Informações sobre os bastidores da operação Lava Jato, inclusive relacionadas a esquemas de pagamento de propina em troca de melhorias em delações premiadas negociadas em Curitiba. Esse é o tema principal de depoimento do ex-consultor Rodrigo Tacla Durán, que realizou serviços como advogado da Odebrecht, em audiência pública que será promovida nesta-terça-feira (5), às 10h, pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias. O advogado, que vive na Espanha, falará por meio de videoconferência.
“Ele possui diversas informações relevantes sobre a Operação Lava Jato e, por isso, deve ser ouvido nas instâncias adequadas e responsáveis pelo processo. Porém, por causa de diversas negativas injustificadas, teve violado o direito ao devido processo legal, além da garantia ao contraditório e da ampla defesa”, disse o deputado Wadih Lula Damous (PT-RJ), autor do requerimento para a Comissão ouvir o advogado em audiência pública.
Tacla Durán também foi arrolado como testemunha de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula Da Silva por seus advogados, mas os pedidos têm sido negados pelo juiz Sérgio Moro. A defesa do ex-presidente Lula solicitou que Durán prestasse depoimento no âmbito do incidente de falsidade de documentos por parte da Odebrecht, no contexto da Lava Jato.
Para o líder do PT na Câmara, Paulo Lula Pimenta (RS), trata-se de mais um absurdo autoritarismo de Moro contra Lula. “É um processo extremamente importante para o País, pois envolve um ex-presidente da República que lidera todas as pesquisas para a Presidência da República e foi condenado como preso político, pois não há nenhuma prova nos processos que justifiquem sua condenação”.
Histórico – Em dois depoimentos, um à CPI da JBS e outro à defesa do ex-presidente Lula, Rodrigo Tacla Durán mostrou documentos que não conferem com os que teriam sido obtidos no sistema eletrônico de contabilidade da Odebrecht. Portanto, colocou em xeque a veracidade de provas apresentadas pela Odebrecht a partir dos sistemas Drousys e MyWebDay – largamente utilizados pela Lava Jato.
Essa diferença pode indicar que houve alteração nos documentos. Tacla Durán submeteu esses documentos à uma perícia na Espanha, onde mora, e a autenticidade foi atestada. Mas uma perícia não foi feita pela Polícia Federal no Brasil.
Há evidências de que Moro não quer ouvir Durán porque o advogado denunciou à imprensa um suposto esquema de pagamento de propina em troca de melhorias em delações premiadas negociadas em Curitiba.
Padrinho de Moro – Durán afirmou que um amigo e padrinho de casamento do juiz, o advogado Carlos Zucolotto (ex-sócio de Rosângela Wolff Moro, esposa de Moro) teria cobrado mais de 5 milhões de dólares “por fora” para “melhorar” o acordo de delação de Durán com os procuradores da Lava Jato liderados por Deltan Dallagnol. Durán detalha uma série de irregularidades que envolvem procedimentos adotados por procuradores, juízes, empresas e delatores na chamada operação Lava Jato.
Em novembro de 2016 Durán teve a prisão preventiva decretada pelo juiz federal Sérgio Moro, foi preso na Espanha, mas libertado porque tem dupla cidadania, o que impediu a extradição.
Há seis meses, os deputados Paulo Pimenta (RS), Wadih Damous e Paulo Lula Teixeira (PT-SP) cobraram da Procuradoria-Geral da República (PGR) investigação das denúncias feitas por Tacla Durán contra a operação Lava Jato. As denúncias de Durán são baseadas em farta documentação que coloca em xeque não apenas a totalidade das delações dos executivos da Odebrecht no âmbito da operação, mas também de todas as denúncias construídas a partir dessas delações e de outros dados coletados a partir de sistemas de informações da empreiteira. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, prometeu tomar providências, mas até agora, nenhuma explicação foi dada.
A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados é presidida pelo deputado Luiz Lula Couto (PT-PB).
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