Votação expõe fragilidade política de Temer e fortalece oposição

Com um placar de 264 votos favoráveis ao governo e 227 contrários, o presidente ilegítimo Michel Temer alcançou uma vitória matemática, mas saiu politicamente derrotado nesta quarta-feira (2). Tal resultado compromete qualquer intenção futura de aprovar temas contrários aos interesses da população, como a Reforma da Previdência. Essa é a avaliação do líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), e do líder da Minoria na Casa, deputado José Guimarães (PT-CE).

“Temos agora um governo mais fraco, com uma oposição muito mais forte, o que vai trazer mais resistência à aprovação de matérias impopulares. O governo perdeu a força e terá muito mais dificuldade de articulação”, afirmou Zarattini. “É uma vitória que só sinaliza instabilidade. É uma ‘vitória de Pirro’, porque o governo esperava mais de 300 votos e não alcançou 270. Nem quórum para a votação de mateiras constitucionais terá mais”, analisou Guimarães.

No total, votaram 492 dos 513 deputados. Além dos 264 votos favoráveis ao relatório que pedia o arquivamento da denúncia contra Michel Temer por corrupção passiva e dos 227 votos contrários, ocorreram duas abstenções e 19 ausências. Com base no regimento da Câmara, o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) não votou. Com isso, o presidente ilegítimo se livrou de ser investigado pela primeira denúncia formulada pela Procuradoria-Geral da República.

“Certamente, virá outra, e estaremos mais fortes para enfrentá-la e para resistir aos demais temas que o governo quer impor, como a entrega do setor elétrico, a venda da Petrobras e a comercialização de terras para estrangeiros”, completou Carlos Zarattini. “Com esse resultado, a Reforma da Previdência está enterrada, pois essa votação expôs de forma dramática a falta de votos que o governo tem aqui na Câmara”, reiterou Guimarães.

Os dois líderes avaliaram que a derrota política do governo se deveu à capacidade de articulação da oposição, sobretudo nos dias que antecederam à votação desta quarta-feira. Para Zarattini, a oposição “conseguiu provocar uma dissidência na base do governo, com uma saída de boa parte dos seus deputados, principalmente do PSDB, que praticamente rompeu com o governo”. “Foi uma vitória importante a nossa, ainda que parcial”, disse.

Segundo Guimarães, o objetivo principal a partir de agora é consolidar o bloco constituído durante esse processo entre PT, PDT, PCdoB, Rede e PSol, além de deputados de vários outros partidos. “Meu sentimento é de dever cumprido. Fizemos um bom enfrentamento, ganhamos o debate e agregamos votos de muitos parlamentares que não são dos partidos de oposição”, afirmou.

O líder da Minoria no Congresso Nacional, deputado Décio Lima (PT-SC), também avaliou que a oposição saiu desse processo mais fortalecida e unida. “Não pensem que saímos enfraquecidos, muito pelo contrário”, pontuou. “O arquivamento da denúncia contra Temer só tonifica ainda mais a nossa indignação para continuarmos lutando pelo Brasil. Aqueles que lutam por uma causa lutam por uma vida toda. Não desistem diante de adversidades de qualquer batalha”, ressaltou.

PT na Câmara

Foto: Antonio Augusto/CD

 

 

 

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