Taxa de desemprego entre jovens bate novo recorde e chega a 31,4%, segundo IBGE

A taxa de desemprego entre os jovens de 18 a 24 anos bate novo recorde e fica em 31,4% no 3º trimestre de 2020, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua) divulgada na sexta-feira (27), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É mais que o dobro da taxa geral do País, que chegou a 14,6% e atinge 14,1 milhões de trabalhadores e trabalhadoras de todas as faixas etárias.

“São números que assustam e nos preocupam muito. Estamos vivendo uma segunda onda da pandemia, não temos perspectiva do fim desse círculo tão cedo, as taxas de desemprego só crescem,  a situação de pobreza no País só aumenta, as pessoas estão passando fome, na miséria, e o que vemos é um governo acovardado, que não apresenta saídas para essa crise. Os jovens são os mais afetados, precisamos cobrar do governo Bolsonaro medidas urgentes que possam tirar o Brasil dessa situação”, afirmou o deputado Leo de Brito (PT-AC).

O parlamentar destacou que a Bancada do PT no Congresso Nacional está unida lutando pela aprovação do projeto de lei (PL 1000/20) que trata do retorno do auxílio emergencial para o valor de R$ 600,00, como forma de amenizar a situação. Para ele, o governo federal precisa apresentar urgentemente um plano de retomada de empregos.

Primeiro emprego

Para o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) o governo Bolsonaro não tem apresentado políticas de incentivo ao primeiro emprego e a capacitação profissional. “O governo federal não mostra nenhum esforço para adotar políticas de incentivos ao primeiro emprego e à capacitação profissional. Abrir mão de investir no cooperativismo e no associativismo para gerar emprego, renda e ativar a econômica é não entender os sinais dos novos tempos”, criticou.

O deputado mineiro apontou que a alta do desemprego entre os jovens mostra que o País está sem rumo. “O alto desemprego entre os jovens, que precisam de renda e de experiência, preocupa e mostra que não estamos no caminho certo, como o governo quer fazer parecer”.

Foto: Luis Macedo

Segundo a pesquisa, os jovens entre 14 a 17 anos, que podem trabalhar sob condições específicas, como é o caso do menor aprendiz, a taxa de desemprego do trimestre de julho a setembro foi maior ainda (44,2%). Já entre os trabalhadores e trabalhadoras entre 25 a 39 anos, a taxa ficou em 14,2%.

Na avaliação da deputada Natália Bonavides (PT-RN), o desemprego entre os jovens é uma situação dramática, que se arrasta desde o golpe de 2016, com o desmonte das políticas publicas do Estado para a juventude. “Isso piora mais ainda com a pandemia e com um presidente que não se importa com a classe trabalhadora. A garantia de direitos e de oportunidades para a juventude do País passa necessariamente pela derrota desse projeto antipovo, que é de Temer, de Bolsonaro e da direita que defende que as pessoas escolham entre emprego e direitos”, enfatizou.

Foto: Agência Câmara

Trabalho Precário

Os jovens trabalham em ocupações bastante precárias, e são as mais atingidas em épocas de crise econômica, especialmente esta que foi aprofundada pela pandemia do novo coronavírus. Isso porque é mais fácil eliminar essas ocupações e também porque, nesses casos, há menos apoio das políticas públicas para manter esses trabalhadores numa crise, avalia a técnica da subseção do Dieese da CUT, Adriana Marcolino.

“Além disso, num cenário de crise, muitos mais jovens que não estavam no mercado de trabalho acabam saindo para procurar emprego para ajudar no orçamento das famílias, contribuindo assim para o aumento dos índices de desemprego”, explicou Adriana.

Estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) afirma que a pandemia vai representar para juventude uma geração perdida. Os que estão entrando no mercado de trabalho vão entrar numa condição ruim, além de estarem fora da escola, sem estudos. “É um segmento da população atingindo de forma bastante contundente pela crise”, diz a técnica do Dieese.

Minoria no mercado de trabalho

Apesar das taxas de desocupação de jovens serem maiores, eles são minoria no mercado de trabalho, o conjunto das pessoas que compõem a força de trabalho, ocupadas ou desocupadas.

A população na força de trabalho no terceiro trimestre deste ano foi de 96,5 milhões de pessoas – queda de 9,2% (menos 9,8 milhões de pessoas) em relação ao mesmo trimestre de 2019.

De acordo com a Pnad, a população desempregada (14,1 milhões de pessoas) subiu 10,2% (mais 1,3 milhão de pessoas) no terceiro trimestre em relação ao 2ª trimestre (12,8 milhões). Já a população ocupada (82,5 milhões) chegou ao patamar mais baixo da série histórica e caiu 1,1% (menos 880 mil) frente ao trimestre anterior e 12,1% (menos 11,3 milhões) frente ao mesmo trimestre de 2019.

O problema da inclusão de jovens no mercado de trabalho vem aumentando desde o golpe de 2016, com a extinção de políticas públicas que estimulavam os jovens a permanecer mais tempo na escola, buscando maior qualificação para o ingresso no mercado de trabalho.

Para reverter esse cenário, segundo Adriana, a alternativa é o Brasil voltar a crescer “porque só o desenvolvimento econômico sustentável é capaz de gerar emprego e renda”.

 

Lorena Vale com CUT

 

 

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