O líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), alertou que o governo de Michel Temer abre mão de receitas em um momento de grave crise econômica para angariar votos à aprovação da Reforma da Previdência. Em entrevista coletiva na Câmara dos Deputados, o petista atacou os privilégios oferecidos a empresários e ruralistas em troca de votos pela reforma. Zarattini destacou também que existe uma perseguição ao ex-presidente Lula, referindo-se à Operação Zelotes e à suspensão das atividades do Instituto Lula.
A aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 287/2016) da Previdência impedirá que boa parte da população brasileira possa se aposentar. “Com o argumento de quebrar privilégios, o governo quer impedir que milhões possam se aposentar no Brasil”, avaliou Zarattini.
Em troca de apoio da bancada ruralista para a aprovação da PEC, Temer vai editar uma medida provisória para tratar do Funrural, com o propósito de anistiar dívidas dos agricultores de aproximadamente R$ 20 bilhões. “Em contrapartida, o governo cobra sacrifícios de milhões de brasileiros”, compara Zarattini.
O líder petista também questionou que o troca-troca inclui no pacote outra medida provisória que negocia débitos de empresas, “através de um Refis exagerado e absurdo”. Criticou também o parcelamento das dívidas dos municípios em até 200 vezes. “Isso tudo para agradar a base política que o governo precisa para aprovar a Reforma da Previdência”.
Michel Temer tem usado a maioria no Parlamento para exercer um governo “autoritário contra os interesses do povo brasileiro, atendendo em primeiro lugar aos grandes empresários e ruralistas”, disparou o líder do PT. Mesmo com os esforços que tem feito para conquistar o apoio dos parlamentares, Zarattini calcula que os governistas não têm os 308 votos necessários à aprovação da Reforma da Previdência.
Perseguição a Lula – O líder do PT aproveitou a coletiva à imprensa para criticar o tratamento dispensado ao ex-presidente Lula nos últimos meses. Para o deputado, existe um “agudizamento” de ações contra Lula. São várias medidas com caráter de perseguição ao ex-presidente, numa clara tentativa de interditar a sua possível candidatura em 2018.
O indiciamento de Lula na Operação Zelotes é um desses exemplos de perseguição, pois o ex-presidente foi indiciado na Operação por conta da Medida Provisória 471/2009, editada em seu governo. Os relatores da MP foram os parlamentares do DEM, José Carlos Aleluia e César Borges. “Foram os dois que fizeram a redação final à medida provisória, mas nisso não se fala, não se toca nesse assunto”, esclareceu o petista.
Outra perseguição ao ex-presidente foi a recente suspensão das atividades do Instituto Lula, em São Paulo. Zarattini considera um “absurdo” a decisão do juiz, que sem nenhuma solicitação do Ministério Público decretou o fechamento do Instituto, que tem caráter cultural e de preservação da memória do Governo Lula. “Nós estamos caminhando para uma ditadura. Essas decisões buscam calar aqueles que não concordam com a nova ordem de impor sacríficos para o povo brasileiro, como estamos assistindo agora”, encerrou o líder.
Carlos Leite
Foto: Gustavo Bezerra/PT na Câmara