesperados”, constatou.
Já a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) classificou a proposta de Reforma da Previdência do governo Bolsonaro de “criminosa”. “É criminosa porque nós temos mais de 300 bilhões de reais de devedores da Previdência. Ela é criminosa porque vai atingir 34% das mulheres que trabalham. Ela é criminosa porque vai retirar do Benefício de Prestação Continuada (BPC) dos idosos, aos 60 anos. O benefício passará a ser de 400 reais, quando eles deveriam ter mais recursos para cuidar, por exemplo, da saúde”, detalhou a deputada.
Mobilização
Benedita da Silva contou que a proposta de Bolsonaro aterroriza até mesmo os seus próprios eleitores. Segundo ela, o povo já está nas ruas apavorado com os efeitos que a nova Previdência Social vai provocar em suas vidas. “Até mesmo aqueles que votaram neste Governo estão nas ruas se organizando, apavorados com essa Reforma da Previdência. Mas eu acredito que o bom senso deve prevalecer até mesmo na base do Governo, porque não é possível não cobrar 300 bilhões de reais dos sonegadores e devedores da Previdência e descontar isso do pobre trabalhador”, afirmou Benedita.
Rejeição
Valmir Assunção (PT-BA) relatou que em suas andanças pelo estado da Bahia está comprovada a rejeição dos trabalhadores à proposta de Bolsonaro. “Estive percorrendo todo o estado nesse fim de semana, em diversas regiões, e a rejeição à Reforma da Previdência é muito grande. Eu não sei se algum deputado aqui vai ter coragem de ser relator dessa matéria neste plenário, porque a rejeição é muito grande”, desafiou.
Benildes Rodrigues