Em Santo Amaro, no Recôncavo baiano, um encontro inusitado reuniu o deputado federal Valmir Assunção (PT-BA) e um dos ícones do movimento tropicalista, o músico Caetano Veloso, no último domingo (10). Ambos trataram de reforma agrária, de alimentos saudáveis e acesso a tecnologias, além de reforçarem a luta pela retomada das políticas públicas para a produção de alimentos saudáveis, criadas nas gestões petistas. Valmir apresentou a Caetano o assentamento ‘Paulo Cunha’, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e o cantor santo-amarense quis conhecer de perto como é a vida das pessoas que lutam por acesso à terra e infraestrutura de educação, saúde e esporte e lazer. “Ele foi até um lote onde uma família possui um quintal produtivo baseado na agroecologia. No final, Caetano aproveitou e comeu uma galinha caipira”, contou Assunção.
O deputado esclareceu uma demanda cobrada pelos moradores do assentamento: o acesso à água. “Uma tubulação de água passa aqui debaixo dessa rua e não tem água no assentamento. Aprendemos a democratizar o acesso à terra, temos que ter capacidade de democratizar o acesso à água também. Já conversamos sobre isso no MST, e temos que resolver o problema do recurso natural. Essa questão significa enfrentar justamente o Estado, e não tem outro jeito. Porque as pessoas têm que ter o direito à água, para ter o direito à vida e o direito para produzir. Esse é um esforço que vamos fazer a partir de agora. Água para 170 famílias que estão assentadas aqui em ‘Paulo Cunha’”, disse Valmir ao lado de Caetano em vídeo divulgado nas redes sociais.
Contra agrotóxicos
Com palavras de ordem e trechos de músicas do MST e do artista tropicalista, Caetano Veloso agradeceu a acolhida no assentamento e falou da sua vivência em Santo Amaro. “Nasci em Santo Amaro, me criei em Santo Amaro, então eu sou daqui. Conheci uma família composta por uma santa-amarense [que agora tem onde morar]. Estive com João Paulo [dirigente nacional do MST] em Salvador e quis ver o assentamento que me disse que tinha nesta região. Meus olhos são mais de perguntas e querer aprender do que ter o que dizer ou ensinar. Quero agradecer!”, observou Caetano – que foi aplaudido pela comitiva presente. Já o dirigente do MST, João Paulo Rodrigues, citado pelo músico baiano, destacou que “cada área [assentamento e/ou acampamento] tem quem cuide da luta”.
“Quando a gente fala que é contra o agrotóxico somos contra qualquer tipo de produtos químicos em cultivos. O alimento saudável para nós passa por isso. Temos também cantigas do MST, que são a nossa marca em eventos e marchas”. Assunção lembrou que o Brasil é um dos países que mais consomem agrotóxicos do mundo. “Somente este ano, mais de 87 tipos de agrotóxicos foram liberados pelo presidente Bolsonaro. São verdadeiros venenos agrícolas que vão parar nos pratos das famílias brasileiras. Entre eles está o glifosato, já proibido na França por seu potencial cancerígeno”. Valmir, Caetano e João Paulo, além de Liu e Evanildo, dirigentes do MST no estado, caminharam pelo assentamento seguidos por assentados que cantavam e aplaudiam. A comitiva formou uma roda e cantou letras com referência à reforma agrária, além da canção de Luiz Gonzaga, ‘Xote Ecológico’.
Assessoria de Comunicação