Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini afirmou em audiência pública, promovida pela Comissão Mista do Orçamento do Congresso Nacional, nesta terça-feira (26), que os ajustes que o governo realiza são “importantes e necessários para a construção de fundamentos mais sólidos para a retomada do crescimento econômico sustentável”. Ele disse ainda que o objetivo do governo é colocar a inflação num limite de 4,5% em 2016.
Nessa perspectiva, ele recomendou que o ano de 2015 seja encarado como um ano de transição importante. Ele acredita que as medidas de ajustes propostas pelo governo, tornam-se fundamentais para que o país migre para um modelo de crescimento “mais ajustado à nova realidade da economia brasileira”.
Ao discorrer sobre a política monetária e as metas inflacionárias, o presidente do Banco Central disse que dois movimentos provocam processos de ajustes de preços que elevam a taxa inflacionária: O realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais. Ou seja, a valorização do dólar em relação a outras moedas; e os ajustes dos preços administrados como os que derivam do petróleo (gasolina e gás de cozinha) e energia elétrica em relação aos preços livres (peixe, ovos, carne).
Disse ainda o ministro que os ajustes de preços desses produtos pressionam a inflação mensal no curto prazo, o que elevou o patamar da inflação no primeiro trimestre do ano passado.
“Como tenho reiterado, cabe à política monetária o dever de conter os efeitos de segunda ordem decorrentes dos ajustes de preços relativos ora em curso. É fundamental para o sucesso do nosso processo de ajustes em 2015 e para as perspectivas de iniciar um novo ciclo de crescimento sustentável mais à frente, que esse cenário de convergência se materialize como resultado da vigilância da política monetária”, afirmou Alexandre Tombini.
Ele disse ainda que o país testemunha alguns avanços. Como exemplo, ele citou que recentemente observa-se uma redução “pequena” e “contínua” nas expectativas de inflação para 2016. Segundo ele, essa perspectiva pode se confirmar para os anos 2017, 2018 e 2019.
“Certamente, esses avanços estão embasados em vários fatores, em especial, no compromisso firme da política monetária com a convergência e na eliminação de incertezas que pairavam sobre o realinhamento de preços administrados”. No entanto, o presidente do Banco Central alertou para o fato de que esses avanços no combate à inflação, ainda são insuficientes.
“Faz-se necessário manter a política monetária vigilante. Com essa postura consistente com o quadro de ajustes da política macroeconômica, conseguiremos assegurar a convergência da inflação para a meta de 4,5% em dezembro de 2016, cujos benefícios, uma vez feito isso, deverão se estender para além do próximo ano”, reiterou.
Cenário Internacional – Alexandre Tombini disse também que o cenário econômico internacional tem se expandido de forma gradual e desigual. E, segundo ele, um dos condutores dessa expansão são os Estados Unidos. Ele relatou que na Europa o nível de atividade econômica continua fraco e desigual. No entanto, ele lembrou indicadores recentes apontam para uma melhora nesse quadro.
Em relação ao Japão, o presidente do Banco Central relatou que o programa de estímulo monetário instituído por aquele país ainda não apresenta o resultado esperado, ou seja, de levar a inflação a 2%. Segundo ele, o Japão não cresceu em 2014, mas obteve uma expansão da atividade acima do esperado no primeiro trimestre deste ano.
De acordo com Tombini, a China mantém em curso seu processo de desaceleração gradual de crescimento. Já as economias emergentes, segundo ele têm apresentado perda de dinamismo.
“A economia global está em recuperação, embora desigual. Essa desigualdade nos respectivos ciclos econômicos também tem se refletido na condução das respectivas políticas monetárias”, constatou Tombini.
O debate que ocorreu nesta terça-feira, além da CMO, contou com a parceria da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle presidida pelo deputado Vicente Cândido (PT-SP) que reconheceu a contribuição do presidente Tombini no esclarecimento do tema em questão. “Ele mostrou uma expectativa positiva de retomada do crescimento econômico para o final de 2015 e ainda mais robusta para o ano que vem”, apontou o petista.
A audiência contou também com a participação das comissões de Finanças e Tributação; e de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara e pelas comissões de Assuntos Econômicos; e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado.
Benildes Rodrigues