Cai por terra mais um dos frágeis pilares do governo golpista. Para chegar ao poder e para tentar se perpetuar nele, a turma do golpe usou e abusou do argumento de que era preciso barrar a “sangria” e a “gastança” de dinheiro, cortando investimento e diminuindo o papel do Estado para fazer o Brasil voltar a crescer. Falácia total. Agora, o receituário neoliberal foi desfeito por quem mais o defendeu. Nada mais, nada menos, que a própria Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) volta atrás em seu posicionamento em defesa da austeridade fiscal e reforça positivamente a política econômica posta em prática pelos governos do PT em 13 anos de governo.
A instituição acaba de botar abaixo o argumento neoliberal – base do governo golpista de Michel Temer – por meio de uma contundente recomendação de cunho keynesiano às grandes economias mundiais. Em suma, a indicação é direta: estimulem suas economias a gastar mais e a assumir mais dívidas, mesmo onde o peso da dívida já é elevado em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). A informação foi divulgada pelo jornal britânico The Independent.
O mais interessante é observar de onde parte esse alerta. Justamente de uma instituição que há poucos anos chamou para si a responsabilidade de encorajar uma postura global de austeridade através de suas advertências sobre o aumento dos níveis da dívida pública. Agora, a própria OCDE se transforma numa fervorosa partidária do estímulo fiscal. Segundo a economista-chefe da instituição, Catherine Mann, iniciativas fiscais que representam mais gastos do governo podem incentivar a atividade econômica privada, o que elevaria a taxa de crescimento global.
“A ação fiscal coletiva empreendida por todos os países, incluindo uma posição mais expansionista [dos gastos públicos] do que a prevista em muitos países da Europa, apoiaria o crescimento interno e global”, afirma a diretora da OCDE, apontando um crescimento da economia mundial em torno de 3,5% para 2018 caso a recomendação do órgão seja seguida.
Isso significa que a instabilidade política criada a partir de falsos argumentos econômicos para tirar Dilma Rousseff do poder respaldou, de fato, a realização de um golpe contra o povo brasileiro e contra a democracia. A partir dessa recomendação da OCDE, o golpe parlamentar-jurídico-midiático fica mais exposto, como também fica mais visível o golpe dentro do golpe que o governo Temer está dando nos trabalhadores e trabalhadoras desse País. Isso porque o Brasil caminha a passos largos no sentido contrário ao do crescimento e no mesmo sentido da recessão, cujas consequências recairão mais fortemente sobre a população mais pobre.
A PEC 55 e as reformas já anunciadas pelos golpistas, como a reforma previdenciária e a trabalhista, são prova maior disso. O golpista Temer optou por uma política fiscal austera, com corte de investimentos estatais em áreas estratégicas por 20 anos, o que vai paralisar a economia do País, gerando mais desemprego e diminuindo a renda dos brasileiros. Não será preciso esperar o futuro para entender o que se avizinha se essas políticas, de fato, se concretizarem.
Diferentemente do que fazem e pregam os golpistas, a ideia do investimento público como indutor do crescimento sempre foi uma bandeira do Partido dos Trabalhadores, que colocou em prática durante seus governos o receituário de que o Estado deve ser o maior incentivador da economia. Tal postura vai ao encontro do que agora recomenda a OCDE às grandes economias do mundo. “É bom lembrar que a OCDE é a segunda instituição que muda de opinião e agora defende o modelo de que é o Estado que motiva o desenvolvimento”, afirma o deputado e economista Enio Verri (PT-PR), que é professor licenciado da Universidade Estadual de Maringá.
Verri pontuou que o Fundo Monetário Mundial (FMI) também divulgou documento afirmando que os governos devem gastar mais para forçar o crescimento. “Ou seja, até o FMI, que sempre teve uma cartilha ortodoxa, e a agora a OCDE assumem uma postura que demonstra que o governo golpista está indo na contramão da história. Sempre defendemos que o Estado tem um papel determinante para o desenvolvimento econômico. Por isso, o gasto público não pode ser reduzido da maneira como o governo está fazendo. Todas as suas medidas só vão aprofundar mais e mais a crise brasileira, e os dados estão mostrando isso”, explicou o deputado.
PT na Câmara
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