O deputado Nelson Pelegrino (PT-BA) apontou em plenário nesta terça-feira (30) os riscos de a Câmara – seguindo orientação do recém-eleito Jair Bolsonaro em parceria com o ilegítimo Michel Temer – aprovar uma Reforma da Previdência, na qual se pretende jogar nas costas de trabalhadores e trabalhadoras brasileiros a responsabilidade de “uma conta que eles não fizeram”.
“Muitos deputados subiram a esta tribuna para defender a Reforma da Previdência, como se essa fosse a medida salvadora da Nação, falando de um déficit de R$ 300 bilhões, R$ 400 bilhões”, criticou. “Preocupa-nos que a primeira bandeira levantada pelo presidente eleito seja acabar com a previdência dos brasileiros. Querem implantar no Brasil a mesma previdência que está levando milhares de idosos ao suicídio em outros países”, completou.
Ao reafirmar que votará contrariamente à proposta, o parlamentar disse que muitos dos deputados que defendem a reforma evitam falar de questões fundamentais que envolvem o tema, não fazendo o correto diagnóstico. “Estima-se que a metade do déficit da Previdência vem dos militares. Esse é o primeiro problema, e não vi ninguém tocar nele aqui. Quando se discutiu a Reforma da Previdência no passado, os militares ficaram de fora dessa discussão, e todos que vêm à tribuna não tocam nesse assunto”, lembrou.
Também ressaltou que outro ponto intocável por esses mesmos deputados é o regime dos servidores públicos. “É outro debate. Aí mexe com juízes, com promotores e com as carreiras do serviço público. Não estou aqui defendendo, estou dizendo que muitos que vêm aqui não tocam nessas questões. Por último, há o Regime Geral, que é superavitário, porque há previsão na Constituição em relação à Seguridade Social”, detalhou.
Nesse sentido, Pelegrino criticou fala de ministeriável do futuro governo que defendeu desvincular a Assistência Social da Previdência. “Todo mundo sabe que a Seguridade Social envolve Previdência, Assistência Social e Saúde. Quando sinaliza para isso, significa que ele quer pegar o dinheiro que o constituinte de 1988 destinou para o Regime Geral e tirar esse dinheiro para financiar a Assistência Social para criar o discurso do regime de capitalização e de privatização da Previdência Social com o regime de capitalização”, explicou o petista.
Para ele, seria uma tentativa de implantar no Brasil o modelo chileno, que privatizou a Previdência daquele país, desassistindo o trabalhador e promovendo uma onda de suicídios entre idosos – muitos deles aposentados com 40% do salário mínimo da previdência de lá. “Então, não dá para jogar a conta nas costas dos trabalhadores. Deve-se fazer a reforma tributária e mexer na dívida pública, e não jogar nas costas do trabalhador brasileiro, dos aposentados e dos pensionistas um ajuste que os trabalhadores não darão conta”.
PT na Câmara