Durante o debate sobre as relações econômicas bilaterais entre o Brasil e a Itália – um dos temas do seminário internacional promovido nesta terça-feira (5) pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, em parceria com o Grupo Parlamentar Brasil-Itália, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), presidente do Grupo e propositor do evento, fez uma profunda análise sobre os laços econômicos, culturais e ambientais que unem os dois países.
“Ao proporcionar este debate em torno de questões tão essenciais como a economia, a cultura, as questões sociais e ambientais estamos abrindo espaço para superar esse momento econômico internacional adverso”, avaliou Zarattini. Ele acredita na intensificação das relações comerciais entre os países como uma das saídas para enfrentar a deterioração da economia internacional.
O deputado lembrou ainda que a Itália é parceira estratégica do Brasil desde 2007. Atualmente, acrescentou, ela ocupa a 10ª posição entre os países que mais investem no país, com investimentos superiores a US$ 17 bilhões.
Contextualizando os momentos econômicos vividos pelos dois países, Zarattini apontou a crise econômica que teve início nos Estados Unidos com a falência do Banco Leman Brothers que, segundo ele, afetou as principais economias mundiais. O petista relatou que enquanto a Itália sentiu a retração econômica em 2012, o Brasil foi atingido pela crise em 2014.
“Por conta dessa situação, é fundamental que possamos aproveitar as proximidades de nossa formação cultural para encontrar caminhos comuns e parcerias que permitam a retomada econômica com ganhos de produtividade, desenvolvimento tecnológico e geração de emprego e renda”, defendeu o deputado.
Apesar da crise, salientou Zarattini, os italianos continuam sendo um grande parceiro comercial. Ele esclareceu que, atualmente, 1,2 mil empresas italianas atuam no Brasil. Segundo o deputado, os investimentos italianos se concentram nos setores automotivo, de telefonia, de comércio atacadista de alimentos, bancário, de fabricação de máquinas e equipamentos, empreendimentos imobiliários e turismo.
Zarattini frisou, ainda, que dados de 2012 revelam que as importações na Itália do Brasil foram de US$ 4,6 bilhões e as exportações da Itália para o Brasil atingiram US$ 6,2 bilhões. “Atingimos um intercâmbio comercial de mais de US$ 10 bilhões”, salientou o parlamentar.
Memorando – Na sua fala, Zarattini fez questão de destacar a assinatura, em 2015, do Memorando de Entendimento subscritos pelos ministros de Relações Exteriores dos dois países. No documento, há o compromisso assumido com vistas ao desenvolvimento de investimentos e fortalecimento da cooperação produtiva entre as duas Nações.
“Precisamos tirar do papel e colocar em prática com agilidade e eficiência as diretrizes definidas nesse Memorando. Especialmente, no que se refere ao Artigo 2° que busca promover investimentos e cooperação no setor de infraestrutura e logística, energia e estaleiros navais”.
Como sugestão, o presidente do grupo parlamentar defendeu articulação entre os dois governos para que as atividades propostas no último memorando, “se efetive com a organização de missões empresariais e governamentais específicas que resultem em medidas efetivas na promoção de investimentos e trocas comerciais”.
Já o deputado italiano Fabio Porta lembrou que essa parceria entre o Brasil e a Itália proporcionaram algumas conquistas. Entre elas, destacou a presença de empresa italianas que vieram para o Brasil e se firmaram, como a Telecom Italia, a Pirelli e a Salini Impregilo.
Otimista, ele disse: “Este é o momento onde o Brasil parece um trem que está quase parado, mas é o momento para subir, entrar nesse trem porque, daqui a pouco, esse trem vai retomar a própria corrida e tenho certeza que a Itália, os italianos, estarão no primeiro vagão deste belíssimo trem”, previu o deputando italiano se valendo da fala do presidente da Câmara de Comércio Italo-Brasileira, Edoardo Pallastri em encontro com um conjunto de empresários.
MPE – Em sua exposição, o presidente da Subcomissão da Micro e Pequena Empresa da Câmara, deputado Helder Salomão (PT-ES) salientou o papel dos pequenos negócios e do cooperativismo como peças estratégicas na relação econômica entre os dois países. “São estratégicos para colocar na cooperação Brasil-Itália esse segmento da nossa economia que está em ascensão e que é muito forte na Itália, que são as micro e pequenas empresas e também o cooperativismo”, lembrou o deputado.
Para Helder Salomão, mesmo em momento de crise esses segmentos “têm uma importância estratégica para nossa economia e tenho certeza da importância muito grande para expandirmos as relações bilaterais entre Brasil e Itália”.
Benildes Rodrigues
Foto: Gustavo Bezerra/PTNACÂMARA