Representantes dos funcionários dos Correios criticaram nesta quinta-feira (19) a postura pública do presidente da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), Guilherme Campos, que em várias entrevistas recentes à imprensa vem apontando o caminho da privatização para conter o déficit da empresa. As declarações aconteceram durante audiência pública conjunta das comissões de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) – presidida pelo deputado Paulão (PT-AL); de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI); Finanças e Tributação (CFT); Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (Cindra).
Durante a reunião, viabilizada por requerimento do deputado Luiz Couto (PT-PB) e de outros parlamentares, sindicalistas também criticaram a forma como a empresa tem sido conduzida atualmente. Para o presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), José Rivaldo da Silva, a sustentabilidade financeira da empresa também passa pela participação dos funcionários dos Correios na tomada de decisões.
“Quando o presidente dos Correios diz à imprensa que a empresa é inviável, e ameaça com privatização e demissão, gera insegurança aos funcionários e a seus familiares. Para nós a empresa é viável, e estamos aqui para apresentar soluções”, ressaltou.
Dentre as propostas apresentadas pelo sindicalista está a da fidelização dos serviços dos órgãos públicos aos Correios. Pela proposta, toda e qualquer postagem ou entrega de encomendas do serviço público federal, estadual ou municipal deveria ser contratada exclusivamente com os Correios.
Segundo o presidente da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect), José Gandara, a fidelização dos serviços postais dos órgãos públicos poderia acrescentar ao caixa anual da empresa R$ 40 bilhões em serviços. O déficit dos Correios atualmente é estimado em R$ 2 bilhões.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) apresentou ainda outras formas de aumentar a arrecadação da empresa.
“Estamos falando de uma empresa que represou nos últimos anos R$ 6 bilhões a título de antecipação dos lucros para a União, e que não deveria ter concedido; que também adota uma política de patrocínios que não se justifica nesse momento. Se analisarmos tudo isso, veremos que essa empresa tem saúde, porque ainda possui ativos suficientes para cobrir o dobro dos passivos junto a terceiros”, ressaltou.
Héber Carvalho
Foto: Gustavo Bezerra/PTnaCâmara