O músico e ativista Tico Santa Cruz, vocalista da banda Detonautas Roque Clube, denunciou à Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara, nesta quarta-feira (2), as ameaças de morte que vem sofrendo e condenou a onda de ódio e intolerância que vem se ampliando pela Internet nos últimos anos e chegado às ruas.
O artista contou que desde novembro do ano passado tem recebido telefonemas anônimos em sua residência, com ameaças diretas a si a seus familiares. Os episódios foram registrados em boletim de ocorrência na Polícia Civil do Rio de Janeiro e Tico chegou a ser recebido pelo secretário de Segurança Pública do governo do estado, José Mariano Beltrame. Em Brasília, o músico foi recebido pelo secretário adjunto da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Rogério Sottili, e pelo Secretário Nacional de Juventude, Gabriel Medina.
Tico Santa Cruz destacou a necessidade de a sociedade não tratar o ambiente virtual como “uma terra sem lei” onde é possível praticar crimes impunemente. Além disso, defendeu o diálogo para que a expressão de ideias políticas não sejam respondidas com agressões. “A política se faz por meio do diálogo e não por meio da guerra, como estamos vendo hoje no ambiente digital e já está chegando ao cotidiano, ao mundo ’físico’, com confrontos e manifestações em razão de posições políticas”, alertou o músico.
“Nós vivemos num país onde todos têm o direito de manifestar suas ideias, mas com respeito. Essa liberdade nós conquistamos com muito sangue”, acrescentou Tico.
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), presidente da CDHM, afirmou que o gesto do músico é corajoso e elogiável e contribui para expor os criminosos e disseminadores do ódio ao crivo da sociedade. “Nós vamos acompanhar essa investigação, pois ela contribui para fortalecer a luta do Parlamento brasileiro contra o ódio e a intolerância”, disse Pimenta.
“Num meio – o mundo artístico – dominado no Brasil hoje pelo conservadorismo, o Tico Santa Cruz se sobressai ao defender, com muita convicção e propriedade, inúmeras pautas e bandeiras humanistas e progressistas que, historicamente, sempre tiveram os grandes expoentes da arte como bastões e porta-vozes”, ressaltou Pimenta, que determinou o encaminhamento da denúncia, através de ofícios da CDHM, a todos os órgãos competentes.
Também participaram do ato a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR), as deputadas Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Jô Moraes (PCdoB-MG) e Erika Kokay (PT-DF) e os deputados Bohn Gass (PT-RS), Marcon (PT-RS), Wadih Damous (PT-RS), Orlando Silva (PCdoB-SP), Rubens Pereira Jr. (PCdoB-MA) e Jean Wyllys (PSol-RJ).
Ainda nesta quarta, o músico também foi acompanhado por parlamentares à direção da Polícia Federal, que tem a atribuição de investigar crimes no mundo virtual.
Rogério Tomaz Jr.
Foto: Nilson Bastian