A Comissão de Direitos Humanos e Minorias aprovou nesta quarta-feira (2), requerimento da deputada Erika Kokay (PT-DF) para realização de audiência pública com objetivo de discutir os resultados da pesquisa do Ipea sobre tolerância social à violência contra as mulheres no Brasil.
O estudo mostrou que 65% dos entrevistados concordam com a afirmação nada sutil de que “mulheres que usam roupa que mostram o corpo merecem ser atacadas”, dentre outros apontamentos.
Erika disse que o resultado é preocupante, pois indica que a maioria da população busca justificar a violência sofrida pela mulher. “Ao justificá-la, se contribui para a sua naturalização. A culpa é um profundo instrumento de dominação. Velha estratégia de transformar as vítimas em réus, que foi utilizada nos piores momentos da nossa história. A culpa destrói a autoestima. Sem a autoestima, nós perdemos a condição de sujeitos, perdemos a nossa humanidade. A violência contra as mulheres deveria provocar profunda indignação, porque é expressão nítida de desumanização”, afirmou.
A deputada também disse que o resultado da pesquisa desnuda as estruturas sexistas e machistas da nossa sociedade, que os dados já apontam: estima-se que haja, anualmente, 527 mil tentativas ou casos de estupros consumados no país, e apenas 10% desses casos chegam ao conhecimento da polícia. 88,5% das vítimas são do sexo feminino e 70% são crianças ou adolescentes. 95% dos agressores são homens e 56% são pais, padrastos, amigos ou conhecidos das vítimas. São dados do estudo Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde.
Erika elogiou a campanha, Eu não mereço ser estuprada e destacou que devemos construir o protagonismo feminino no enfrentamento à opressão. “Nós mulheres não somos responsáveis pela violência que sofremos, mas estaremos juntas para enfrentá-la. Devemos nos colocar como construtoras da nossa própria libertação”, disse.
Assessoria Parlamentar