Durante sessão solene em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, nesta quarta-feira (8), as deputadas do PT Carol Dartora (PR), Erika Kokay (DF), Reginete Bispo (RS) e Juliana Cardoso (SP) lembraram que o dia é de luta por direitos, igualdade e justiça para todas as mulheres. As parlamentares ainda frisaram a importância de continuar a luta por avanços para a construção de uma sociedade mais igualitária entre homens e mulheres.
“O Dia Internacional da Mulher, celebrado a cada 8 de março, marca a luta histórica das mulheres por seus direitos, por sua vida, por sua independência e autonomia de nossos corpos. A data é também oportunidade para avaliarmos os nossos avanços sociais, econômicos e políticos em direção a uma sociedade que trate homens e mulheres de forma equânime. É isso que a luta das mulheres significa. É isso que o 8 de março significa, a luta por justiça, a luta por igualdade a luta por equidade nesse País”, afirmou a deputada Carol Dartora.
De acordo com relatório do Fórum Econômico Mundial de 2022, o mundo deve levar 132 anos para atingir a igualdade de gênero. Para Dartora é preciso investimento público a fim de diminuir essa disparidade. “Se não houver aumento significativo do investimento do poder público em ações de promoção da equidade, as mulheres e meninas brasileiras correm o risco de continuar, por mais de um século, subvalorizadas, trabalhando mais e ganhando menos, ocupando poucos espaços de poder e experimentando inúmeras formas de violência em casa e nos ambientes públicos”.
Salários das mulheres negras
Segundo a deputada Carol Dartora, um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base na Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios de 2021, mostrou que as trabalhadoras brasileiras ganham em média 77% do salário dos homens. Segundo dados da pesquisa do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da USP (Universidade de São Paulo) os 705 mil homens brancos que fazem parte do 1% mais rico do país, tem 15,3% da renda nacional, enquanto as 32,7 milhões de mulheres negras detêm apenas 14,3% da renda nacional.
Ainda, de acordo com notícia divulgada pela Folha de SP, esse 1% mais rico, possui renda média de R$ 114.944,50, enquanto a renda média de todas as mulheres negras é de R$ 1.691,00. Além de receber salários menores, a população feminina enfrenta carga de trabalho diária superior à da população masculina. Considerando o tempo dedicado aos afazeres domésticos, as mulheres continuam com a maior responsabilidade dos afazeres e ficam em média 4 horas e 54 minutos a mais que os homens só nos cuidados e nas tarefas domésticas.
“Como mulher preta, brasileira – nesse dia internacional de luta das mulheres trabalhadoras – eu digo para todas as mulheres pretas brasileiras: esse país também é nosso, esse governo é nosso. Essa Câmara de Deputados tem a responsabilidade e o dever de legislar em benefício das mulheres pretas desse país que continuam sendo a base da pirâmide social e encabeçam todos os números de violência. Esse país, essa casa legislativa têm que se responsabilizar pelas nossas vidas”, sustentou Dartora.
Para Reginete Bispo é preciso políticas públicas voltadas para as mulheres, em especial, as negras. “Nesse 8 de março queremos lembrar todas as mulheres que vieram antes de nós e que lutaram por justiça e liberdade, e lutaram contra a escravidão. Que as políticas públicas, agora com a retomada da democracia, tenham um olhar especial para as mulheres, mas especialmente para aquelas que foram negligenciadas pela história, as mulheres negras”, enfatizou.
Representação Política
Carol Dartora é a primeira mulher negra eleita pelo estado do Paraná. Para ela, essa situação “denuncia o nível da desigualdade de raça e gênero”. “Aqui na Câmara dos Deputados, apesar de um discreto aumento em relação à legislatura anterior somos somente 91 deputadas. Destas somos 29 mulheres negras. Isso significa que 82% dos mandatos dessa casa são exercidos por homens”, explicou.
Para a deputada Erika Kokay é preciso enfrentar todas as formas de violência, principalmente a violência de gênero dentro da Câmara dos Deputados, por exemplo. “Essa violência de política de gênero que nos coloca uma sub-representação feminina nesse Parlamento, aqui na Câmara somos 18%, mas somos maioria da população brasileira. Nós que lutamos pelo direito de votar, agora lutamos pelo direito de sermos votadas e termos um parlamento que construa a democracia nesse país, porque a igualdade de direitos entre homens e mulheres não é uma discussão menor, ela é estruturante para a construção de uma sociedade justa e democrática”.
Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou o dia de hoje para anunciar 25 medidas que incidem diretamente na garantia de direitos das mulheres. A deputada Juliana Cardoso (PT-SP) destacou as principais medidas anunciadas pelo Governo Federal, como a ampliação de políticas públicas que terão eixo central na autonomia financeira das mulheres vítimas de violência; a distribuição gratuita de absorventes no Sistema Único de Saúde (SUS); a relação de instituições de programas que são vinculados para combater a violência contra as mulheres.
A deputada também anunciou que protocolou projeto de lei (PL 988/2023) para que as vítimas de violência tenham acompanhamento psicossocial. “São essas ações, enxergando o orçamento e a legislação, que a gente vai conseguir combater e garantir que as mulheres não sofram tanta violência”, observa Juliana Cardoso.
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