A CPI que investiga violência contra de jovens negros e pobres, presidida pelo deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), ouviu nesta terça-feira (23) o comando da Segurança Pública do Estado de São Paulo. Ao expor sobre os índices de violência do estado paulista, contido no relatório do Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial 2014, da presidência da República, o Secretário de Segurança de São Paulo, Alexandre Moraes reconheceu o papel do Brasil no combate ao racismo.
“O Brasil vem avançando no combate ao racismo, a qualquer tipo de preconceito e vem avançando no respeito à adversidade”, reconheceu Alexandre Moraes. Ele observou que qualquer autoridade pública precisa atacar de frente o problema da desigualdade racial, não esquecendo que esse é um problema que está arraigado na sociedade brasileira.
O secretário destacou os dados do Índice de Vulnerabilidade Juvenil (IVJ) que coloca São Paulo entre os seis estados com menor incidência de vulnerabilidade. No entanto, os dados revelam que, com exceção do Paraná, nos demais estados brasileiros, os negros, na faixa etária entre 12 a 29 anos estão mais expostos à violência se comparados aos brancos na mesma faixa etária.
O levantamento mostra também que, em se tratando de homicídios, os jovens negros são os que mais correm o risco de serem assassinados no Brasil. Em média, a chance é 2,5 vezes maior que uma pessoa branca.
Em São Paulo, segundo relato do secretário de Segurança Pública paulista, o risco de o jovem negro ser assassinado é de 1,5% maior.
Segundo ele, enquanto a população jovem e branca vítima de homicídio atinge 20,7%, na juventude negra esse número sobe para 30,9%.
O deputado Reginaldo Lopes reconheceu a importância da baixa taxa de vulnerabilidade verificada no estado paulista. Entretanto, classificou de “gritante” o índice de 30,9% de mortalidade dos jovens negros e pobres daquele estado. “A taxa nacional é de 60%. Esse número registrado em São Paulo é a metade do verificado no país. Isso reforça a necessidade de um Plano Nacional de Segurança Pública e um pacto de enfrentamento a homicídios que deve levar em consideração o território, idade, gênero e raça”, disse o deputado petista.
Participaram da audiência pública os deputados do PT Paulo Teixeira (PT), Luiz Couto (PT), Paulão (AL) e a deputada Erika Kokay (DF).
Benildes Rodrigues
Foto: Salu Parente
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